22 setembro 2008

NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos. (Isaías 55: 8)



........................Flutuar
......................No etéreo
........Movimento contínuo de asas
..............Exaltar teus sentidos
.....................CORPORAIS.

.....................Pensamentos
..................Transcendentes
.......Que consolam e fazem sonhar
...............Tal cantiga de ninar
.......................APAZÍGUA.


........................Mergulho
.................... ..No infinito
.........Do imaginário céu das idéias
.............Ilusões, contos d’além
........................IRREAIS.


........................A imagem
.......................Do Sagrado
........Imperfeita, porque és humano
...............O imortal é sem formas
......................IMPENSÁVEL.


.......................Impossível
......................O outro lado
......Da essência e linguagem dos anjos
..................És carnal e és barro
.......................ATERRISAS.



.....................Por: Levi B. Santos

13 setembro 2008

A COMÉDIA DOS PODERES À BRASILEIRA



A panacéia de comicidades que acontece entre os poderes da República do nosso país, nos faz lembrar de fatos ocorridos há duzentos anos, por ocasião da chegada de Dom João VI e sua “troupe” ao Rio de Janeiro. Naquela época deu-se o início da interminável comédia que dura até hoje, no grande teatro chamado Brasil. Aliás, é no presente momento, que com outros coadjuvantes, ela atinge o seu auge de “ópera bufa”. Somos os súditos remanescentes daquele tempo de colônia, cuja maioria dos nativos assistia a tudo sem entender nada. Há dois séculos, os habitantes das terras de Santa Cruz foram obrigados a ver passivamente a degradação dos costumes trazida por uma rainha louca, um rei medroso e uma corte corrupta.

O livro 1808 (lançado em 2007), de Laurentino Gomes, traz um retrato fiel do que foi aquela época, em que os nossos primeiros atores vindos do além-mar deram início a essa trágica-comédia, que hoje, com ingredientes mais picantes, tempera o caldo de nossa triste herança cultural. Dois versos popularmente conhecidos, da era imperial, que faz parte desse denso e significante livro, traduzem mui apropriadamente o sentimento daquele tempo, que não é diferente do de hoje. Vejamos:


Quem furta pouco é ladrão
Quem furta muito é Barão
Quem mais furta e esconde
Passa de Barão a Visconde.

Furta Azevedo no Paço
Targini rouba no erário
E o povo aflito carrega
Pesada cruz ao calvário.



Um capítulo recente dessa comédia foi comentado exaustivamente através dos meios globalizados de comunicação (Rádio, TV, Jornais, e Internet), sendo também motivo de piadas, risos, medos e indignação. Entre outros, este episódio recente, sem sombra de dúvida, ficará registrado na história rizível desse gigante e eternamente adormecido país. Não sei, mas o negócio é tão absurdo, que fica até difícil descrever a hilariante barafunda em que se atolaram os nossos principais atores dos poderes veneráveis da República, quando da prisão cinematográfica do megainvestidor Dantas pela Polícia Federal.
Do que foi veiculado pela imprensa, naquilo que bem poderia ser chamado de a versão brasileira da “Comédia dos erros” de Shakespeare, extraí esta emblemática e chamativa manchete: “O Presidente anunciou que a Polícia Federal vai investigar a ABIN (agência brasileira de inteligência), que colaborou nos grampos telefônicos a pedido da polícia Federal, que agora vai tentar prender os arapongas da ABIN, que fizeram um grampo contra o ministro do STF, que mandou soltar o grampeado Dantas, que a Polícia Federal mandou prender.” De todo esse desvario de incongruências, na gíria popular, dir-se-ia que a cobra mordeu o próprio rabo.
Escrevendo sobre a Polícia de Dom João VI no seu livro "1808", Laurentino Gomes fala do advogado Viana, o mais influente auxiliar do príncipe regente, o qual recebeu a incumbência de por ordem no caos colonial reinante. Foi justamente em 1816 que Viana criou com a aquiescência do manda-chuva da nação, aquilo que seria o embrião da nossa ABIN. A partir daquele ano, um serviço de espionagem estava montado para bisbilhotar a vida dos habitantes dos bairros do Rio de Janeiro. No dizer do autor, “os agentes de Viana eram implacáveis e truculentos”.
O recente imbróglio dos “grampos” que provocou alvoroço entre o Presidente, o STF, a Polícia Federal, a ABIN e o Senado, se tornou o melhor presente que se poderia oferecer ao povão na comemoração dos duzentos anos do Império e sua Polícia. Dessa maneira, as altas personalidades dos três poderes (Judiciário, Legislativo e Executivo) protagonizaram na pós-modernidade, a melhor e mais hilariante cena da longa comédia iniciada nos tempos de Dom João VI.
Razão teve William Shakespeare quando falou: “Só se conhece um homem de verdade no exercício do Poder”. Parece que os homens que ambicionam os mais altos degraus das altas instituições de uma nação, não resistem ao fascínio de lutar bravamente pelos papeis principais dessa grande “telenovela” que é a comédia da vida política de uma nação, a ponto de cegar para o ridículo dos atos que representam no seu dia-a-dia.
Os súditos de hoje, de tão acostumados já não se indignam mais. Pelo contrário, riem e aplaudem calorosamente os seus inescrupulosos e carismáticos personagens.
Salve o atual Príncipe e sua “troupe”!!!
Até o próximo ATO dessa comédia interminável chamada Brasil.



Ensaio por: Levi B. Santos
Guarabira, 13 de Setembro de 2008

03 setembro 2008

EXCESSOS NA PROPAGANDA ELEITORAL



Atinge as raias do absurdo, o que vemos no interior de nossas cidades durante os sessenta dias que antecedem as eleições. Nem parece que vivemos na era de ouro da comunicação, onde tudo que é de informação chega as nossas casas, através da TV, da internet, do rádio e dos jornais. Época de propaganda eleitoral se tornou sinônimo de conturbação, confusão no trânsito, desrespeito ao cidadão, que não sossega um minuto sequer, sem que seja molestado por uma barulheira ensurdecedora de provocar distúrbios auditivos tanto em crianças como
em idosos. Não há o mínimo de respeito ao silêncio no “horário nobre”, no interior das residências. E o que dizer dos engarrafamentos monstruosos que os carros de propaganda e passeatas provocam nos dias de feira, perturbando o ir e vir dos pais e mães de famílias, que cumprem a obrigação semanal na compra de produtos para a sua sobrevivência.

São os próprios candidatos e partidos que, numa atitude insana, decidem como, e o que veicular para chamar atenção do eleitor. Se não respeitam o mais simples código de convivência; se não entendem que estão ferindo o direito do outro, como irão se comportar esses candidatos quando estiverem com o poder nas mãos?

O STF recentemente se pronunciou sobre a propaganda eleitoral de forma até certo ponto sutil, dando um basta nos shows-comícios que torravam uma parcela considerável dos nossos suados impostos. Agora há pouco um Juiz Pernambucano proibiu carreatas em sua cidade. Quando aqueles que se arvoram em reger os destinos de um povo, sem nenhuma parcimônia, desrespeitam a tranqüilidade de uma cidade, só resta a Justiça se pronunciar de forma dura.

Não há mais razões para tantos excessos, distorções e abusos praticados nas ruas em nome de uma insensata propaganda eleitoral. Se em cada recanto, em cada casa, a mais longínqua que seja, existe um rádio ou um televisor para transmissão das idéias (se é que existem) dos candidatos, não há como tolerar a baixeza e a infantilidade gritada aos quatro cantos das cidades, em serviços de alto-falantes ajustados ao máximo de sua potência.

Comícios, carreatas e passeatas são modelos de campanhas que, de tão desgastados e ultrapassados, não deviam fazer parte do cardápio político atual. Nos tempos antigos essas formas de propaganda política tinham sua razão de ser, pois o cidadão não dispunha dos modernos meios de comunicação que se tem hoje.

A letargia e a inércia mental contaminam a muitos nessa época de alvoroço e intranqüilidade. Tudo é feito de uma maneira escancarada e vergonhosa, como se os eleitores fossem meros receptáculos para deposição de idéias estapafúrdias com rótulos de “política saudável”. Alguns mais afoitos chegam até usar o nome de Deus em suas artimanhas eleitorais. Outros picham frases esdrúxulas e sem sentido nos muros e paredes residenciais num verdadeiro atentado às regras gramaticais mais simples de nossa língua. Desse modo o país vai vivendo o paradoxo de ter um sistema de votação eletrônico exemplar, ao lado de um modelo obsoleto de campanha eleitoral que nada esclarece. Antes, ludibria e confunde a cabeça do humilde eleitor.



.......................Texto de: Levi Bronzeado dos Santos

.......(Reproduzido no Jornal Correio da Paraiba de 02/09/2008)

.......................Guarabira, 03 de Setembro de 2008