13 dezembro 2008

O NATAL ARTIFICIAL DE SEMPRE




É Dezembro, aproxima-se a festa magna da cristandade. Aqui em minha cidade de pouco mais de sessenta mil habitantes, o barulho ensurdecedor dos apelos comerciais natalinos invade sem pedir licença os nossos lares. A cidade normalmente calma e pacata transforma-se em um verdadeiro caos. Alto falantes despejam seus decibéis em excesso, afetando os nossos tímpanos. Camelôs gritando a plenos pulmões oferecem as suas bugigangas eletrônicas ao som de batidas de sinos e músicas natalinas em ritmo de axé. Farmácias superlotadas de pessoas a comprar tranqüilizantes e analgésicos para sanar as suas insônias e dores de cabeça. Clínicas e Hospitais a receber pessoas com pressão alta e crises nervosas. Lojas e supermercados com filas enormes de mulheres, velhos, rapazes e moças com as mãos abarrotadas de compras. Muitos enfrentando um calor insuportável, com as faces a espelhar ansiedade, não atentam para o sacrifício inútil do consumismo irrefreável de que são vítimas. Outros aparentemente satisfeitos desfilam por corredores carregando as apetitosas guloseimas para as suas tradicionais ceias de Natal.

O Natal de Cristo foi enfim transformado na principal mola propulsora de vendas do comércio, em consonância com a música de fim de ano, enfadonhamente cantada, cujo final da estrofe diz: “muito dinheiro no bolso. Saúde p’ra dar e vender”.

O espírito artificial natalino se faz a cada ano mais presente no coração do povo. Pelas emissoras ecoam os gastos jargões ditos e repetidos, na voz pausada, impostada e fingidamente solene dos locutores: “A associação dos lojistas agradece aos compradores e deseja-lhes um feliz natal e um próspero ano novo”.

O termômetro para medir esta espiritualidade, são as vendas estratosféricas realizadas pelo comércio. No final dizem: “o natal desse ano foi melhor que o do ano passado, pois vendemos 15% a mais”. É quase impossível resistir ao marketing das “ofertas” de produtos natalinos. Muitos contraem dívidas e mais dívidas, iludindo-se com os parcelamentos oferecidos com juros embutidos que vão corroer os seus parcos salários pelos próximos 12 meses. E ainda dizem: “valeu o sacrifício”, como se estivessem rememorando o autêntico natal de Cristo.

O pressuposto da mentalidade ocidental de que tudo que se produz deve ser consumido, característica de nossa cultura, encontra nessa data o seu apogeu. Dessa forma, a consciência mercantilista, a cada ano, vem impulsionando milhões de crianças, jovens e adultos a ouvir a mesma ladainha, de que devem adquirir passivamente tudo que é oferecido, a fim de comemorar "dignamente" o Natal de Cristo.

O deus “Mamon” do comércio agradece o aparecimento do Messias de dois mil e anos atrás, fazendo votos de um próximo natal ainda melhor.

Que paradoxo! Cristo veio trazer a Paz, e o povo escolheu esse “frenesi” caótico do TER, que se prolonga por todo o mês, culminando no dia magno da cristandade. As Boas Novas de paz para os homens, nessa época, vem sendo substituída por um espetáculo consumista e hedonista, que por instantes, encantam os olhos e entorpecem os corações. Quem quiser saber as conseqüências nefastas desse Natal Artificial que visite os hospitais após os festejos. Lá encontrará quase todos os leitos tomados pelos que se excederam nas comemorações. Não foi à toa, que um estudo recente do Hospital de Boston nos EUA revelou que os casos de infarto de miocárdio chegam a aumentar em quatro vezes, na época do Natal.

É nos dias que antecedem a esta festa, que a tranqüilidade vai às favas. As ruas são transformadas em um caldeirão fervente de balbúrdia e correrias sem sentido. As nossas cidades, nessa época, não diferem muito da atual Belém da Judéia, cujas ruas e vielas ficam tomadas por um formigueiro de gente de todas as nacionalidades, que ali vai adorar mais ao deus “Mamon”, que ao Deus Cristão.

O verdadeiro Natal, quem sabe, talvez esteja acontecendo longe das mesas repletas de guloseimas e vinhos. Lá, distante do burburinho da cidade engalanada, sem os efêmeros atrativos natalinos, talvez exista um casal pobre em andrajos necessitando de socorro. Talvez exista um pobre marido com um saco às costas, a segurar as mãos de sua esposa grávida em dores de parto, repetindo a odisséia de Maria e seu esposo José, os quais, não encontraram estalagem em sua própria cidade, tendo que se acomodarem em uma humilde e suja cocheira, com animais como bois e jumentos a servir de companhia.

Mas enfim, que Natal é este, que os da cidade coloridamente iluminada comemoram? Na certa, comemoram a maior festa profana da antiga Roma, em homenagem ao Deus "Sol", que originalmente ocorria no dia 25 de dezembro.

Até quando, vamos ficar subjugados a uma comemoração, que serve mais aos apelos comerciais e carnais do que aos espirituais?

As “Boas Novas” que o anjo anunciou com o advento de Cristo, se forem bem entendidas, devem ser vividas diuturnamente, e não apenas numa data inventada unicamente para usufruto do mundo pagão.




Ensaio por Levi B. Santos
Guarabira, 13 de Dezembro de 2008

6 comentários:

tubalcain disse...

SHALON ADONAI! NATAL HEREDITÁRIO, as comemorações do dia de Nata(24 e25 de dezembro), representa a convulsao de um povo, cujas raízes religiosas são católicas. esses primos ctólicos conseguiram divorciar-se da Bíblia e assim fazer comemorções pagãs, ao logno dos tempos vem se refinando a "ceia de natal", uma mesa farta e rica mãos não serve de bênçãos diante da margem numérica de Lázaros que precisam de nós. Mesmo assim o natal vai continuar uma comemoração pagã, pois não existe o nascimento de Jesus associado a essa comemoração. ainda tmos um fantasma de papai Noel, figura repugnante conservados pelas gerações de católicos romanos e que aida querem que as crianças cresçam tendo fé nestas farsas corporativas da idde média.Eu não vivo para esse tempo, entetanto devo me comportar como um cristão renovado pelas promessas de um Cristo real e fora de época. MARANATHA.

Anônimo disse...

Graça e Paz! Levi!

Este texto mostra com fidelidade o Natal comemorado pela cristandade que é puramente comercial, pagão e artificial em que o seu principal personagem Jesus é relegado a condição de coadjuvante. Nós devemos anunciar que Jesus Cristo como o único caminho, verdade e vida para os que o seguem verdadeiramente não só no natal mais todos os dias.

Anônimo disse...

A PAZ AMADO IRMÃO EM CRISTO INFELIZMENTE NO NATAL SÓ SE CELEBRAM PRESENTES, DINHEIRO E COISAS AFINS... TEMOS QUE VALORIZAR JESUS EM NOSSAS VIDAS... ELE é O CENTRO DE TUDO!!!VISITA MEU BLOG www.igrejadagracadegarca.blogspot.com

fransciscosolangefonseca.blogspot.com disse...

O natal está perdendo o sentido do espirito de fraternidade cristã, tornando-se meramente comercial

Arivanio disse...

È o tempo das festas dos amigos invisiveis. Como ver os invisiveis, se não vemos os visiveis!

Arivanio disse...

È o tempo das festas dos amigos invisiveis. Como ver os invisiveis, se não vemos os visiveis!