25 abril 2009

A CARNE É FRACA




Nas inquietações e amarguras da vida, intercaladas por instantes de alegrias, tento me manter sóbrio e lúcido, tateando com a débil e ilusória luz do intelecto, o comando do meu próprio destino.


Às vezes tento uma saída desesperada para além dos meus limites. Tudo não passa de um esforço em vão. No meu sufocante delírio, busco desvendar o mistério da vida e da morte. E o que recolho? Recolho apenas as migalhas dos anseios da minha carne transitória.


Tento ir mais além, querendo suplantar o espaço e o tempo. E o que vejo: só miragens. Cada vez que forcejo para sondar o invisível, afundo ainda mais os pés na lama de minha própria ignorância.


Só posso dizer para minhas entranhas estremecidas: “Alma débil! Coração ingênuo, acalma-te, sujeita-te a pequenez do teu pobre e insensato universo. És criatura frágil vinda do barro em que pisas. De que vale golpeares o caos na marcha para o futuro, se arrancas somente sonhos e quimeras, que não passam de efêmeras centelhas de um cérebro incapaz”.


Posso ser livre? Em minha marcha, como posso seguir os ditames do meu pensamento, se ouço dentro do peito um grito? ─ “Por que te empenhas em seguir o Invisível através do desvario de teus próprios sentimentos?” “Chegarás sim, ao lugar de onde partiste, se reconheceres que nada és”.


Não tenho outro caminho. Meu primeiro dever é Te aceitar sem revolta. É reconhecer os limites de minha mente. É trabalhar sol a sol sem protestos e sem desfalecimentos. É viver constantemente desconstruindo-me e reconstruindo-me , em meio ao caos agitado da vida.


Então, para não vacilar e cair, ergo estacas, crio fortalezas, planto ervas para que elas possam mais tarde saciar as minhas graves necessidades. Contenho-me, pois na minha mente, só posso apreender o que a minha visão capta: a fumaça das aparências que escondem a Tua essência.


Mas dessa lama humana, algo me diz que pode jorrar canções divinas, superior a todos os meus propósitos de desvendar com a razão, os mistérios insondáveis que permeiam a minha alma. Reconheço que sou pusilânime, mesquinho e insignificante, mas algo me impele a prosseguir nessa marcha, combatendo dentro da pequena arena acanhada do meu coração. O que me anima, é ter a certeza de que um Deus em um corpo carnal como o meu, fez uma marcha em sentido inverso, descendo de seu trono para me trazer esperança e Paz, em meio ao caos de um mundo injusto e cruel. Esse Deus que encarnou em seu Filho, para me dizer: “[...] o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Marcos 14 : 38)



Ensaio por Levi B. Santos
Guarabira, 25 de abril de 2009







4 comentários:

yehudith Zeituni disse...

Caro amigo Levi,
Bonita reflexão e que gratificante conclusão! Ter um D-us que "fez uma marcha em sentido inverso" para valorizar o meu nada e me fazer vencedor, é muito mais do que podíamos esperar...Esse D-us conhece a fragilidade de nossa carne, e por isso, deu-nos um espírito que está sempre pronto. Que maravilha!

Shalom! Shalom!

Yehudith

Anônimo disse...

Paz do Senhor!

Belo ensaio!

Deus abençoe!

João Paulo Fernandes disse...

Estou sentindo falta de seus comentários lá no blog. Grande abraço!

Levi B. Santos disse...

Cara Yehudith

Seus comentários são sempre bem vindos. Se possível, faça a divulgação dos textos do "Ensaios & Prosas" entre os nossos irmãos Judeus (filhos do mesmo Pai).

Saudações fraternais

Levi B. Santos




Prezada Vanessa


Agradeço mais uma vez a sua visita. Você já tem cadeira cativa aqui no "Ensaios & Prosas".

Estou aguardando os novos textos que, com certeza, você estará postando nos próximos dias em seu blog.

Paz e Graça,

Levi B.Santos




Prezado irmão e amigo João Paulo.

Estarei, logo mais, dando uma passada pelo seu blog, para conferir as suas últimas postagens.

Abçs,
Levi B. Santos