09 maio 2009

DIA DAS MÃES ─ “ELA SÓ QUER OUVIR A TUA VOZ”.






Logo na noite que antecede o dia das mães, meu carro dá o prego. Lá estão na mala, objetos bem acondicionados em embalagens coloridas com laços de fita, que não chegarão às mãos de minha mãe na data escolhida para ela.

Na manhã de domingo, dia das mães, com certeza, a casa, amanhecerá toda em desalinho, tudo fora do lugar, provocado pela balbúrdia da véspera. Mas, por incrível que pareça, estou a experimentar um fio de silêncio, no alvorecer desse dia, só quebrado pelo tilintar de pratos sendo lavados na pia da cozinha, e pelo cantar dos pardais em bando pelo quintal. È neste clima que me arvoro a escrever sobre MÃE. Como diz o adágio popular: “todo mal na vida traz um bem” ─ o incidente do carro me inspirou este ensaio.

Dia das mães, em conseqüência, também é o dia dos filhos. Dia em que eles perguntam para si mesmos: “Este ano, o que eu vou dar para ela?”.

Ainda bem, que este dia não é comemorado na véspera. Dia este, em que o corre-corre louco das pessoas a se baterem umas nas outras, suadas e angustiadas, nos traz mais transtornos que paz de espírito. Na dúvida sobre o que a mãe vai TER no seu dia, enfrentamos engarrafamentos fenomenais, até batidas de automóveis, tudo isto acompanhado por um barulho ensurdecedor dos alto falantes a misturar aquelas emotivas e velhas canções aos apelos comerciais insistentes e repetitivos, onde o que mais se ouve é: “demonstre o seu amor para com sua mãe, e leve este lindo objeto com preço especial para este dia”.

A mãe já tão cansada pelo peso da idade, não merecia uma véspera tão barulhenta e artificial como esta, em que os filhos já sabem o que as mães vão TER, após um sufocante entra e sai das lojas.

A referência feita aqui ao “frenesi” das compras, tem o intuito de levar a uma reflexão mais profunda, pois é no mundo do TER, no mundo dos objetos, que os filhos estão envolvidos, quando, na verdade, ela, a mãe, não diz, mas lá no seu íntimo, ela gostaria mais de estar no mundo do SER. É que tudo, que é de objeto presenteado, será possivelmente guardado em um guarda roupa, um armário, ou em uma gaveta, não aliviando a carência de gratidão que a acompanhará até o próximo “dia das mães”.

Dia das mães é todo dia, porque não há um dia sequer que ela não se lembre, e não peça a Deus por seu filho.

Ofereçam a ela essas duas opções, para ver qual ela escolherá:

1. Um caro presente enviado via malote pelos correios

2. Um ALÔ ao telefone, perguntando como ela está.

Para uma mãe, não há dinheiro que pague a fala daquele que saiu de suas entranhas. E é o telefone, neste dia, o mais valoroso instrumento, a que ela recorrerá para ligar para ele, a fim de poder ouvi-lo dizer à distância: “Diga mãe, o que a Senhora quer?”.
Ao que ela responderá na mais sublime frase de Mãe ao telefone:

“Queria só ouvir a tua voz, estava com tanta saudade”.



Ensaio por Levi. B. Santos.
Guarabira, 09 de maio de 2009



2 comentários:

Yehudith Zeituni disse...

Caro Levi,
Quero ser a primeira a comentar o seu ensaio. Como mãe, posso dizer que voce tem razão. Realmente não há nada mais gratificante para uma mãe que receber um alo do filho distante ou o abraço e o carinho dos filhos que estão por perto. Aqui, do outro lado do mundo, esta data não é comemorada, mas já recebi um lindo boque de rosas vermelhas. Amo receber flores. Aqui antecipamos as comemorações em casa, porque amanhã (domingo) é dia comum de trabalho. Oxalá cada filho neste dia tenha a oportunidade de dizer a sua mãe duas pequenas palavras que a farão mais feliz que qualquer presente caro, TE AMO. Não tenho mais minha mãezinha para abraça-la ou lhe falar ao coração, mas quero aproveitar seu espaço para enviar um abraço a sua mãe, irmã Basinha, sua esposa Lusa e todas as mães que terão acesso a esse ensaio.



Shalom! Shalom!


Yehudith.

Levi B. Santos disse...

Prezada Yehudith

Quero nesse dia tão significativo aqui no Brasil, saudar-lhe como mãe de dupla nacionalidade (Brasileira e Israelita)

Aproveito a oportunidade para desejar uma Paz duradoura a este povo de uma região tão sofrida, mas escolhida por Deus para morada do seu Filho Jesus, o qual, nos seus 33 anos de vida, aí bem pertinho de vocês, conseguiu mudar a nossa história.

As suas felicitações a minha velha mãe Basinha e a minha esposa e mãe de meus três filhos, serão transmitidas calorosamente no dia dedicado a elas.

Graça e Paz,

Levi B. Santos