26 outubro 2009

LULA: JESUS FARIA ALIANÇA COM OS “JUDAS” DO CONGRESSO.



Grande blasfêmia proferiu o “todo poderoso Presidente”! (Edição 2136 de Veja - página 78)

Se o mandatário maior de nossa república conhecesse realmente os Evangelhos, jamais diria que Cristo se aliaria a Judas para maléficas empreitadas de natureza política.

Todos nós cristãos sabemos, Senhor Presidente, que Judas traiu e abandonou Jesus Cristo para se associar ao deus do dinheiro ilícito, denominado Mamon (do Velho Testamento), que comanda a espúria política de nosso país.

É uma blasfêmia dizer que o Filho de Deus, Aquele que gratuitamente deu a sua Vida para resgatar os pobres pecadores, teria a capacidade de se aliar aos Judas da equipe governamental para fomentar atos ilícitos, como gastos altíssimos para cooptar os grandes, e pratos de lentilhas (bolsa família) para comprar o direito de cidadania dos desvalidos, vítimas do injusto e nefasto esquema político que segrega a sociedade, disseminando a corrupção e o crime.

É profundamente lamentável a analogia de péssimo gosto, realizada pelo Presidente, usando o que é sagrado, de maneira farisaica, a fim de justificar e manter por meios escusos a sua folgada maioria no Congresso.

A minha indignação ante essa banalização do mal é tão grande, que em minha imaginação, pareço ouvir a proposta espúria - "Tudo isso te darei, se prostrado, me adorares" - dirigida a Jesus pelo deus dos conchavos diabólicos de dois mil anos atrás, lá no cume do Templo de Jerusalém.

Que Deus na Sua infinita misericórdia possa te perdoar, Presidente, porque não sabes o que dizes!

Que os pastores evangélicos, nessa suja guerra política pelo poder terreno, que se aproxima, tenham a honradez e a coragem de dizer: “Dai ao imperador do Brasil (Lula) o que é de Lula(impostos extorsivos), e a Deus o que é de Deus”, em analogia ao que Cristo falou a Cesar, também, imperador político de uma grande nação corrompida ─ Roma.


Levi B. Santos
Guarabira, 26 de outubro de 2009



Para assistir a repercussão do ato reprovável do nosso Presidente, clique no vídeo abaixo:


24 outubro 2009

UMA ORAÇÃO DE GRATIDÃO





EU TE AGRADEÇO SENHOR, por me fazeres entender que já não devo andar de lugar em lugar, fazendo sacrifícios de “quebra de maldições”, pois o Teu Filho já apagou para sempre, todas as culpas e meus infortúnios lá na cruz do Calvário.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por teres enviado Teu Filho a fim de padecer todo tipo de tentação, fraqueza e vicissitude humanas, para só assim, ter o poder de compadecer-se de mim, reles homem vendido ao pecado.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por me fazeres entender que estarei sempre debaixo de Tua infinita misericórdia, mesmo quando as ambigüidades inerentes a fragilidade humana, me fizerem errar ou pecar por atos e pensamentos.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por me fazeres compreender que a aflição de cada dia não é conseqüência do meu pecado, ela é sim, a única via que me leva a adquirir paciência, sem a qual jamais poderei amadurecer.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por teres permitido que o Teu Filho se tornasse meu advogado, amigo e irmão, para interceder entre mim e Ti, em meus erros e contradições. Mesmo sabendo que sou miserável, pusilânime e mesquinho, contudo, reconheço que há uma essência superior que me impele impiedosamente para cima, fazendo dessa vil lama humana, jorrar canções Divinas.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por me fazeres entender que o desejo inconsciente de suscitar em nós a culpa e o medo da punição pode estar embutido até nas aparentes e belas exortações.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por saber que só Tú e o meu travesseiro, em minhas noites insones sabem dos meus gemidos, dos meus ais e minhas preocupações. Dou graças a Ti por momentos como esses, em que a minha “fala” Contigo vale mais do que todos os discursos que eu tenho feito para os outros.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, que me fizeste entender que ajudar um doente em seu leito de dor, não é fazê-lo se sentir culpado pela sua própria doença.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por teres retirado os pesados fardos de rituais, penitências e obrigações eclesiásticas que estavam sobre os meus lombos para substituí-los por um fardo leve, fruto da espontânea vontade de Te servir pelo que Tu és, e não pelo que Tu podes me dar em troca.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por me fazeres ver que o meu maior inimigo não é aquele que pensa e age diferentemente de mim. Dou graças sim, por teres me revelado que o meu maior inimigo é o velho Adão ainda latente dentro de mim, com o qual eu tenho que conviver indefinidamente, tal qual um espinho impossível de ser retirado, entranhado profundamente em minha carne.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por me fazeres ver que não sou melhor do que meu próximo, e por teres me feito entender que somos todos parecidos, somos todos pecadores agraciados por Ti.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por me fazeres entender que Salvação não é uma idéia, é o próprio Jesus que se dá, e em Sua presença todos os infindáveis debates cuja finalidade é despertar o medo e a culpa, se esvaem.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, por teres me permitido chegar até essa idade, para que eu pudesse aprender muitas verdades que dantes não conhecia, inclusive, a de saber que devo me converter mais a cada dia que passa.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, pelo Teu poderoso bálsamo que aplaca as dores e os gemidos de minha alma, quando o meu coração vacila perigosamente, e meus pés trêmulos tateiam ora o chão firme, ora as trevas do abismo.

EU TE AGRADEÇO SENHOR, porque acampaste dentro da pequena tenda do meu corpo para delimitá-lo com o círculo de Tua Divindade, dando rosto as minhas esperanças que já estavam desfalecidas.



Meu dever é discernir e Te aceitar sem fúteis revoltas; aceitar as amargas e fecundas verdades humanas que são também pedaços de minha carne. Mesmo que na Tua marcha eu me atrase como desertor, ou que me deixe fraquejar pelo desânimo e pelo cansaço, não afastes de mim o Teu Espírito, para que eu possa sempre TE AGRADECER, Ó SENHOR!



Por Levi B.Santos

Guarabira, 24 de outubro de 2009

17 outubro 2009

O NEUROTIZANTE “PODER” DOS LÍDERES RELIGIOSOS DE MASSAS




A obra do sociólogo Gustave Le Bon ─ “Psicologia das Massas” (1895), que ainda é muito lida hoje em dia e foi traduzida em numerosas línguas, descreve muito bem a noção de multidão e o papel de seus líderes na sociedade moderna.

A instituição eclesiástica é a mais sólida e antiga instituição humana que não sobrevive sem o poderoso desejo dos fiéis por um líder que leve sobre si os seus anseios mais prementes.

Le Bon admite que o desamparo, as incertezas, o desemprego e o estremecimento entre as culturas levam as multidões a reclamar por um mestre que os comandem com firmeza. As multidões querem um chefe que forneça referenciais, que diga claramente quem é amigo e quem é inimigo.

Para os antimodernistas, a salvação da humanidade estaria numa estrutura religiosa autoritária. Acontece que nossas capacidades criadoras e inquietas, nosso poder de invenção nascido com o “Iluminismo” possibilitou a saída para a maioridade do homem. O homem passa a se servir do seu próprio entendimento. Um sujeito novo nasceu com Descartes, em que a dúvida é a condição de uma verdadeira certeza.

Tanto a igreja como o exército são instituições baseadas na fidelidade a hierarquia, na disciplina e na ameaça de exclusão.

O líder religioso de massas “ama” aos seus seguidores ou comandados, e, em resposta, os fiéis “amam-se” como irmãos na fé. A importância do líder está em ocupar esse lugar à frente da multidão de servos que o veem como mestre (a quem entregam o comando de suas vidas). Foi assim, que os Alemães abdicando de suas próprias consciências, entregaram-se de corpo e alma à sanha do seu sanguinário e neurótico líder (Hitler), o qual via no povo Judeu a encarnação do próprio diabo.

Há grupos religiosos que mantém uma estreita dialética com o seu líder, da seguinte forma: cada indivíduo permite o aumento de sua submissão à emoção transmitida pelo pastor; ao mesmo tempo, experimenta a diminuição no controle da razão. E isso se dá por “sugestão”, que é confundida com manifestação do poder Divino. O Pastor ou líder carismático, diante das massas, se comporta como um hipnotizador, e pela sugestionabilidade permite o afrouxamento dos impulsos instituais do grupo. O que se vê então são fenômenos arcaicos aflorando através das mais bizarras reações, fenômenos esses, que estariam reprimidos há muitos anos num grande e oculto porão chamado “Inconsciente”.

O magnético líder religioso revestido de “todo poder” atribuído a Deus, cuida de desenvolver estratégias de sedução e de defesas, impondo ao homem as suas pretensas “verdades eternas”. O fiel como receptáculo da energia exalada de seu chefe espiritual, encontra o seu gozo ao identificar-se com a “alegria” ou sintomas neuróticos do seu comandante.

Os grupos religiosos, na verdade, anseiam pela glória de Deus na pessoa do seu pastor, esquecendo o que disse Lutero: “O Deus “absconditus” não pode ser encontrado, pois Ele se dá somente, de agora em diante, como Deus “revelatus”, isto é, Deus em PALAVRA”. Este Deus não pode ser alcançado diretamente, e, portanto, “possuído” num esforço legalista, místico ou especulativo.

Mas o que finalmente conseguem as massas empolgadas e seus líderes?

Conseguem apenas descarregar a libido reprimida, através de manifestações grotescas, próprias da neurose coletiva, semelhantes em tudo aos distúrbios do pensamento e da conduta, de que trata a medicina psiquiátrica. Infelizmente, toda essa manifestação doentia das massas regida pela batuta do magnético líder é rotulada indevidamente de poder Divino e religioso.




Ensaio por Levi B. Santos
Guarabira, 17 de outubro de 2009

13 outubro 2009

O QUE APRENDI LÁ NO ÉDEN





...........O Éden não é uma metáfora, muito menos uma alegoria ou parábola. Metáfora não é, senão no sentido trivial em que todos os nomes são metafóricos.

...........No meu Éden imaginário se situam versões utópicas de religião, de poesia e de psicanálise. Na verdade, para mim, essas utopias são gazuas que servem para arrombar as janelas da realidade.

...........Eu estava lá na pele daqueles dois seres angelicais, transformados em criaturas humanas pelo egoísmo de lutar até a morte pelos seus interesses.
...........Para os Egípcios, o mundo acabou com Alexandre. Para os Bizantinos, com o saque dos Cruzados. Para os Incas e os Astecas, com os espanhóis. No entanto, o meu Éden é herdeiro daquilo que não acaba em cada fim de mundo. Nele se encontra o que se perdeu na realidade comum, ou o que nem chegou a haver. O meu Éden está nas memórias do “não ser” de minha mais remota infância.

...........A lógica no meu Éden não objetiva proibir inferências falsas. Não é uma lógica restritiva, mas uma lógica produtiva. Foi a outra criatura, tirada de dentro de mim, que me abriu os olhos para ver o diferente, que me fez do “não ser” um “ser”. Surgira ali a diferença do inesperado que pela primeira vez me fez pensar, investigar e duvidar.
...........Do dia-a-dia de minhas dimensões edênicas, uma via se abriu para superar a relativa paralisia em que me encontrava, quando estava só. Enveredamos agora, eu e a minha “costela encurvada”, pelo caminho dos resultados imediatos. Com o feminino tirado de mim, aprendi que cada um se faz no outro; cada um se vê no outro. Juntos, descobrimos o “verbo” que significa ação. Surgiu então o primeiro diálogo humano sob a forma de uma audácia transgressora que cuidava modelar um novo rosto contemporâneo de nosso Criador, com nossa própria carne e sangue. Porém, Deus não é um alvo abstrato, nem uma necessidade lógica, tampouco um alto edifício em que se harmonizem nossos silogismos e nossas fantasias. Deus não é um destilado inodoro e neutro; nem o feminino nem o masculino de nosso cérebro.

...........Saímos eu e minha costela arfante e falante, do ritmo da marcha de Deus, para se ajustar ao ritmo de nossa própria vida, pequena e fugaz. Queríamos conhecer o efêmero, vibrante e misterioso prodígio da existência, com olhos novos, com ouvidos novos, com paladar e olfato renovados pelo desvairado desejo de ser como o Criador.

Expulsos do Éden descortinou-se a nossa frente o belo e fascinante espetáculo de um mundo anárquico e hedonista.

O Criador vendo o Éden vazio vaticinou que um dia resgataria o homem. A desobediência do homem não seria obstáculo, porque um dia, a Sua palavra escrita em nossos corpos se converteria em Sagrada Escritura.

A saudade do Éden nos persegue invisível por trás dos fenômenos, querendo nos levar de volta àquele lugar vibrante e sobrenatural onde fomos forjados.

Em meio a anarquia desabalada do mundo, a saudade do Éden nos faz afundar nos subterrâneos de nossas almas, numa tentativa inócua de reaver o “não ser” do Paraíso perdido.

......... ......................


...................................DEUS

Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...

Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos
!...

(Fernando Pessoa)



Ensaio por Levi B. Santos

Guarabira, 13 de outubro de 2009



10 outubro 2009

A DOCE TENTAÇÃO DOS OBESOS




Uma reportagem sobre os efeitos deletérios do açúcar em nosso organismo, veiculada na revista VEJA de 23 se setembro passado, levou-me a refletir sobre essa adorável e doce substância que vem escravizando gerações e mais gerações, desde os tempos de nossa colonização.

Sabemos que os altos níveis da glicose no sangue são responsáveis diretos pela diabetes, obesidade, cegueira, ataques cardíacos e outras moléstias degenerativas. O Brasil,
maior produtor e exportador de açúcar, está entre os maiores consumidores. O açúcar faz parte de nossa cultura, da nossa história recente de escravidão nos canaviais dos velhos senhores de engenhos.

Entre nós, parece ser quase impossível se livrar desse vilão, que é o principal componente dos grandes banquetes, aniversários, casamentos, festas, congressos e todo tipo de comemoração.

Esse vilão é muito conhecido dos gordinhos, dos que estão acima do peso ideal, daqueles que apesar de saberem que não devem se empanturrar das guloseimas açucaradas, não resistem aos coloridos e apetitosos docinhos, nem aos dourados salgadinhos e deliciosas tortas.

Aqui em casa, nos últimos trinta dias, nunca vi tanta festa em minha vida. Foram seis aniversários, uma comemoração de bodas de casamento, afora um congresso evangélico de dez dias de comilanças. As porções diabolicamente generosas de açúcares reinaram de maneira absoluta entre nós.

Foi numa dessas festividades, com todos ao redor de uma mesa repleta de iguarias se preparando para “dar graças a Deus” pela comida a base de massas, que resolvi fazer uma das minhas ironias. Dirigi-me a plateia de um modo humorado, interrompendo o rito prévio da glutonaria que estava prestes a se iniciar:

Êpaaaaaa! Pára tudo, pára tudo! A oração que vocês vão fazer é uma blasfêmia!

Notei que ninguém tinha levado a sério a minha interpelação, pois ficaram rindo uns para os outros. O irmão bem gordinho que iria elevar a Deus em oração, estava ali perplexo com a sua Bíblia aberta entre as mãos, possivelmente em alguma passagem daquelas que falam em banquetes regados a vinho. Muitos ansiosos e com respiração arfante, não tiravam os olhos das Coca–Colas e Fantas bem geladinhas, que estavam enfileiradas no meio dos diversos tipos de tentadoras guloseimas.

Um senhor aparentando estar com excesso de peso, foi imediatamente me exortando:

─ Rapaz, deixa a brincadeira para depois! Nós vamos nos dirigir a Deus agradecendo pela comida, para que Ele venha abençoar o alimento, e o mesmo não venha nos causar mal!

Dei uma rápida olhada para os convidados famintos, e pude observar que 70% da plateia era formada por gordinhos e gordinhas, o que me deu mais força para continuar com os meus argumentos, numa tentativa de ser compreendido em minhas conjecturas.

─ Olha, eu acho que essa oração deveria ficar para depois do banquete – falei com um ar sério.

─ 'Peraí', você quer contrariar um rito sagrado meu irmão?. Isso é um pecado grave que você está cometendo, cuidado com a mão de Deus? - gritou o gordo de Biblia nas mãos.

A essa altura o burburinho aumentava, e eu resolvi resumir todo o meu pensamento numa indagação:

─ Quanto de vocês aqui reconhecem que estão em pecado, isto é, com excesso de peso?

Alguns responderam de imediato:

─ É claro que ninguém aqui está com o peso ideal. E o que isso tem a ver com a interrupção da oração que você quer fazer?

─ Vou procurar ser bem claro ─ falei para a plateia de ávidos irmãos. ─ Não seria mais plausível que fizéssemos uma oração no final do banquete, pedindo perdão a Deus pelos excessos cometidos contra o nosso próprio organismo?

─ Qual a razão dessa oração ser no final de tudo? ─ perguntou o irmão mais graduado (espiritualmente falando).

Meus queridos irmãos, quem de vocês que está acima do peso ideal, tem certeza que se encontra com a sua taxa de açúcar e colesterol dentro da normalidade? ─ perguntei incisivamente, olhando para a cara dos mais gordos.

Repentinamente, um senhor já de idade avançada, com uma enorme e proeminente barriga saindo pelas brechas do paletó, saiu em meu socorro, dizendo:

─ O argumento do moço aqui, tem fundamento. Como é que a gente com o nosso sangue já grosso de açúcar e gordura consegue orar dando graças a Deus por algo que vai nos encher ainda mais de doce e manteiga? Se assim o fizermos, estaremos cometendo excessos e, consequentemente, pecando contra o nosso próprio corpo. O senhor aqui do meu lado tem razão, seria um contra-senso fazermos uma oração de ação de graças para em seguida pecar!

─ Bem meu amigo, já que você ficou do lado do senhor que interrompeu a nossa oração de praxe, nos diga como seria essa prece no final dos “comes-e-bebes”? ─ falou indignado, o gordo que estava com a Bíblia aberta entre as mãos.

─ Eu vou ser sincero - disse o insurgente em tom de desafio. A meu ver, essa oração deveria ser feita no final da comilança, da seguinte forma:


“Senhor meu Deus, Tu sabes e eu também sei, que estou gordo e pesadão, e que as minhas taxas de gorduras e açúcares estão em níveis acima dos índices da normalidade. Tu sabes também ó Senhor, que sou fraco e vendido ao pecado. Na pessoa do Teu Filho que um dia disse: ‘o espírito está pronto, mas a carne é fraca’, eu Te peço: perdoa-me por este pecado de aqui nessa lauta mesa ter me intoxicado, ao não resistir à volúpia dos olhos e do paladar. Prometo que nos próximos meses farei tudo para não comparecer a esses tipos de congressos e comemorações que sempre terminam ao redor de uma mesa cheia de iguarias que estimulam o pecado da gula, que nos levam mais tarde a sofrer conseqüências maléficas em nossos próprios corpos. Que eu possa ó Senhor, um dia ter forças para dizer com todo vigor: estejam repreendidos em minha mesa os espíritos maus dos sorvetes, dos chocolates, dos bolos, dos refrigerantes, e tudo que contenha em excesso esse vil alimento, que incha, amolece e seduz o nosso corpo!”.

De nada adiantou o modelo da inspirada oração do meu defensor, pois o gordo que estava de bíblia na mão, leu com toda impetuosidade a passagem que estava previamente marcada em Eclesiastes 8: 15, que assim diz: Por isso recomendo que se desfrute a vida,
porque debaixo do sol não há nada melhor para o homem, que comer, beber e alegrar-se[...]”

Terminada a leitura da palavra, todos avançaram freneticamente sobre as guloseimas que estavam sobre a mesa, devorando tudo em questão de segundos.

Logo após o final do “frenesi” gastronômico, ainda deu para ouvir um dos gordos falar para o outro:

Ei pessoal, amanhã é lá na casa do presbítero Jacinto Mel de Oliveira!”.



P.S.: Que Deus nos dê de Sua graça e de Seu entendimento para que possamos ficar só observando a gurizada se alegrar nesse seu feriadão, sem nos envolver na degustação de seus docinhos deliciosos. Crianças bem comportadas podem se esbaldar no dia dedicado a elas. Quanto aos pais e avós obesos, aconselho que fiquem de longe, com o pensamento voltado para o “alto”.

AMÉM...


Como o tema aqui exposto trata do pecado da "doce gula", publico abaixo, a charge de Jasiel Botelho, que mostra um "crente" obeso pregando para um magro pecador.





Por Levi B. Santos

Guarabira, 10 de outubro de 2009

06 outubro 2009

A ORAÇÃO QUE MUDOU O VELHO PASTOR



Havia apenas vagos rumores lá fora, quando o pastor entrou no seu quarto, após o culto. Olhou-se demoradamente no espelho. Viu que a sua indumentária de ministro não mais lhe causava impressão prazerosa. Olhou mais uma vez para o espelho e chocou-se ao notar as inúmeras rugas que o tempo imprimira em seu rosto, antes jovem, e agora débil, sem brilho e encarquilhado. A velhice chegara com todas as suas marcas indeléveis. Quis então esboçar um sorriso, mas nada conseguiu.


Absorto, mergulhou agora no escuro e pequeno mundo de sua meninice. A frase dita e predita por sua mãe reverberava com força nas cordas de seu coração: “Um dia Deus vai lhe usar para mudar o mundo!”. Na verdade, o que a sua velha mãe, hoje falecida, se referia, era o mundo do seu pequeno vilarejo, do qual nunca saíra em toda a sua vida. Ele parecia, agora, estar vendo a alegria estampada na face de sua genitora, quando dizia para suas amigas: “Esse menino vai longe!”.


Aos vinte e quatro anos foi consagrado pastor, e por dez anos a tônica de suas orações era essa: “Meu Deus, ajuda-me a mudar esse mundo tão mau e corrupto!”


A roda do tempo girou, girou por mais dez anos, e o mundo apesar das reformas e revoluções, permanecia perverso, não dando sinal de mudança. E o que deixava o pastor mais transtornado, era o fato de ver que a sua própria família não queria assimilar o bem que ele tanto apregoava. Foi por esse tempo que a sua fé começou a fraquejar, à medida que a sua impaciência crescia.


Uma noite se surpreendeu orando assim: “Meu Deus ajuda-me a mudar a minha esposa e os meus filhos!” Ele pedia a Deus como se fosse a última cartada, como se dissesse: “Senhor, muda pelo menos a minha família, já que o mundo continua o mesmo!”.


Já beirando os setenta e cinco anos de idade, encontrava-se o velho pastor em seu leito, olhando pela janela aberta, o céu límpido e estrelado. Ele via que cada estrela tinha o seu brilho peculiar, e que não conseguia ver uma estrela igual a outra em luminosidade. Nessa noite ele ouvia, vindo de longe, uma música suave, tirada das teclas de um dolente piano. Quando o mais duro fardo do seu íntimo parecia querer romper em prantos, eis que surgiu dentro de si uma centelha de esperança. Foi aí então, que dos recessos de sua alma brotou tremulante como as estrelas do céu, essa oração: “Meu Deus ajuda-me a mudar-me!”.


Após essa oração, o velho pastor, conseguiu enfim sorrir. Mesmo sentindo apertar o círculo conclusivo da vida, ele estava ali, desta feita, absolutamente tranqüilo. Após essa oração dizia de si para si: “chega de querer mudar o mundo, meu Deus. Mesmo que as dores venham me assaltar, mesmo que não haja músicas para me consolar, e ao contrário dessa belíssima noite, vierem negras nuvens, eu não cessarei de rezar essa prece por toda a minha vida”.


Durante muitos anos o pastor tinha lutado como um gigante para mudar o mundo, mas finalmente, mesmo velho e desfigurado, mesmo sem ninguém por perto para elogiá-lo e cobri-lo de louros, tivera o privilégio de alcançar a graça para ver o mundo com outros olhos. Fora enfim curado de uma miopia espiritual, que à distância, o fazia enxergar as pessoas tão feias e deformadas.


“A lâmpada do corpo são os olhos. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luz” (Mateus 6: 22)


Ensaio por Levi B. Santos

Guarabira, 06 de outubro de 2009