28 julho 2014

Diálogo  Duelo − Banquete Antropofágico



“Eu sou eu e minhas circunstâncias” disse, apropriadamente, José Ortega y Gasset (1883 – 1995). O eu só existe em função de um Tu” enunciado básico nas obras de Martin Buber.
“O Eu não pode ser pensado de forma unitária, nem tampouco pode ser identificado ao sujeito, ele é um termo verbal cujo uso é aprendido numa certa referência ao outro.” (Lacan)

Apesar de saber que necessitamos do OUTRO para definir o que somos, estamos sempre o desafiando para um duelo. A autora de “Escritas do Desejo” sobre os extremos desse tête-à-tête , diz algo irrefutável: “O outro é aquele que eu quero matar com a arma da linguagem.”

Frank-Lestringant (1982), por sua vez, faz uma magnífica análise do diálogo-duelo entre selvagens, recorrendo ao que Montaigne exprimiu como “momento dialógico do rito Tupinambá”:

“A carne do prisioneiro que se vai devorar não é, de modo algum, um alimento: ela é um signo... [...] o ato do canibal representa uma vingança extremada... [...] Esse esforço para apreender nas práticas do canibal a permanência de um discurso... [...] Sem se demorar sobre as seqüelas do massacre, Montaigne retorna sempre ao desafio da honra, à troca de injúrias, àquela ‘canção guerreira’ composta pelo prisioneiro antes de sua morte. Acabamos, assim, por esquecer que a boca do canibal é provida de dentes. Em vez de devorar ele se limita a proferir. Eram os próprios Tupinambás que separavam a boca que devora daquela que profere: o matador era o único a não comer a carne do inimigo. O ‘cozinheiro dialógico’ não provava dela”.

No duelo dialógico o outro se torna objeto do meu gozo. Mas refletindo bem, eu gozo de mim mesmo, na medida em que procuro ver aquilo que recalquei exposto em um lugar bem visível no outro, a me incomodar.

Lacan diz: No outro (espelho) vejo a minha imagem invertida”. Não suporto ver-me invertido no espelho do outro. Ver aquilo que vive no outro, que imagino ter morrido em mim, querendo se fazer de meu, é insuportável.

Os versos de Marco Lacerda em −“Um Estranho em Mim” , denuncia com fortes tons a angústia que o outro provoca incitando-me a assumir o que tanto combato:

“Em minha alma só nostalgia. A solidão inimiga silenciosa e indestrutível. A angústia se intensifica e percebo que meu rosto revela, em pele sem viço, a história de minha infância. O rancor de minha avó, os sorrisos maldosos na boca de minha tia estão diante de mim, dentro de mim”.

O risco que corro ao duelar com o outro no vai-e-vem de um emaranhado de conceitos e palavras é quedar-me preso em minhas próprias teias.

Na linguagem ou na fala estão implícitos signos que servem para confrontar-me com o outro. Em suma, dialogo para me ancorar no outro, para repelir nele o que não suporto mais, ou para me impedir de entendê-lo.

Foi para isso que nasci: Nascer é ser jogado no campo do OUTRO. Não me autonomeei. Pelo contrário, fui objeto de desejo de outros (pai e mãe). Foram eles que me deram um nome para me chamarem de seu. Daí para frente permaneceu só o desejo ou a ilusão de fazer um nome por mim mesmo.
Ora, se foi por um ato de palavra que advimos ao mundo e adquirimos o estatuto de sujeito, a conclusão lógica que se há de chegar, é que não podemos nos autonomear porque fomos atravessado por uma PALAVRA que já estava inscrita no princípio, lá na nossa gênese.

Segundo Lacan, no nosso inconsciente reside a linguagem de outros que foram formadores do nosso eu. Cada um de nós é um EU em face da linguagem e conceito do outro”.

“Sem o OUTRO seríamos então incapazes de conceituar o conceito de si. O sentido de si é talhado por nossa consciência do OUTRO, do mundo exterior a nós”.

Por Levi B. Santos

Guarabira, 28 de julho de 2014


20 julho 2014

Dilma, Putin e Um Míssil Depois da Copa

Dilma e Putin Assinam Acordo. Três dias antes do abate do Avião Malaio (Foto; BAND/UOL)



Ainda no calor da Copa, pouco depois da reunião com Dilma em Fortaleza (sobre os BRICS), Putin quando voltava para Rússia “soube” que um dos misseis dos separatistas que recebem seu apoio tinham atingido uma aeronave da Malasya Airlines, com 298 passageiros a bordo, na maioria holandeses, sobre o espaço aéreo da Ucrânia.

A presidenta está vivendo realmente seu inferno astral.  Não bem acabou a Copa da Vergonha, as enquetes dão conta de que ela perdeu dois preciosos pontos percentuais nas intenções de votos e a taxa de descontentes com seu governo é a pior desde o inícío de seu mandato. Como que a refletir o placar da Alemanha contra o Brasil na Copa ― a inflação está em 7% e o crescimento em 1%. Para embaralhar mais o que já está complicado, a participação da azarada presidente na reunião dos BRICS em Fortaleza, sob o comando do todo poderoso Putin culminou com uma tragédia de repercussão política mundial: o Abate de um avião de passageiros na região em que seu grande amigo Putin está estimulando uma guerra civil. Segundo a imprensa, Vladimir Putin quer exportar a idéia de que a soberania nacional está acima da universalidade dos direitos humanos. Então vidas humanas metralhadas são coisas secundárias. Em primeiro lugar está a expansão dos domínios territoriais. “Sem nenhum obstáculo à sua frente, Putin deverá continuar subjugando as atividades civis como bem deu a entender em conversas aqui no Brasil”. E Dilma, com uma marionete, fica inerte, assistindo a sua popularidade baixar, com  seus olhos cheios de inveja  vendo a popularidade do seu grande amigo russo passar dos 80%. Não sei, mas ela deve andar sonhando muito, e não ver à hora da republiqueta de D. João VI se transformar em uma Cuba, Venezuela ou Bolívia para que seus índices atinjam picos nunca dantes alcançados.

Surgiu até uma recente piada para boi dormir, em que os adeptos da presidenta aventaram a hipótese absurda de que os mísseis dos separatistas pró-rússsia, desejavam no fundo derrubar o avião de Putin que estava na rota do que foi destruído. É que o horário dos dois aviões parecia estar muito próximos um do outro. Inventar historieta como essa, sem pé nem cabeça, para defender amigos do peito é no mínimo uma afronta as vítimas fatais do desastre (VIDE LINK: Dilma Diz Que Míssil Que  Abateu  Avião  da Malaysia Airlines Poderia Atingir Putin)

Momentos depois da tragédia como o Boeing 777 da Malasya Airlines por rebeldes separatistas pro- Rússia, Dilma abusou da bizarrice discursiva ao tentar defender o companheiro Vladimir Putin. Disse a presidenta que o governo brasileiro não se posicionará sobre a queda do avião malaio até que haja informações mais claras. (Vide LINK: Dilma Faz Discurso Insano Para Defender Putin no Caso da Derrubada de Avião Comercial na Ucrânia)


Em tempo:


 Na aeronave destruída não havia nenhum parente de políticos da base aliada do governo da república das bananas (Tá Explicado: Ahhhhhhh!!)

11 julho 2014

Temos a Petrobrás. Por Que Não a Futebrás?



OPS! Já tem gente da imprensa aconselhando a presidenta Dilma a fundar a FUTEBRÁS. O ministro dos esportes, Aldo Rebelo,  em recente entrevista assinalou  que “o Estado vai sugerir projetos de lei para colocar a seleção brasileira no status que ela deve ter”. Isso tem cheiro de bolivarianismo.  É aquela velha mania dos reformadores políticos (no poder) de criar leis para abafar malfeitorias e tragédias, como a que aconteceu nos sonoros 7X1 impostos ao Brasil pela Alemanha, em ritmo de treino.  O ministro Rebelo andou citando até um projeto maluco do deputado, Otávio Leite, que defende agora a criação de uma Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. (Vide link)

Há quem diga que que no humilhante mineiraço se chegou ao cúmulo de sondar os alemães para maneirarem  a goleada no segundo tempo. 

E o Felipão, que com a seleção voou tanto de um lugar para outro, tomou de um termo usado na aviação para incluí-lo nos anais da Psicologia: “Foi uma PANE de seis minutos” ― repete sempre com olhar atordoado.  Se foi "pane", esqueceu-se  de dizer que o motor da aeronave já vinha apresentando sérios defeitos há meses. (rsrs)

Senhores e senhoras: preparem-se para a formação de um novo ministério no governo petista:  “Ministério contra a exportação de jogadores para o exterior”. O Rebelo já disse: “O Estado não pode ser excluído da competência de zelar pelo interesse público dentro do esporte” (Vide link)

“Não vou criar a Futebrás, mas o governo pode conduzir essa reforma e modernização das gestões” ― disse Dilma, em referência ao projeto de se criar uma estatal para salvar os times de futebol. (Vide Link).

Portanto fiquem de orelha em pé, porque o “Não” desse governo significa “SIM” no futuro. A presidenta simplesmente reverberou a “pane de seis minutos” do Felipão. Não custa nada recorrer à psicanálise para entender que a tal da “negação” é um mecanismo de defesa psíquico (nega-se em público aquilo que no fundo se deseja). A presidenta disse que não vai criar a Futebrás, mas tem o poder de conduzí-la ― o que dá no mesmo (ato falho, ou proposital?).

Freud explica (rsrs)


Por Levi B. Santos
Guarabira, 11 de julho de 2014

Site da Imagem:  jornalgalodebriga.blogspot.com.br