tag:blogger.com,1999:blog-32291124.post8977536235884523108..comments2023-10-23T13:17:14.819-03:00Comments on Ensaios & Prosas: O Que a Psicanálise Teria a Dizer Sobre a “Doença” de Nietzsche?Levi B. Santoshttp://www.blogger.com/profile/06225852189975361955noreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-32291124.post-27337019369418421732013-08-23T11:33:30.732-03:002013-08-23T11:33:30.732-03:00O caro anônimo trouxe à baila um dos maiores poeta...O caro anônimo trouxe à baila um dos maiores poetas de todos os tempos – Fernando Pessoa, com o qual, inconscientemente, se identificou, dando um até breve (rsrs).<br /><br />Não sei se você há de convir que o trabalho do <b>poeta</b> (a poesia) tem muito a ver com o trabalho do <b>psicanalista</b> (a análise), uma vez que ambos buscam dar contorno ao indizível, como se estivessem desejando encontrar o objeto perdido na aurora de suas vidas.<br /><br /><i>“E eis que, tendo Deus descansado no sétimo dia, os poetas continuaram a obra da Criação”,</i> ― disse certa vez, Mário Quintana. Ou seja, o artista esculpe a partir do barro ― matéria bruta, primeva, que simboliza ou representa (por que não?) o que ficou esquecido ou recalcado na formação do indivíduo em seus primeiros vagidos. <br /><br />Freud foi um grande leitor de poetas e escritores, notadamente, Goethe, em que por muitas vezes manifestou admiração e respeito, colocando-o no lugar daqueles profundos conhecedores da alma humana. A arte e a literatura, segundo ele, seriam redutos de um processo primário psíquico em que o artista teria acesso privilegiado aos elementos do inconsciente.<br /> <br />Se a verdade do sujeito está no inconsciente, tudo que vem de lá é autêntico, como bem expressou o cantor, músico e maior poeta da MPB ― Chico Buarque, quando na canção <b>”Choro Bandido” </b>, disse:<br /><br /><b>”Mesmo miseráveis os poetas,<br /> Os seus versos serão bons” </b><br /><br /><br />Abçs,Levi B. Santoshttps://www.blogger.com/profile/06225852189975361955noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-32291124.post-4876248571239742912013-08-22T23:17:01.736-03:002013-08-22T23:17:01.736-03:00Perspicaz, bastante perspicaz, mas creio que fugim...Perspicaz, bastante perspicaz, mas creio que fugimos da discussão da procura da psicanálise pelas razões idílicas e atávicas da genialidade humana. Não importa. Sinceramente creio que a apologia aos loucos se deve muito a nossa covardia mais recôndita de revelarmos nossa verdade, daí darmos tantos louros aos "loucos". Quem sabe essa deificação da figura do louco não se deve a nossa admiração e ou covardia diante da "coragem" insana dos desajuizados... Vou invocar o espírito sempre bem vindo do amigo Erasmo a quem tanto insistes em relembrar em tua pena.<br />- De fato amigo Pessoa, agradeço-me a oportunidade de pronunciar-me sobre tal entusiasmante querela. Devo dizer que a velhice e a infância, essas duas idades,têm uma grande relação entre si, e não vejo nela outra diferença senão as rugas da velhice e a porção de carnavais que os primeiros têm sobre a corcunda. Quanto ao mais, a brancura dos cabelos, a falta dos dentes, o abandono do corpo, o balbucio, a garrulice, as asneiras, a falta de memória, a irreflexão, numa palavra, tudo coincide nas duas idades. Enfim,quanto mais entre na velhice, tanto mais se aproxima o homem da infância, a tal ponto que sai deste mundo como as crianças, sem desejar a vida e temer a morte...<br />- Espere um pouco amigo Erasmo, assim você acaba dando razão a filósofo psicanalista Levi... Retira-te daqui!<br />Bobagens de filósofos mortos a parte, duas coisas me chamaram atenção em tua nobre fala. Primeiro quando falas que o "louco é mais digno que os normais", estais confirmando nossa admiração (digno) não pela figura concretizada pela patologia em si, mas a liberdade de pensamento quiçá, ou mais ainda, a irresponsabilidade da fala que a nossa covardia espreita e nosso espírito admira e anseia incorporar... Segundo, quando vociferas que a loucura tem um "Quê" de divino algumas ilações perigosas podem se precipitar:<br />Uma é que a verdadeira e absoluta liberdade não pertence ao mundo dos mortais e só os deuses poderiam desfrutar do puro livre arbítrio. Outra é que a loucura e os paroxismos de sua "irracionalidade" seriam tão maravilhosos que consubstanciar-se-iam em predicados divinos, inferindo assim que essa tal "loucura" de que falamos no fundo é algo desejado ardentemente pelos seres humanos. Ou será que queres subrepticiamente plantar a idéia de que o criador desse mundo e de tantas coisas incompreensíveis (e em certo sentido um tanto malucas, age orientado pela "loucura/divino" de que fala o amigo Roterdã?<br />Voltando a discussão que relaciona o ofício artístico à centelha divina, e igualmente à "loucura" o nosso amigo Erasmo que ainda agora expulsei daqui uma vez afirmou:<br />"Já os poetas não me devem tanto, não porque não sejam igualmente loucos, mas porque têm o direito de ser membros ex professo do meu partido. Há muito tempo que se diz que os poetas e os pintores formam uma nação livre. Os poetas fazem consistir toda a sua arte em impingir lorotas e fábulas ridículas para deleitar os ouvidos dos tolos. Isso não impede que, apoiados nessas ridicularias, se gabem de obter uma divina imortalidade e ainda a prometam aos outros. O amor próprio e a adulação são os seus conselheiros indivisíveis, e eu não tenho adoradores mais fiéis nem mais constantes do que eles". Notável não. <br />Agora preciso ir, tem um espírito pequenino gritando aos meus ouvidos para jogarmos bola no além...<br />Até Breve.<br />Fernando Pessoa. <br />Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-32291124.post-82690954588014791312013-08-22T22:11:24.543-03:002013-08-22T22:11:24.543-03:00Caro anônimo.
Aliás, o louco é para os “normais”...Caro anônimo. <br /><br />Aliás, o louco é para os “normais”, um anônimo (rsrs)<br /><br />Muito interessantes e sábias as suas ponderações. Pelo visto, és também um aficionado da filosofia e da psicologia (rsrs)<br /><br />A frase que citaste do grande Oscar Wilde é de uma lucidez extraordinária:<br /> <br /><i>"Quanto mais o homem fala de si mais deixa de ser ele mesmo”</i> <br /><br />Mas permita-me discordar de O. Wilde, quanto ao desfecho ou final de sua frase: <i>Mas deixe que se esconda por trás de uma máscara e então ele contará a verdade.</i><br /><br />Ora, o louco não fala dele.<br /><br />O inconsciente é que fala através dele, provocando em nós, “normais” o asco e o nojo que, não verdade, são mecanismos de defesa psíquicos caracterizados pela não aceitação da lambuzedela que o louco faz com seus próprios excrementos ― quem sabe, uma espécie de revivescência prazerosa dos tempos em que quando criança lambia suas fezes com a maior naturalidade, ante a reprovação dos pais. (rsrs)<br /><br />O louco não tem máscaras. Ele é o que é, isto é, ele é verdadeiro em seu mundo que os “normais” não compreendem.<br /><br />O “normal” trabalhou tanto em esconder seus afetos desde a remota infância, que tem, como se pertencesse a eles mesmo, a máscara que pelo tempo colou a pele do seu rosto. Arrancá-la seria destruir a sua própria carne.<br /><br />Mas o louco é mais digno que os “normais”. E me ancoro no que disse Erasmo de Rotterdam, em sua maior obra – <b> “Elogio da Loucura”</b>:<br /><br /><i> o louco não se julga acima dos outros homens. Quando o louco passeia, ele crê que todos são loucos como ele.</i> <br /> <br />Veja bem como a loucura tem um “quê” de divino. (rsrs)<br /><br />A frase emblemática do “louco” Nietzsche, por todos conhecida, creio, que ecoa mais forte do que nunca na tão propalada pós-modernidade (em crise):<br /> <br /><i><b>Eu só acreditaria num Deus que dançasse </b></i> (comigo).<br /><br /><br />Abraços e volte sempre (Mesmo sem se identificar). <br />Um dia seremos todos anônimos. Nesse porvir já não precisaremos de títulos ou nomeações para dizer: “<b> Eu sou...”</b>. (rsrs)<br />Levi B. Santoshttps://www.blogger.com/profile/06225852189975361955noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-32291124.post-11962565430219322792013-08-22T19:28:57.934-03:002013-08-22T19:28:57.934-03:00Magnífico texto e escrito com maestria inimitável....Magnífico texto e escrito com maestria inimitável. Queria apenas, numa retrucação inglória (que me faz um pouco advogado do Diabo) para um texto tão bem concatenado,desferir parcas inserções.<br />A demência de Nietzsche fora tão rica e fulgurante em termos intelectuais porque Nietzsche era genial. Ora, sabe-se que temos loucos e dementes de toda sorte que não chegam nem perto de produzir construções geniais como as nietzschenianas, o que faz a "demencia" de Nietzsche bastante particular e quebra em certo sentido, a idéia ventilada no texto de que o estado de loucura seria um processo natural da infantilização "genial" de todo ser humano, pela liberalização das peias e rédeas do inconsciente. Loucos há que não dizem nada, comem fezes e bebem urina... outros repetem incessantemente um mote sem sentido em vãs repetições... portanto, data vênia a força do argumento, acredito que o processo criativo nietzscheniano permaneceu intenso até o fim de sua vida e devido a sua grande inteligência podia manifestar-se mesmo quando da ausência dos momentos de lucidez. <br />Algo que também devo salientar, e que também incomoda os gênios póstumos, é a tentativa eterna da psicanálise de esquadrinhar o coração do pensamentos dos grandes intelectuais. Esse pode ser um exercício que entretém, no entanto a busca de coerência, como afirmava Oscar Wilde, é o refúgio dos que não têm imaginação. A tentativa da psicanálise de decifrar os segredos do labirinto do pensar revela-se para mim um enfastiamento da própria ciência em busca de superar seus modelos de mediocridade já superados e que não satisfazem sua curiosidade vulgar. Procurar entender todos os meandros de uma mente humana tão privilegiada como a de Nietzsche, é um exercício inútil de compreender o que é quase sempre incompreensível, a mente humana e seu tortuoso e não-linear pensar.<br />Quanto às máscaras do texto, deixo contrariando a idéia provocativamente: "Quanto mais o homem fala de si mais deixa de ser ele mesmo. Mas deixe que se esconda por trás de uma máscara e então ele contará a verdade". (Oscar Wilde).<br /><br />Ass. Fernando Pessoa, o próprio, sem heterônimo, com a autoridade de poeta e também gênio... e vindo do além, é claro. Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-32291124.post-9873887487591115212013-08-22T11:14:25.002-03:002013-08-22T11:14:25.002-03:00Caro Matheus
Fique a vontade para replicar o tex...Caro Matheus<br /><br /><br />Fique a vontade para replicar o texto em seu filosófico “Boteco”. Para mim é uma honra. (rsrs)<br /><br />Concordo plenamente com a sua observação: <i>a maioria dos que se dizem “ateus” realmente não levam em conta a infância de Nietzsche.</i><br /><br /><br /><b>O que diria a Borboleta se fosse falar do seu rastejar de lagarta? </b> (rsrs)<br />Levi B. Santoshttps://www.blogger.com/profile/06225852189975361955noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-32291124.post-74660470893917855422013-08-22T10:46:53.292-03:002013-08-22T10:46:53.292-03:00Nobre Amigo Levi,
Fantástica sua análise.
Gostar...Nobre Amigo Levi,<br /><br />Fantástica sua análise.<br /><br />Gostaria de ter sua autorização para replicar este belo texto em meu simplório Boteco. Posso?<br /><br />Se disser que não, terei que deixar meu "eu" rebelde se sobressair um pouco, e publicarei mesmo assim kkkkkkkkkk<br /><br />Uma das coisas que mais me intrigam, é saber que os leitores de Nietzsche, em sua maioria "ateus", não levam muito em conta a infância dele em relação as suas obras. Com certeza se isso fosse observado, a grande maioria das bobagens que são defendidas sobre a alcunha de Nietzsche não existiriam.<br /><br />Fraterno abraço.Matheus De Cesarohttps://www.blogger.com/profile/01237776507718079542noreply@blogger.com