É difícil aquilatar se uma determinada missão foi realmente executada satisfatoriamente, ou não, pois os parâmetros ou valores que usamos para este fim, são quase todos regidos por uma forma racional de pensamento, quer pelo que programamos através dos nossos desejos, quer pelo que se depreende das escutas de palavras proféticas. Não quero dizer com isso, que o ‘vaticínio’ seja algo que se deva desprezar. Não senhor! O problema não está na “palavra divinamente inspirada”, e sim, no fato de como chegamos tão facilmente a interpretá-la ao nosso modo.
Ora, sabemos muito bem, que o tempo de Deus não é o nosso. Aquela multidão que recebeu triunfalmente Jesus em Jerusalém, jamais pensou que três anos após aquele acontecimento, o mestre encerraria a sua missão na terra. Arrisco-me até a dizer, que a maioria daquela multidão esperava um “reino terreno”, e não um espiritual, como foi o do nosso Mestre. Foi um ministério curto para tão grande missão, o de Cristo? Na ótica humana (minha), foi. Na ótica Divina, o tempo da missão de Cristo foi simplesmente o necessário.
Como é difícil para nós, revisar os nossos conceitos, os quais, quase sempre, são inconscientemente carregados das sementes da vaidade e do egoísmo. Quando algo não sai como imaginávamos, prontamente rotulamos o resultado como derrota. Olvidamos, que aquele que planta, nem sempre é o que colhe, e que o resultado de uma missão só o futuro o dirá. Na hipocrisia do nosso imediatismo, queremos resultados em curto prazo, para alardeamos em alto-som, o cumprimento do que esperávamos, não para a glória de um Deus, e sim para satisfação do nosso “ego”.
Acredito que poucos, ou quase nenhum dos que estavam ali a receber Cristo com palmas e danças à entrada de Jerusalém, acompanharam-no na caminhada dolorosa do calvário. Não poderiam estar ali, pois as suas cabeças estavam mais programadas para o espetáculo do sensacionalismo exterior, que é mais baseado no que se vê, no que se pega, e no que se mede.
“Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus[...]”. (Romanos 8, 28). Desta forma, é totalmente descabida e insensata a conclusão de que uma missão foi frustrada, só pelo que se vê de palpável momentaneamente. Por mais simples que seja a missão; por mais curta que ela seja no espaço de tempo, só quem a experimentou, é que tem a autoridade de falar: se houve, ou não houve resultados ─, até porque, não fomos nós, os de fora, que doamos o nosso corpo à dureza de uma inóspita jornada.
Por vezes, a incompreensão humana a respeito do desfecho de uma missão no âmbito da espiritualidade, tende a deixar alguns, cabisbaixos. Não importa, se alguns, venham porventura traduzir como fraqueza, a imprevisibilidade de tudo quanto ocorreu. No entanto, o que importa é: que a opinião alheia jamais terá o poder de desestimular os missionários, em outros desafios ─, mesmo que tenham de enfrentar um acolhimento frio, no retorno ao seu torrão natal ─, em contraste com o clima apoteótico que aconteceu em sua viagem de ida.
Crônica por: Levi B. Santos - dedicada aos missionários João Camilo e Leni Bronzeado, que por três meses vivenciaram uma grandiosa experiência em Santa Cruz de La Sierra - BOLIVIA.
Guarabira, 28 de Agosto de 2007