28 agosto 2009

VERDADES QUE INCOMODAM



Sou um leitor contumaz desde os meus tempos de aluno do curso ginasial. A cada mês devoro com avidez um ou dois livros, daqueles que suscitam reflexão e auxiliam-me a repensar conceitos que antes eu tinha como intocáveis.


Tenho sempre comigo a mania de riscar ou grifar tudo que leio e acho relevante, ou de muita significação. Não sei se isso seja produto do um desejo latente em querer deixar para filhos, netos e amigos mais chegados, algo que um dia eu considerei de suma importância. Há quem veja nisso uma vaidade. Se for vaidade o gosto pela escrita ─, bendita vaidade, essa dos antigos escribas que, através de um árduo trabalho, nos legaram em duas línguas irmãs (aramaico e hebraico) os Escritos que hoje estão reunidos no maior e mais lido livro de todos os tempos ─ a Bíblia Sagrada.


Acabei de ler um livro provocador e absorvente: “Por Que Você Não Quer Mais Ir à Igreja” ─ de Wayne Jacobsen e Dave Coleman (Califórnia -EUA). Em várias páginas dessa obra ficcional deixei lá os meus grifos, e, achei por bem registrar aqui os trechos que considerei mais instigantes por tratarem de questões fundamentais inerentes ao cristianismo sem Deus da atualidade. As afirmações contidas nesse formidável livro, eu considero irrefutáveis. Seria demasiada hipocrisia de minha parte, não reconhecer a existência das “verdades incômodas” que já não podem mais ser olvidadas ou escondidas nos escaninhos dos bastidores eclesiásticos. Verdades, que esses autores, com coragem e audácia resolveram trazer à tona, imbuídos do desejo de um dia poder ver o cristianismo depurado das extravagantes formalidades.


Os fatos narrados em forma de ficção pelos dois escritores são similares aos que vivenciei e ainda estou vivenciando no meio cristão. Alguns excertos por mim grifados (atendendo a minha velha mania de riscar o que leio e acho importante) seguem em destaque logo abaixo. Creio que eles serão de grande valia, para os que com espíritos desarmados, queiram refletir sem parcialidade, debruçando-se sobre o tema “igreja”.


*“Nenhum modelo de ‘igreja’ irá produzir a vida de Deus em nós. [...] Foi aí que a religião causou o seu pior estrago. Ela tornou as pessoas dependentes de líderes e assim fez o povo de Deus ser passivo no seu próprio crescimento espiritual”.


▪ “Chamamos de ‘culto’ o cantar juntos, e ‘comunhão’ a freqüência regular à ‘igreja’. Estamos convencidos de viver em comunhão apenas porque comparecemos regularmente aos cultos, mas raramente esse é um movimento que parte do coração. Temos ensinado as pessoas a se comprometerem com nossas cerimônias religiosas e nossos programas, e chamamos isso de ‘igreja’.”


▪ “Tem gente tentando reformar a ‘igreja’ há dois mil anos, e o resultado é quase sempre o mesmo: Um novo sistema surge no lugar do antigo, mas acaba sendo substituído por outro igual a ele. [...] Deus não tem o mesmo entusiasmo em reformar máquinas.”


▪ “Há os que gostam de liderar e há os que desejam desesperadamente ser liderados. Esse sistema tornou o povo de Deus tão passivo, que a maioria nem é capaz de imaginar a vida sem um líder humano com quem possa se identificar”.


▪ “As regras e os rituais podem ser muito escravizantes, pois, nós os adotamos com a intenção de agradar a Deus. Nenhuma prisão é tão forte quanto à obrigação religiosa”.


▪ “Boa parte do que hoje chamamos de ‘igreja’ não passa de uma encenação bem planejada, com pouquíssima ligação efetiva entre os fiéis”.


▪ “Cansei de tentar estabelecer uma comunhão com gente que concebe a igreja apenas como um lugar onde o grupo passa duas horas por semana expiando a culpa, enquanto vive o restante da semana com as mesmas prioridades mundanas".


* "Possivelmente todos nós já experimentamos alguma espécie de dor ao tentar adequar a vida de Deus às instituições. Durante bastante tempo muitos se mantiveram nela na esperança de que, mudando algumas coisas, tudo iria melhorar. Embora possamos ter tido algum êxito em certos momentos de renovação, acabamos descobrindo que a adaptação que toda instituição exige é incompatível com a liberdade de que as pessoas necessitam para crescer em Cristo".



P.S.: Se os fragmentos que postei suscitaram no caro leitor o desejo pela leitura do livro, na íntegra, é só entrar em contato com a Editora Sextante



Levi B. Santos

Guarabira, 28 de agosto de 2009




21 agosto 2009

UM INCOMPARÁVEL CONTADOR DE HISTÓRIAS




Nos tempos de minha adolescência quando fazia o curso ginasial, lembro-me bem que o meu professor de Português dedicava-se com esmero incomum a nos ensinar como fazer uma redação, assim como nos incentivava insistentemente a ter gosto pela leitura. Ficaram retidas em minha memória as estórias instigantes que ele contava; eram contos que suscitavam reflexão. E ele assim perguntava: “Levi, qual a “moral da história” que você acabou de ouvir?”. Era nessa ocasião que eu levantava da carteira e de frente para meus colegas de classe, expunha ao meu modo o que tinha depreendido do que fora exposto.


Eu e meus colegas tínhamos que ouvir atentamente as minúcias do que o professor contava, para depois resumir numa pequena frase, tudo que o conto queria dizer. Tínhamos que descobrir a moral do conto lido em sala de aula. Na maioria das vezes, as histórias eletrizantes que eu ouvia, tinham dois lados, como as duas faces de uma moeda.


E assim fui aprendendo não só a ler passivamente com os olhos, mas principalmente a ler exercitando a mente. Foi ali, junto ao velho professor de redação, que surgiram as primeiras raízes da minha árvore interior. Nascera ali o hábito pela leitura, e, eu devorava com apetite incomum livros de aventuras e fábulas, romances, etc, os quais me fizeram ver, que não devia só ler por ler. Vi que podia viajar através da leitura, através do mundo da imaginação. Aprendi também a duvidar, pois nem tudo que os meus tutores falavam como verdades acabadas, tinham lá as suas razões de ser.


Hoje, cinco
décadas distantes daquelas saudosas aulas, me ponho a pensar Naquele que foi o maior contador de histórias de todas as épocas. As parábolas que Cristo deixou, têm uma moral muito mais profunda do que a "moral" das histórias contadas pelo meu velho professor de Português, porque elas tocam o meu interior, sondando instintos e desejos escondidos no fundo e escuro mar do meu inconsciente. Instintos esses, que às vezes, afloram a superfície de minha consciência sob a forma de afetos antagônicos.


Ponho-me a imaginar o que seria de nós, cristãos, sem essas belas histórias que os Evangelistas da Igreja Primitiva cuidadosamente deixaram registradas. O que seriam dos Evangelhos se não fossem as Parábolas que Cristo contou um dia?


Quero ressaltar aqui, dentre elas, uma daquelas histórias das quais ainda hoje tiramos lições nos campos da moral, da religião, da filosofia e da psicanálise ─ a "Parábola do Filho Pródigo". Essa parábola mostra de uma forma irretocável, o verso e o reverso, o lado direito e o avesso do belo bordado existencial humano, nela estão expressas a Lei e a Graça, o afeto do ressentimento e do arrependimento, como as duas faces da moeda que representam o homem frente as suas vicissitudes e contradições. É a história de dois filhos, que na verdade, são metáforas do nosso “eu” contraditório. Não creio que o Grande contador de história, Jesus Cristo, nessa emblemática parábola, tivesse a intenção de acusar quem quer que fosse.


A beleza e a profundidade dessa história só aparecem com todas as suas cores e nuances se a levarmos para dentro de nós mesmos. Só assim fazendo é que poderemos descobrir que no nosso coração podem habitar corolários antagônicos: de um lado o arrependimento, a misericórdia e a graça na pele do filho pródigo; do outro lado a face amarga da inveja, do ressentimento que se apodera de nós, como um sentimento de injustiça quando não somos reconhecidos pelos nossos próprios méritos ─ é o que simboliza o irmão do filho gastador, da parábola. De um lado, um descumpridor da Lei, que reconhece que não merece ser chamado mais de filho, e deseja ser agora um simples empregado do Pai. Do outro lado, um irmão que se considera melhor que o outro, confundindo santificação com submissão e repressão dos desejos básicos (tinha vontade de comer um cabrito assado com os seus amigos, mas nunca teve a coragem de expor isso para o seu Pai, talvez pelo medo de ser reprovado).


Todas as histórias
contadas pelo Mestre dos mestres têm no seu bojo uma parte de nós mesmos. Entender as Suas parábolas é o maior exercício que podemos realizar para nos conhecermos mais profundamente. As histórias que Cristo contou, que estão registradas nos Evangelhos, nos convidam a refletir ─ como na parábola do filho pródigo ─ sobre os dois herdeiros de um mesmo Pai, que apesar de tão antagônicos, tão paradoxais, podem habitar dentro de uma mesma alma.


A razão maior da releitura dessa significante parábola foi demonstrar que o homem é essa mistura de necessidades e instintos animalescos, como também é abertura para o que é Transcendente e Divino. O nosso humanismo reside na tensão ou no equilíbrio entre os dois herdeiros da parábola, que temos dentro de nós. O Pai “da parábola” deu provas de como se faz esse equilíbrio: “Recebeu com festa e danças o seu filho que havia se perdido, e ao mesmo tempo consolou o filho mais velho que se sentiu injustiçado e ressentido”.


Quantas vezes, aqui ou acolá, queremos nos desvestir e enxotar para bem longe o filho gastador e perdulário, para ficar só com aquele bem certinho e cumpridor dos seus deveres? Quando estivermos nesse dilema, recordemos o que aconteceu com o apóstolo Paulo, quando ao experimentar o ápice do paradoxo existencial humano, bradou dilaceradamente: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo dessa morte?” (Romanos 7: 24)


Dois mil anos
se passaram e a parábola do Pai e seus dois filhos, relatada pelo maior contador de histórias, ainda reverbera dentro de mim. Toda vez que eu a releio, me vejo por dentro, o bastante para recolher-me a minha insignificância.



Ensaio por Levi B. Santos

Guarabira, 21 de agosto de 2009

18 agosto 2009

DINHEIRO NA MÃO É VENDAVAL




.........Naquela noite, o show de baixarias entre as duas emissoras de maior audiência desse meu sofrido e fantasioso país, deixou-me definitivamente marcado por uma decepção profunda e irreparável. Foi tremenda a tristeza que invadiu a minha alma, quando assisti ao espetáculo degradante sob o comando do Canal da Televisão que um dia imaginei que pudessse existir algo de transcendente, algo de Divino em que me agarrar para não cair nas garras do monstro midiático que manda e desmanda, ditando regras de um viver fútil, denominado “padrão global de qualidade”.

Tentei dormir nessa noite, e o sono por fim chegou, mas de um modo superficial e cheio de interrupções. Para não dizer que a noite fora de toda má, sonhei.

No sonho, fui transportado para a arena de um teatro de terceira categoria, a fim de assistir ao drama “O Vendedor de Amuletos”, como anunciava um cartaz em letras garrafais. O teatro iria fechar as suas portas, e aquela seria a última peça a ser apresentada em seu recinto. Estava sentado numa poltrona, quando repentinamente, ouvi um enorme estrondo; concomitantemente, vi bem a minha frente, um poderoso tufão arrancar do chão enormes catedrais, elevando-as no ar, e delas saíndo uma quantidade enorme de dólares, que parecia mais uma chuva de papeis picados, flutuando no ar. Depois vi aparecer um esguio senhor, meio calvo e corcunda, por entre as ruínas dos templos que o poderoso vendaval destruíra, Notei que ele tinha um ar pesadão de quem acabara de sofrer uma grande decepção. Trajava uma longa túnica vermelha acetinada, semelhante às vestes dos sacerdotes de antigamente, e carregava em suas mãos um punhado de notas de dólares salpicadas de lama; pude inclusive perceber o odor pútrido que exalava do dinheiro. O que me fez ficar intrigado no sonho foi o fato do solitário senhor, depois de toda aquela catástrofe, ainda encontrar forças para segurar um monte de notas de dólares enlameadas, como a temer que ali por perto, estivesse alguém à sua espreita para roubá-lo. Observei bem quando o homem solitário deu três passos em minha direção, e falou: “Pode me olhar nos olhos, sem medo!”. E o que vi? Vi apenas um par de olhos esmaecidos, sem vida, como que refletindo uma grande e interna solidão.

Despertei afinal, e a zonzeira que ainda me aturdia, não me deixou raciocinar para entender que as minhas lucubrações noturnas se relacionavam com os últimos acontecimentos, concernentes à lavagem de roupa suja entre duas grandes redes de Televisão.

Teria sido aquilo um sonho mesmo, ou teria sido o eco de minha indignação que me fez imaginar dormindo, tudo o que o coração desejava para por fim a uma pervertida e melancólica epidemia neo-pentencostal que nos últimos anos vem assolando o país de ponta a ponta?

Por um instante, cheguei a pensar que os elementos do dramático sonho que eu tivera naquela aflita noite, poderiam simbolizar a esperança que eu tanto almejava de que o comércio das coisas sagradas tivesse um dia o seu fim.

Quando o dia amanheceu, veio a minha lembrança os fragmentos de um velho samba de Paulinho da Viola, que fala sobre dinheiro e vendaval. Corri rápido para a internet, a fim de saber se a letra do samba poderia ter alguma relação com o meu sonho. Surpreendi-me ao constatar que a composição musical, realmente, tinha tudo a ver com o recente escândalo resultante da mistura explosiva entre fé e dinheiro, desde que se fizesse uma simples modificação na letra do samba, trocando a palavra "sonhador" por "pregador".

Confira caro(a) leitor(a), o belo e emblemático samba do Paulinho, que o meu sonho foi buscar lá nos cafundós do meu inconsciente, e que tem por título: "Pecado Capital"



Ensaio-ficção por Levi B. Santos
Guarabira, 18 de agosto de 2009

14 agosto 2009

"ATOS SECRETOS" ─ RECORD versus GLOBO ─ QUE PENA, MEU DEUS!

Ato secreto, para quem não está ainda familiarizado com o nome, diz respeito às velhas e surradas fórmulas tão comumente usadas em nosso país, para se burlar as leis e a Constituição.


Os “atos secretos” do Senado, que não são mais secretos porque foram descobertos por pressão da imprensa, consistiam em nomeações de parentes e apaniguados dos senadores, realizadas aos borbotões e à margem da lei, nas caladas da noite. Como sempre tem acontecido, é a reboque dos meios de comunicação que, a maioria dos escabrosos casos de corrupção é trazida ao conhecimento público. Não mais nos surpreende a quantidade de fatos imorais que surgem a cada semana, numa rotina indecorosa acobertada pela impunidade.


Recentemente, as duas maiores redes de TV do país se engalfinharam numa luta encarniçada pelo monopólio de um poder que Satanás lá no cume do monte, em Jerusalém, quis comercializar com Cristo, quando disse: “Tudo isso te darei, se prostrado, me adorares”.


Numa lavagem de roupa suja, como se diz na gíria, cada emissora acusou a outra de falcatruas, reeditando de forma analógica, os “atos secretos” do desmoralizado Senado Nacional. Os dois Canais de TV foram fundo na escavacação dos seus poluídos subsolos, e, ao mexerem no seu passado lodoso, espalharam lama pútrida para todos os lados.


A Rede Globo acusou a Record de ter construído um império de exploração da fé, através de formação de quadrilha para lavagem do dinheiro arrecadado dos fiéis. A notícia do vexatório caso acolhido pelo Ministério Público foi veiculada em cadeia nacional, nos seus mínimos detalhes.


Nessa guerra insana pelo butim dos anunciantes, ganha quem for mais astuto. E por falar em astúcia no reino desse mundo, o canal do Bispo está com a faca e o queijo, pois os seus “atos secretos” estão muito bem escondidos num lugar do Templo que ele mesmo restaurou: “o altar do santo dos santos”, protegido com unhas e dentes pelo seu “deus dos exércitos”. Ele até já tentou impactar o público com depoimentos de gente humilde e graúda, que foi miraculosamente ajudada, através de suas doações à grande “Casa do Tesouro”.


O Bispo tem tudo para ganhar essa parada. Olha que ele não é bobo, e sabe muito bem como usar o Velho Testamento com audácia incomum. Quem sabe se ele não ousaria fazer, para defender a sua instituição contra os seus inimigos, um acordo com o diabo, através de uma imitação grosseira, pervertida e esdrúxula do que Deus fez no caso emblemático de Jó.


Fala-se muito, e com razão, que a programação da Record é toda do anticristo, e que a aguerrida disputa com a sua concorrente, é no sentido de brigar pela hegemonia de impor o mesmo padrão global de vida voltada para o que é efêmero e fútil. Quanto à programação voltada unicamente para o consumismo, para a exploração da sensualidade e sensacionalismo barato, o Bispo que não é bobo, pode muito bem alegar, com respaldo na história de Jó contada no Velho Testamento, que está cumprindo um acordo de entrega da direção de sua emissora, durante todo o dia e a maior parte da noite ao diabo, para exploração da carnalidade e outros atrativos do reino das trevas. Satanás é exímio mestre em ganhar audiências.


Chego mesmo a pensar que o representante maior da instituição não titubearia em fazer o seguinte trato: “Olha Satanás, tu podes usar o meu Canal como bem entenderes, mas o deixa livre nas frias e silenciosas madrugadas que não têm anunciantes, para que eu possa botar a minha meninada em campo, com suas sessões de descarrego, de retirada de encostos, de exorcismos, de supostas curas de surtos histéricos e esquizofrênicos”.


Parece-me
que a rede Globo está fadada a perder essa guerra, pois o homem universal aprendeu a manejar o Velho Testamento com o maior “Anjo de Luz” que desceu do céu. Não é a toa que ele quer dominar a terra. Olhem que ele já entrou maciçamente em 176 países. O negócio dele está muito firme. Olhem bem que o seu porte é de um velho e experiente timoneiro que navega tranqüilo, de vento em popa, no seu luxuosíssimo navio, com a boca escancarada rindo na cara de todo mundo.


É bom não esquecer que o seu discurso dá a entender que o véu do Templo foi restaurado, o local do “santo dos santos” reconstruído, assim como a “arca” inviolável que guardam os “atos secretos” de um reino universal da prosperidade, que definitivamente, não tem nada a ver com o reino de Cristo.


Quando o povo
que se chama pelo nome de Cristo entenderá que templo, altar, arca da aliança e “santos dos santos” não têm mais sentido para os que O aceitaram?


O véu do templo
foi rasgado de uma vez por todas para que pudéssemos ter Deus bem pertinho de nós através do seu Filho, nos tratando de igual para igual como irmãos.


O que fazer
, senão se indignar, ao ver o sumo sacerdote da modernidade com seu carisma teatral, a enganar multidão de incautos; reconstruindo tudo o que Cristo desconstruiu, para uma volta ao passado dos sacrifícios e holocaustos, desta feita, em suntuosas catedrais regadas pela seiva mundana do deus Mamon.


QUE PENA, MEU DEUS!


NOTA DO AUTOR: Para entender melhor a trama dos "atos secretos" > CLIQUE AQUI

Ensaio por Levi B. Santos


Guarabira, 13 de agosto de 2009

08 agosto 2009

UM CIRCO EM EXTINÇÃO CHAMADO "SENADO"





O espetáculo deprimente de ontem à noite veiculado pela televisão, mostrou com cores fortes a agonia de um senado em morte lenta.

Metaforicamente falando, nada mais resta da cúpula côncava do senado, projetada por Oscar Niemeyer, que pensou, quando da construção de Brasília, que aquele símbolo retrataria um local propício à reflexão, serenidade, ponderação, equilíbrio, onde pudessem ser valorizados o peso da experiência e o ônus da maturidade”. Mas foi tudo um sonho. ACABOU.

Hoje, quando um mar putrefato de sórdidos procedimentos invade com tamanha força as nossas instituições políticas, para nossa reflexão, faz-se necessário relembrar aqui, trechos de um discurso proferido no Senado Federal em 1914 por aquele que foi um dos maiores oradores de nossa história, “Rui Barbosa”:


“A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal de nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo o nosso descrédito é a miséria suprema desta pobre nação”.

“A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem, cresta em flor o espírito dos moços, semeia no coração das gerações que vem nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas”.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver se agigantarem os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”


O emblemático discurso acima, bem que poderia ser afixado com letras garrafais em uma enorme placa na entrada do nosso Congresso Nacional.


PARA ASSISTIR A AGONIA DE MORTE DO SENADO, CLIQUE NESSE LINK:


http://noticias.uol.com.br/ultnot/multi/2009/08/08/04023170C8A99346.jhtm?escuta-essa--duelos-no-senado-engulam-digiram-e-04023170C8A99346

05 agosto 2009

"Ensaios & Prosas" Ganha Selo no Seu 3º Aniversário






Coincidentemente, acabo de receber um precioso selo no mês em que o Blog “Ensaios & Prosas” completa três anos de existência. Esta premiação veio lá de Betim – Minas Gerais, oferecida mui gentilmente por Marcelo Batista Dias – editor do blog “Ecclesia reformata sed semper reformanda”.


Como ser humano, regido pelo paradoxo do querer Ser, sem, no entanto Ser na plenitude que o selo requer (100% cristão), quero aqui dizer que, mesmo assim, prossigo em direção a esse alvo, sabendo de antemão que, apesar dos meus maiores anseios em alcançar essa perfeição, ela só será atingida na imortalidade, quando já não mais teremos esse “corpo corruptível”, como bem disse o apóstolo Paulo.


Foi justamente aqui nesse cantinho cedido pelo Google, que livre das limitadas paredes de um casarão obscuro chamado “doutrina”, pude enfim exercer a liberdade de dizer o que penso, em forma de prosa, versos, crônicas, ensaios, reflexões e paródias, sem medo da censura repressora e reacionária dos diversos campos do saber. Através da arte de blogar fiz muitas amizades sinceras. Foi navegando nesse imenso mar cibernético, que encontrei muitos amigos com os quais logo me identifiquei. Ainda guardo na lembrança o meu primeiro comentário na blogosfera cristã: foi uma opinião que emiti para abolir púlpito, gravata e paletó no recém criado “Púlpito Cristão”. O Leo respondeu: “Topo uma campanha contra gravata e paletó, mas tire o púlpito desse meio”. Ao que respondi mais ou menos assim: “Ora meu caro Leo, o púlpito serve mais às vaidades de quem está lá em cima do que a Deus”.


Recentemente, tenho dialogado com um grande companheiro de jornada ─ o colega de profissão Dr. Tony Ayres do blog Psicoterapeuta Cristão. Lembro-me bem de um dos seus entusiásticos comentários a mim endereçado, quando disse: “Creio que esta é uma das maiores bênçãos da Internet; através dela, encontramos verdadeiros amigos com os quais podemos solidificar a nossa fé e promover o mútuo crescimento, mesmo que eles morem a muitos quilômetros de distância”. Concordo com ele, quando certa vez disse para mim: “a nossa interação tem proporcionado uma reflexão profunda, do tipo da que não encontramos nas igrejas”.

É nesse espaço que tenho deixado as minhas emoções mobilizadas, meus símbolos, minhas marcas registradas sob a forma de palavras. A telinha do computador tem sido o meu papel e o meu “pombo-correio” dos recados que desejo transmitir aos meus amigos leitores. Se não houvesse um destinatário, se perderia a razão de minha escrita digital. Ao escrever sobre aquilo que poderia ter vivido, e não vivi, descrevo algo de mim, que como uma sombra reprimida, é projetada para o exterior, à guisa de reciprocidade do nosso interlocutor. Nas entrelinhas do que escrevo, às vezes, deparo-me julgando o outro, sem atentar que nesse julgamento estou projetando o meu “eu faltoso” sobre o meu próximo. É mais fácil censurar no outro aquilo que não admitimos em nós.


Seria inumano se não me sentisse gratificado pelas palavras e metáforas que até aqui deixei registradas, e, enquanto passam as páginas cinzentas dos dias e as páginas negras da noite, vou mergulhando mais intensamente a minha alma nesta arrebatadora cascata de letras, dádiva de Deus, concebida pela escrita e a leitura. E assim vivo, vivo, por isso escrevo.


Nesses longos 36 meses em que me dediquei à escrita “virtual”, o início do caminhar começou como uma brincadeira familiar, em que me deliciava em caricaturar em contos e crônicas provinciais, as figuras da família, as histórias engraçadas vividas por mim, pelos filhos e netos, e algumas invencionices de minha alma fugidia, como escapismo do mundo tão real e duro. Ao tentar fazer literatura algumas vezes, vivi outras vidas, outros mundos, em estórias mil. Procurei viver outras aventuras na pele de outros personagens, já que nossa vida é tão curta, tão breve, como diz o Salmo 103: “quanto ao homem, os seus dias são como a erva, e como a flor do campo, assim floresce; passando por ela o vento, logo se vai e o seu lugar não se conhece mais”.


Quando num certo momento da história do aniversariante (o Blog), parecia mesmo querer terminar sua jornada, já que pensei mesmo em parar de escrever, tive a doce e cativante alegria de ser, aos poucos, a cada dia, alimentado pelos imerecidos comentários dos leitores amigos, que sem saber ou perceber, contribuíram para a continuação dos trabalhos aqui publicados, fazendo parte mesmo de tudo o que estava sendo cozido na panela do pensamento.


Para não cometer injustiças, não vou citar os nomes dos muitos amigos virtuais que interagiram comigo nessa caminhada de três anos. Eles estão aí presentes nos enriquecedores e lúcidos comentários, que marcaram indelevelmente os diversos ensaios por mim postados Ultimamente, os textos que escrevi, em sua maioria, foram no sentido de nos levar a uma reflexão mais profunda sobre o grave momento que estamos atravessando, em que tantas heresias e deturpações são lançadas na mídia gospel no intuito de solapar o verdadeiro Evangelho de Cristo.


Que a graça Divina nos faça sempre entender que tudo que aqui escrevemos não vem de nós ─ é um dom gratuito de Deus.




Por Levi B. Santos
Guarabira, 05 de Agosto de 2009




P.S.: As regras de premiação recomendam que eu escolha cinco blogs para conceder esse honroso selo. Aí vão eles: