03 janeiro 2022

As FACES PARADOXAIS do DEUS ‘JANUS’ (Janeiro)

 



As duas Faces do Deus ‘Janus’ 


A história do homem se repete porque ela é cíclica dentro do tempo infinito das eras. “O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo o mesmo e eterno circuito". (Eclesiastes 1:6).

Na mitologia romana, a porta que o Deus dos INÍCIOS, ‘JANUS’(Janeiro) abre, é ao mesmo tempo, entrada e saída. No CARROSSEL do TEMPO, suas duas FACES (uma oposta a outra) simbolizam a metáfora mais autêntica de que o PASSADO, PRESENTE e FUTURO se intercalam ao sabor das circunstâncias.

As guerras de hoje, no fundo, têm a mesma força destruidora das de outrora. O ódio que as move vem do mesmo núcleo estrutural. Mudaram os personagens, mas a natureza humana continua a mesma. No lugar de armas toscas como lanças e espadas bíblicas usadas contra os inimigos de antigamente, temos hoje armas muito mais sofisticadas, como é o caso do arsenal mortífero em mãos das redes sociais. Pasmem, é em nome de Deus que executam com precisão a disseminação de notícias falsas com o intuito de desinformar e confundir a incauta população.

As desculpas e razões para explicar a intolerância entre as gentes continuam sendo as mesmas dos primórdios. Enfim, nada mudou debaixo do sol, como bem disse o autor de Eclesiastes. A incessante busca dos prazeres que consomem a maior parte da vida do homem é a mesma dos tempos remotos. Ela tem a mesma seiva de milênios de anos atrás. Os canais por onde deságua a agressividade latente que está em cada um de nós, em nada diferem daquela dos tempos passados. Mudam-se as formas externas, porém, na essência tudo continua igual.

Apesar de renovarmos nossas apostas por um ANO com menos dissabores, no campo da POLÍTICA, por exemplo, muda-se apenas a cobertura, e o BOLO permanece com os mesmos sabores e ingredientes dos que foram feitos em JANEIROS que já se foram.

Será que a hipocrisia que Cristo tanto combateu entre as lideranças de seu povo, não é a mesma de hoje?


O longo capítulo de Mateus 23 (Ai de vós hipócritas!) proferido por um Cristo indignado contra os Fariseus e Escribas de sua época, por acaso, não ressoa hoje com a mesma intensidade da proferida naquele longínquo passado? Será que atuais dirigentes e líderes dos povos sedentos de justiça não estão a reeditar os fatos do passado? Se a história é cíclica, ela se repete. Ficando claro e evidente que os fariseus e escribas, de hoje, continuam agindo e semeando a discórdia como faziam nossos antigos ‘líderes’. Todas as tiranias (as atuais e as de ontem) fazem parte da história de alguns indivíduos, ou grupos no poder, que se servem de violentos recursos para, inconscientemente, exteriorizar os seus sentimentos mais animalescos.


Raciocinando bem, o tempo não passa; nós é que passamos por ele. O que vemos hoje como novidade, já o foi no passado, como disse sabiamente o autor do livro de Eclesiastes (1:9): o que foi, isso é o que há de ser, e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há de novo debaixo do sol.”


Entra ano e sai ano, mas a caminhada implacável do tempo sempre é a mesma. O que notamos exteriormente em nós, de mudança, são apenas as marcas visíveis e indeléveis que o
TEMPO vai deixando em nossos corpos, à medida que passamos por ele. Em todo o tempo as virtudes, as vicissitudes e aflições são as nossas companheiras indissociáveis. Se nos despirmos dos trajes das representações no grande teatro de nossa vida de relacionamentos, e mergulharmos em nós mesmos, é que poderemos perceber os instintos mais rudes que estão escondidos lá no mais profundo do nosso ser o tenebroso e escuro oceano chamado pelo pai da psicanálise “inconsciente”. O apóstolo Paulo num dos seus profundos mergulhos em si mesmo, reconheceu que nele não habitava bem algum (Rom. 7:18), para logo depois, exclamar: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”(Rom. 7:24)


O homem criou fórmulas para encaixotar o tempo em calendários astronômicos e lunares uma tentativa de dar forma a mudança dos dias rigorosamente iguais. No girar constante do tempo a que denominamos semanas, meses, anos, décadas, séculos e milênios, nada mais fazemos senão transubstanciar o vazio do ‘NADA’, dando-lhe “carne e ossos” para chamá-lo de “tempo”.



Por Levi Bronzeado

Guarabira, 1° de Janeiro de 2022