06 maio 2021

A Volta das CRUZADAS do 'Deus Acima de Todos'





(Cavaleiro Cruzado)


Logo após o ataque às Torres Gêmeas (Nova Iorque ─ EUA) em 11 de setembro de 2001, o republicano George W. Bush decidiu reacender, em seu país, as ‘CRUZADAS’ da idade média do velho continente. Para nomear ou dar nome a essa guerra como ato de vingança, adotou o discurso maniqueísta de: os que estão do nosso lado são do BEM, e os que estão contra nós são do MAL. Osama Bin Laden foi, enfim, o nome escolhido por Bush para ser o inimigo ideal da nação ferida em seu orgulho; inimigo a ser caçado na Cruzada nominada ou batizada de ─ “Justiça Infinita” ─, sob a égide de um suposto “Deus que estava acima de tudo e de todos”.

O certo é que o conflito contra os muçulmanos (os do mal?), em nome do ‘Deus Acima de Tudo’ da geração do Tio Sam(os do Bem?), após o atentado às Torres Gêmeas, ressuscitou as CRUZADAS do período de 1096 à 1272 ─, guerra que visava a tomada da Jerusalém dos muçulmanos pelos cristãos dos principais países e reinos do velho continente, em um mega-conflito que durou quase duzentos anos. As Cruzadas foram um projeto tão criminoso que São Francisco se indignou a ponto de exclamar: "vim converter os infiéis e descobri que os que precisam de fé não são os guerreiros muçulmanos, mas os soldados de Cristo e,  antes de mais nada, os bispos que os conduzem" (Vide: 'O Livro Negro do Cristianismo' - página 18 - Ediouro)

Na pós-modernidade, estimulado pelo arquétipo dos cavaleiros cruzmaltinos, os cristãos americanos revestiram-se dos símbolos da idolatrada pátria para, num insano ufanismo nunca antes visto, editar mais uma vez a guerra fratricida(de irmãos contra irmãos) para fins terrenos, políticos e mundanos.

Não deu outra, Hollywood, ressurgiu para encetar uma TRÉGUA entre a face mercantil e mais sutil do 'Deus-Pai' da nação ocidental, sob o nome de Javeh, e a contra-face que, na ótica dos combatentes cristãos era a mais ameaçadora desse mesmo 'Deus-Pai', adorada pelos muçulmanos, com o nome de Alah (palavra que na língua árabe representava o mesmo Deus de Noé, Abraão, Moisés e Davi). 
O diretor de cinema, Ridley Scott, finalmente recebeu a autorização para, em 2005, lançar no mercado religioso o filme ─ ‘CRUZADA’ ─, espetáculo bem produzido para angariar a empatia tanto do público ‘cristão’, quanto do público muçulmano.

O presidente dos EUA, com sua mente doentia e perversa,  considerava-se o representante divino da ‘maior potência mundial’, agraciada com o poder de enfeitiçar os súditos, cuja missão principal era a de colocar seu próprio Deus no lugar mais alto do pódio, ou seja, em um lugar ‘ACIMA DE TUDO e de TODOS’, rebaixando aos lugares terrivelmente inferiores o Deus dos muçulmanos que eles consideravam vil. Coube ao republicano, George W. Bush, incendiar sua nação de fundamentalistas cristãos, trazendo de volta o espírito das antigas Cruzadas dos séculos X, XI e XII(tempo em que muitos muçulmanos, para não morrerem, foram obrigados a se “converterem” ao cristianismo).

Ainda hoje, os evangélicos de lá e os de cá do novo mundo usam o termo CRUZADA em suas campanhas de convencimento para ganhar almas para $eus rebanho$.

Pasmem senhores e senhoras, aqui, nas terras de D. João VI, consideradas o quintal do Império do Tio Sam, a ação perversa de se usar frases bíblicas ganhou contornos políticos e mundanos jamais imaginados. Em todas ações escusas e corruptas de propaganda política, intrometem, sem a menor cerimônia, o nome do ‘Deus-Javeh’ como meio mesquinho e ignóbil de angariar votos, apoio das massas e ‘favores’ inconfessáveis.

Os cruzados de outrora, à maneira dos militantes de hoje, eram também chamados de ‘militância de Cristo’ na ferrenha luta pela recuperação dos lugares alegadamente sagrados da Palestina; altaneiros, carregavam uma cruz em lugar bem visível de suas indumentárias, símbolo maior do ‘cristianismo’. Essa ‘Cruz de Malta’ tinha pouca diferença da ‘Cruz de Ferro’ que deu origem a suástica nazista. Por falar em suástica, coincidência ou não, saliente-se, que o morticínio dos judeus campeou tanto através das malditas Cruzadas, quanto sob o regime totalitarista do genocida maior do Terceiro Reich.

Nos dias atuais, mais do que nunca, versículos da Bíblia são pinçados e reverberados em alto som, como formas de seduzir o filão mais conservador da sociedade. “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!” ─ é um dos bordões mais usados e abusados, hoje, para fins espúrios e nocivos. Mas esse artifício do reino das trevas vem de longe, e não se constitui nenhuma novidade. A História mostra que Deus, na sociedade festiva, nunca foi instrumentalizado para fins éticos, espirituais, transcendentais ou divinos, mas sim para vergonhosas barganhas e fins profanos. Não custa nada lembrar Hitler, cuja violência foi perpetrada no suposto nome do Deus Cristão. No livro Mein Kampf”, o genocida alemão cita 20 vezes o nome de Deus. No cinturão de todos os soldados ou guerreiros do Fuhrer estava lá escrito: 'Deus está conosco!' ─, lema que na idade média era monopólio da ‘Ordem Teutônica’.

EM RESUMO: a História das CRUZADAS é cíclica, ou seja, a essência de seu passado está sempre se repetindo, ou retornando à cada época de grandes  crises. Na verdade, aquilo que se percebe hoje como mudança, é apenas uma sutil e astuciosa enganação que não resiste ao crivo do tempo e da razão.


Por Levi B. Santos
Guarabira, 06 de maio de 2021