Atinge as raias do absurdo, o que vemos no interior de nossas cidades durante os sessenta dias que antecedem as eleições. Nem parece que vivemos na era de ouro da comunicação, onde tudo que é de informação chega as nossas casas, através da TV, da internet, do rádio e dos jornais. Época de propaganda eleitoral se tornou sinônimo de conturbação, confusão no trânsito, desrespeito ao cidadão, que não sossega um minuto sequer, sem que seja molestado por uma barulheira ensurdecedora de provocar distúrbios auditivos tanto em crianças como em idosos. Não há o mínimo de respeito ao silêncio no “horário nobre”, no interior das residências. E o que dizer dos engarrafamentos monstruosos que os carros de propaganda e passeatas provocam nos dias de feira, perturbando o ir e vir dos pais e mães de famílias, que cumprem a obrigação semanal na compra de produtos para a sua sobrevivência.
São os próprios candidatos e partidos que, numa atitude insana, decidem como, e o que veicular para chamar atenção do eleitor. Se não respeitam o mais simples código de convivência; se não entendem que estão ferindo o direito do outro, como irão se comportar esses candidatos quando estiverem com o poder nas mãos?
O STF recentemente se pronunciou sobre a propaganda eleitoral de forma até certo ponto sutil, dando um basta nos shows-comícios que torravam uma parcela considerável dos nossos suados impostos. Agora há pouco um Juiz Pernambucano proibiu carreatas em sua cidade. Quando aqueles que se arvoram em reger os destinos de um povo, sem nenhuma parcimônia, desrespeitam a tranqüilidade de uma cidade, só resta a Justiça se pronunciar de forma dura.
Não há mais razões para tantos excessos, distorções e abusos praticados nas ruas em nome de uma insensata propaganda eleitoral. Se em cada recanto, em cada casa, a mais longínqua que seja, existe um rádio ou um televisor para transmissão das idéias (se é que existem) dos candidatos, não há como tolerar a baixeza e a infantilidade gritada aos quatro cantos das cidades, em serviços de alto-falantes ajustados ao máximo de sua potência.
Comícios, carreatas e passeatas são modelos de campanhas que, de tão desgastados e ultrapassados, não deviam fazer parte do cardápio político atual. Nos tempos antigos essas formas de propaganda política tinham sua razão de ser, pois o cidadão não dispunha dos modernos meios de comunicação que se tem hoje.
A letargia e a inércia mental contaminam a muitos nessa época de alvoroço e intranqüilidade. Tudo é feito de uma maneira escancarada e vergonhosa, como se os eleitores fossem meros receptáculos para deposição de idéias estapafúrdias com rótulos de “política saudável”. Alguns mais afoitos chegam até usar o nome de Deus em suas artimanhas eleitorais. Outros picham frases esdrúxulas e sem sentido nos muros e paredes residenciais num verdadeiro atentado às regras gramaticais mais simples de nossa língua. Desse modo o país vai vivendo o paradoxo de ter um sistema de votação eletrônico exemplar, ao lado de um modelo obsoleto de campanha eleitoral que nada esclarece. Antes, ludibria e confunde a cabeça do humilde eleitor.
.......................Texto de: Levi Bronzeado dos Santos
.......(Reproduzido no Jornal Correio da Paraiba de 02/09/2008)
.......................Guarabira, 03 de Setembro de 2008