“Com a recentíssima eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, os americanos renovam seus sonhos e remoçam suas esperanças no verdadeiro “sonho” americano, propalado no passado pelo reverendo Martin Luther King.
Barack Obama não representa somente a vitória sobre o racismo velado de hoje em dia, que encobre as atrocidades do passado, nem tão pouco a ascensão do menino negro e pobre da periferia lutando contra um sistema injusto e excludente. É a vitória do novo contra o velho, a vitória do vanguardismo idealista-progressista contra o conservadorismo arcaico e provinciano do pensamento Republicano. Obama é mais do que o mundo esperava em seus mais lindos sonhos. Obama é a oportunidade mais certa e perfeita no corpo de um homem, a chance mais concreta que os norte-americanos têm de se reconciliarem com o mundo, o momento azado para fazer as coisas certas, no momento propício.
Barack Obama acena como um pequeno fio de esperança que pode ressuscitar os ideais democráticos americanos mais longínquos, esquecidos desde a época da Declaração de Direitos, perdidos na noite do tempo. Obama pode, e tem plenas condições de mudar a forma e orientação política com que a os americanos conduzem os seus laços internacionais com a comunidade internacional, deixando de lado a arrogância monologal americana e repensando as posições arbitrariamente unilaterais que marcaram o governo Bush, no que diz respeito á guerra no Afeganistão e no Iraque, e no que tange as questões ecológicas que versam sobre o aquecimento global e a poluição, podendo rever a sua posição em relação aos tratados. Obama é ainda um sopro de vida para os pulmões tão violados dos Direitos Humanos, e até mesmo pela sua origem humilde e formação humanista, representa um “sinal” de bonança para Cuba, e para por um fim no absurdo de Guantánamo. A vitória de Obama é a vitória da democracia, do multiculturalismo, do diálogo, do pensamento, das idéias, do progresso, do moderno, do humanismo. Obama representa a possibilidade de mudança no diálogo da nação mais poderosa do mundo com o próprio mundo. É como se os americanos agora tivessem a chance de verbalizar suas idéias no mesmo idioma do mundo inteiro. E dependendo dos seus posicionamentos, sendo ele, o homem mais influente e importante do mundo à frente da “máquina americana”, pode influenciar a política mundial, interferindo significativamente na orientação das políticas internacionais em relação às nações subdesenvolvidas e a questão da pobreza e da miséria na África, Índia, etc., pode mudar o foco do pensamento ocidental sobre os grandes problemas do nosso mundo pós-moderno.
Portanto, saudemos a esse jovem negro idealista, que chega à Casa Branca como o arauto benfazejo da esperança em dias melhores, dias tão intensamente almejados por um mundo sedento de Paz e Justiça”
(George Bronzeado)
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O emblemático e empolgante texto acima, relatando os ecos da vitória de Barack Obama, partiu da pena e do coração de um jovem sincero da pós-modernidade, moço já experimentado às asperezas da injustiça que campeia tanto na política, como na economia da maior nação do planeta que vem tomando, de há muito, a responsabilidade de reger os destinos do mundo ocidental e parte do mundo oriental.
Não queria por água na fervura dessa geração que vem depositando tantos anseios, tantos projetos de vida por um mundo melhor com a eleição recente de Barack Obama. Quisera eu ter a mesma ênfase, e a mesma esperança. Porém, no coração cansado de um velho pai, de 63 anos de idade, reverbera um sentimento de frustração imprimido por antigos sonhos inacabados, que se tornaram projetos infinitamente adiados. Na cabeça desse velho estão bem vivas as lembranças de Getúlio Vargas (o defensor do pobre?), de Jânio Quadros (a vassoura que varreria a imundície do país?), de Collor de Melo (o caçador de Marajás?) e mais recentemente LULA e sua turma do “sem medo de ser feliz”.
Assim como aconteceu com Obama lá no hemisfério norte, ocorreu com o nosso atual presidente. Ambos vieram das camadas paupérrimas de um sofrido povo. Para mim e para muitos, a eleição do propalado torneiro do ABC paulista, traria a redenção e a moralização do país, e deu no que deu. Não haveria pessoa melhor para resgatar a moralidade do que aquela que vivenciou as maiores agruras no esturricado e infértil sertão Pernambucano. A esperança que os Americanos hoje depositam em seu novo presidente, foi a mesma que depositei em um homem de dores, acostumado a sentir na pele o peso da miséria, da fome e da exclusão. E o que vi, foi uma monstruosa máquina espoliadora triturar tudo de bom que tinha imaginado, fazendo-me baixar a cabeça, e ter vergonha de ser brasileiro, diante de escândalos nunca antes imaginados.
Assistindo no momento a euforia generalizada em torno de um jovem negro assumindo o trono da maior e mais poderosa nação do mundo, me vem a grande pergunta: “O que fará por uma nação que se diz cristã, um homem de uma raça que, apesar dos ventos do progresso, vem sendo duramente castigada e injustiçada há séculos?". Vejam o que ocorreu com os habitantes de Nova Orleans em sua recente tragédia ─, que como fruto de uma proposital incompetência ─ foram abandonados ao Deus dará, pelas próprias autoridades.
A engrenagem de uma máquina que privilegia o capital em detrimento dos que nada têm, por acaso aceitará em seu mecanismo insano, um Obama decidido a reparar injustiças, a ressuscitar a ética e a honestidade na coisa pública? Ou será simplesmente ele, uma voz no deserto a clamar como João Batista: “arrependei-vos...”.
Ao ver jovens alegres, cheios de ufania, batendo no peito e gritando ─ “Obama, a esperança”, me refaço, me recomponho, procurando não deixar transparecer o desânimo e a decepção que me persegue. De longe, mesmo tocado pelo ceticismo, fico torcendo para que os “Herodes” do mundo globalizado não destruam mais um grande sonho da juventude americana sedenta de justiça.
Levi Bronzeado dos Santos
3 comentários:
Penso que, enquanto os homens colocarem sua esperança no HUMANO, sempre haverá motivos, de sobra, para a decepção e frustração. A nossa esperança deve estar fundamentada naquele que é o CAMINHO e a VERDADE e a VIDA.
A vitória de Obama é o sonho de Martin Luther King que torna realidade.É o reconhecimento da liderança de uma raça que foi sempre subjugada nos Estados Unidos.Tenho medo que não calem esta voz que surge como fisseram com kennedy e o proprio martin.
Nos EUA, a redenção foi feita no momento da vitória de Obama. No Brasil, na Rússia, na China, isto ainda está para acontecer. Quando a gente, não tem identidade à Nação, fica à deriva. Veja o caso da FNS ou FUNASA(antiguo FSESP), agora, têm, dois tipos de funcionários, os que receberam, aumento e os que não receberam! Pode?!!!...
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