16 junho 2009

Ai, Que Saudades da Igrejinha (Paródia II)



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. ........Ataulfo Alves, o menino de Miraí – MG, teria completado 100 anos no dia 02 de maio de 2009, se vivo estivesse.


..........Esse ícone do samba brasileiro buscou inspiração para suas famosas músicas através da própria experiência de vida.


Foi trabalhador da roça, plantador de café, milho e arroz. No Rio de Janeiro, conheceu a vida das gentes humildes, trabalhadoras e sofridas dos morros e favelas. Foi naquele meio, que ele encontrou a inspiração incomum para junto com seu parceiro, Mário Lago, compor um dos maiores sambas de todos os tempos, conhecido por todo brasileiro, de norte a sul do país. Trata-se, nada mais nada menos, de “Ai ,que Saudades da Amélia”.


Amélia era aquela mulher do subúrbio do Rio de Janeiro, que sustentava nove filhos com dedicação, amor e responsabilidade. Essa companheira fiel do Ataulfo não tinha realmente tempo para se dedicar à frivolidade egocentrista. Ela e o velho sambista viveram momentos de aflições permeados com raros momentos de alegria, mas sempre juntos, numa cumplicidade espontânea e cheia de graça.


A primeira estrofe do samba fala da Amélia da modernidade - aquela que vive em função da vaidade. Enquanto que a segunda estrofe versa sobre a velha “Amélia”, que sem maldade e egoísmo, deixa transparecer a verdade, na sua maneira de ser. Amélia era assim definida: "Boa mãe, boa esposa e boa dona de casa".


Foi refletindo longamente sobre a letra dessa música, que resolvi fazer esta paródia (a segunda do blog). Fiz uma analogia entre a Amélia de Ataulfo Alves e a Igrejinha do interior, dos meus tempos de menino, nos anos sessenta. De forma metafórica, não restam dúvidas de que a igreja atual tem muito a ver com as "Amélias" de hoje.


Leiam primeiramente a letra de “Ai, que Saudades da Amélia”, para em seguida conferir a paródia: “Ai, que Saudades da Igrejinha".



Ai, Que Saudades da Amélia



Nunca vi fazer tanta exigência,
Nem fazer o que você me faz.
Você não sabe o que é consciência,
Nem vê que eu sou um pobre rapaz.
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer.
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia,
Aquilo sim é que era mulher.


Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: "Meu filho, o que se há de fazer?"
Amélia não tinha a menor vaidade.
Amélia é que era mulher de verdade!


(Ataulfo Alves e Mário Lago)





Ai, Que Saudades da Igrejinha



Nunca vi pregar tanta indecência,

Nem se mostrar tão incapaz.

Você não sabe o que é complacência,

Só sabe ensinar o que lhe apraz.

Você só pensa em luxo e riqueza,

Se vende por uma nota qualquer.

Ai meu Deus que saudades da igrejinha;

A igrejinha sem uma mácula sequer.



Muitas vezes saía dela calado,

Mas encontrava sempre o que colher.

Quando me via contrariado

O pastor dizia: "Meu filho, Deus tem poder!"

A igrejinha não tinha a menor vaidade;

Na igrejinha só se pregava a verdade.

A igrejinha não tinha a menor vaidade;

Na igrejinha só se pregava a verdade.


(Paródia por Levi B. Santos)



P.S.: Querendo ouvir o velho samba de Ataulfo Alves, é só clicar aqui:


cortesia de www.letras.com.br

6 comentários:

Rodrigo Melo disse...

Muito bom o post!!

Aliás, como sempre!

Ruy Marinho disse...

Muito bom! Parabéns pela paródia.

Este é o Sombrinha... canta muito!

Abraço Levi!

Ruy - Blog Bereianos!

Levi B. Santos disse...

Pois é, meu caro Rodrigo Melo.

Isso aí, foi resultado de uma crise de saudosismo de que fui vítima em uma noite de insônia.

É bem possível que o velho aqui, com essa sua paródia tenha desagradado à maioria das “Amélias da modernidade”.

Contudo, vou dar uma de Pilatos: “O que escrevi, escrevi”.

Um abraço fraternal,

Levi B. Santos





Prezado Ruy Marinho


Esse, se não me engano, é o Sombrinha do conjunto “Fundo de Quintal”, se esbanjando todo na interpretação de Amélia.

Quanto à paródia, difícil mesmo, foi procurar um sinônimo de “igreja” para rimar com “Amélia”. Mas, aqui pra nós, o sambista Ataulfo devia com certeza chamar a sua Amélia de Amelinha.
Portanto, fica subentendido que, “Amelinha” rima com “igrejinha”.


Cordiais saudações,

Levi B. Santos

Antônio Ayres disse...

Prezado amigo Levi:

Como você, também conheci a Igrejinha de ontem. E, como você, também conheço a opulenta Igreja de hoje.

Honestamente, creio, que com o advento da Internet e dos blogs, está colocada sobre as nossas mãos a responsabilidade que cabia aos profetas de ontem.

Por essa razão, acredito que você não precisa se incomodar "as Amélias" de nossos dias.

O importante é não "enterrar" o talento recebido.

Um abraço do amigo

Tony Ayres

glauciasemfalas disse...

Quando eu era adolescente, década de 70, ouvia sempre o Projeto Minerva, foi através deste programa de rádio que conheci os grandes nomes da nossa música.

Lamento que não existam mais programas como aquele, que mesmo em meio a Ditadura Militar me ensinou tanto sobre música brasileira.

Gostei da sua paródia, ficou excelente. Você é mais feliz que eu, pois conheceu a igrejinha do passado, eu nem essa.

A igreja que conheci em 1991, já carregava em si uma visão de empresa.

Só depois de ler a Bíblia é que descobri que ela não era como estava escrito na Palavra de DEUS.

Levi B. Santos disse...

Prezada Glaucia

Que saudades da professorinha (igrejinha), que me ensinou o bê-a-bá...
Jogo de botões pelas calçadas... Eu era feliz e não sabia.

É, mais isso já é uma outra mini-paródia.

Saudações fraternais,

Levi B. Santos