(Charge de um inquisidor eclesiástico)
Estava tão acostumado a ver o Caio Fábio com o seu jeitão de pregador revolucionário, vestido elegantemente de terno e gravata, com o ar altivo de quem irradia confiança e carisma, que a minha resistência psicológica ao que não é padrão, às vezes, não quer aceitar o seu novo jeito simples e humilde de pregar como quem está conversando na mesa de um botequim.
Tenho bem guardado na memória os gigantescos congressos, nos quais, ele sempre era o orador oficial escolhido por unanimidade. Lembro-me ainda do grande número de pastores que nos palanques e púlpitos disputavam um lugar ao seu lado, todos boquiabertos com a maneira enfática e convincente, que só ele possuía, ao manejar a Palavra. E eu maravilhado, o via como um comandante vitorioso em seu panteão de glória, com a espada brandindo no ar, repelindo as hostes inimigas com brados de guerra, que em minha imaginação se transformavam em dardos flamejantes espargidos no ar, ao som de aclamações que me envolviam num clima comovente e quase ficcional.
Agora, me comungo com um Caio simples e sem arroubos, desprovido de sua indumentária costumeira, trocada por uma roupa simples de homem do povo. Vejo-o mais perto de mim, como quem está conversando no terraço de minha casa, tendo nos pés apenas um par de chinelos. A grande plateia transformou-se de repente em uns poucos, mas sinceros e silenciosos jovens numa pequena sala. Sinto-me gratificado ao ouvir o Caio de hoje, mais contundente e mais incisivo nas suas críticas ao simulacro de cristianismo que por aí se prega, Vejo-me junto da “galera” ─ todos sentados em bancos duros, ouvindo ele exercitar os dons que Deus lhe concedeu.
Esqueci esse negócio de vestimenta especial dos que sentam em cadeiras altas, fofas e confortáveis dos “púlpitos cristãos”, fechei os olhos para a exterioridade e para essa casca bela e cara com que recobrimos o nosso corpo. Soltei as amarras da falsa e tradicional santidade empoeirada, e deixei-me surpreender pela fala do agora mais maduro Caio. Deixei-me flutuar ante os seus firmes, significantes e bem elaborados estudos bíblicos. As palavras que agora saem de sua boca, talvez, não tenham aquele calor que incendiava os ambientes e levava muitos ao êxtase. Hoje, eu sinto nelas, um sabor diferente, que só com o auxílio do silêncio poderão ser perfeitamente degustadas. Ouço as suas preleções como quem ouve um concerto de uma orquestra sinfônica, o qual, para ser sentido com a alma requer o máximo de silêncio.
O seu jeito mais humilde, os seus trajes idênticos aos do povão, a sua mensagem fluindo como a placidez das águas de um rio, foram fatores preponderantes para desvanecer a “Caiofobia” que me invadira há algum tempo. Então, eu pude despertar para entender que aquele mal-estar inicial que se apoderara de mim, era simplesmente o ranço do preconceito, por me ver privado agora da exterioridade do reverendo dos tempos de minha “Caiomania”. Tinha sido eu mesmo que criara um pedestal para que o antigo Caio se solidificasse em minha mente como uma imagem de escultura. Ao mudar a sua postura, o velho Caio levou consigo a imagem petrificada, que eu fizera dele ─, análogo a composição musical “A Rita”, de Chico Buarque, que aqui cito um trecho: “...ele me causou perdas e danos. Levou os meus planos, meus pobres enganos[...]”
Apesar de relegado ao ostracismo pelos fariseus de ocasião, virando “saco de pancada” dos que antes o aplaudiam, o Caio não se atemorizou nem se acovardou. Renovou suas forças, e teve a humildade e a coragem de continuar sua missão, agora mais solitário, sem os amigos de Jó por perto, sem as pompas e adulações que antes mais atrapalhava do que ajudava o seu caminhar.
No tempo de Moisés, os filhos de Israel destinavam um bode, para receber por transferência, todos os pecados por eles cometidos. Será que os “Caiofóbicos” empedernidos da atualidade não estão querendo que o Reverendo tome o lugar do “bode expiatório” de que relata a Bíblia, para então assim, se verem livres de suas próprias mazelas e sujeiras escondidas a sete chaves?
O texto acima, foi um comentário de Levi B. Santos, postado no blog "Pulpito Cristão" - sobre o texto de Leonardo Gonçalves "CAIO FÁBIO: Uma Ovelha em Pele de Lobo"
15 comentários:
Amigo Levi:
Em relação ao este seu ensaio, achei-o sensato, profundo e verdadeiro. Irretocável, como diria você.
Já com relação ao pastor Caio Fábio, cujos ensinamentos acompanho desde quando ele começou, acho (veja, é opinião pessoal minha), que devemos "examinar tudo e reter o que é bom".
Sobre a sua forma de se vestir, em minha ótica, seu objetivo é mais chocar do que identificar-se com as pessoas simples.
No entanto, a despeito de quaiquer inferências que eu ou qualquer outra pessoa possa fazer sobre a vida dele; ninguém pode negar o seu amor a Jesus, genuinamene refletido no amor que tem pelas pessoas.
Um abraço deste seu amigo.
Com o devido respeito, acho que devemos pedir ao Senhor que nos livre tanto da caiofobia como da caiolatria, porque nenhum ser humano pode ser contraponto a todos esses falsos profetas da prosperidade que infestam a nação. O contraponto a estes estelionatários da fé é o evangelho puro e simples de Jesus Cristo, que não depende de homens para ser crido.
Graça e paz!
Sobre a sua forma de se vestir, em minha ótica, seu objetivo é mais chocar do que identificar-se com as pessoas simples.
Iria falar exatamente o que disse tão bem nosso querido Tony, bem que li antes, como sempre faço, seu comentário. Assino...
Sempre amei o Caio, lembro-me do primeiro sermão q ele pregou em Recife na Ig Metodista da Madalena,quando ele não era ainda conhecido.
Acompanhei sempre que pude sua trajetória, lendo seus livros e qdo podia, indo a congressos em que ele era o pregador oficial.
Infelizmente não posso concordar que ele seja realmente este mano humilde e cheio de amor que eu sempre pensava que era.
Lí algumas vezes cartas cheias de asperezas do Caio para alguém que tentava apenas mostrar a ele que errou, críticas mordazes contra servos de Deus que conhecemos, e fui vítima também de julgamento dele, sem sequer me conhecer. Não tenho mágoas, porque entendi que ele recebeu uma educação, com todo respeito ao pai dele, de que ele sempre era vencedor. Eu lí em um comunicado dele que falava um pouco das suas memórias. Daí eu começei entender porque sempre ele atacava as pessoas que estão em evidência, concordo que o faça contra aquelas cujo pecado deve ser denunciado.
Eu percebi o quanto ele era enfermo da alma no seu próprio livro Confissões de um Pastor. É tão claro como a luz do dia...
No entanto, tenho minha esperança que no céus seremos um, sem nossas doenças.
Abraços amado Bronzeado.
Prezado Tony
Acompanho o Caio desde o início de seu ministério.
Quanto a primeira fase do Caio em que os ministros que hoje o apedrejam andavam no mesmo barco, eu guardo comigo a lembrança dos êxtases da plateia que o acompanhava. Ficava emocionado com a reverberação de suas palavras na multidão que o assistia
Hoje, nessa sua segunda fase, guardo a lembrança de um amigo simples e sensivel que conversou comigo por e-mails, dando as suas opiniões sinceras sobre temas bíblicos polêmicos, incentivando-me através de comentários sobre meus primeiros textos colocados no "Ensaios & Prosas".
Devido aos seus numerosos contatos, talvez ele não venha a se lembrar dos momentos em que mantivemos um diálogo, para mim frutífero.
Você meu grande amigo, resumiu muito apropriadamente a sua opinião sobre o Caio, quando disse:
"Ninguém pode negar o seu amor a Jesus, genuinamente refletido no amor que tem pelas pessoas".
Um grande abraço,
Levi B. Santos
Levi, pior do que pecar é defender o pecado. Uma vez pecando, uma pessoa pode se arrepender e ser restaurada. Porém, se esta pessoa tiver a sua conduta incentivada, ela jamais deixará o erro e ainda espalhará o seu exemplo para muitos a sua volta.
Prezado Hélio
Você tem razão, que Deus nos livre da Caiofobia e da Caiolatria.
Já que você tocou no tema "estelionatários da fé", não podemos negar que, hoje, são esses tipos de mercadores - os maiores inimigos do Caio, talvez, seja pelo "amor genuíno que ele tem pelas pessoas", como falou o meu amigo Tony Ayres.
Sou grato pelo seu comentário.
Aqui fica o meu abraço fraterno.
Levi B. Santos
P.S.: Apareça nesse recanto, sempre que puder.
Prezada amiga e Pastora Guiomar
A nossa caminhada é um longo aprendizado por esse chão inóspito e multiforme em pensamentos e idéias. O que dizemos para os nossos interlocutores nem sempre chega aos seus ouvidos como imaginamos.
A linguagem não é só um conjunto morto de palavras. Com a palavra, nada mais é uma coisa, tudo pode ser sempre outra. E por isso sofremos, porque queremos que ela seja fixa, petrificada e não conseguimos porque com a palavra tudo ficou instável.
A história que sabemos do homem (porque vivenciamos) não é a história do homem sem pecado lá no Éden A história que todos nós conhecemos, pois a temos por natureza, é a história pós- expulsão dos nossos primeiros pais lá do Paraíso.
A sentença pós-Paraíso foi essa: Nós, os expulsos do Éden, temos que conviver diuturnamente sendo tentados. Mesmo vigiando e orando e tendo nos pés a lâmpada que é Cristo para alumiar nosso caminho, escorregamos todos os dias, quer por palavras quer por pensamentos.
Ah! agora eu entendo muito bem a aflição de Paulo, que se dilacerando todo diante do drama paradoxal de querer almejar a perfeição, sem, no entanto poder, bradou assim: “ Miserável homem que sou, quem me livrará do corpo dessa morte”. Vamos todos nós, a cada minuto, recitar esse significante versículo com as cordas do coração.
“AQUELE , POIS, QUE CUIDA ESTAR DE PÉ, OLHE E NÃO CAIA” – Disse um outro Paulo já bem mais maduro.
Saudações fraternas,
Levi B. Santos
Caro cristão revoltado
Não posso defender pecado de ninguém. Posso até defender o pecador (é bíblico).
Na imaginação do apóstolo Pedro o limite para o perdão seria sete vezes no máximo, mas o que disse Cristo: “Não só sete vezes, mas setenta vezes sete!” (uma metáfora usada pelo Mestre, que significa perdoar infinitamente, coisa que não entra em nossa cabeça, porque somos reles humano vendido ao pecado).
Quem sou eu para julgar que o Caio não está em comunhão com Deus?
Quem sou eu e que autoridade tenho para me intrometer e fazer julgamento se um crente está ou não em pecado?
Por acaso, eu tenho o dom de auscultar os seus gemidos perante Deus?
O que devemos ter em mente, é que o próprio Cristo foi tentado (sem pecar) em tudo, inclusive na área onde O Caio confessou que caiu. Cristo foi tentado nessa área para que pudesse socorrer aos que caem nesse tipo de pecado(é bíblico). Pecado em que as pedras, ainda hoje, para os fariseus de ocasião, são o melhor remédio.
Mas nunca é demais lembrar, de que para os inquisidores da modernidade, Cristo parece que veio dificultar as coisas, ao não dar mais lugar para a hipocrisia. Ele conhece os nossos corações e sabe que muitos adulteram em pensamentos. Foi Ele quem disse em um de seus emblemáticos sermões: “Qualquer que olhar para uma mulher desejando-a, já cometeu adultério com ela”.
Vamos pensar mais nisto, caro Cristão revoltado (desculpe, eu também sou um revoltado).
Saudações fraternas,
Levi B. Santos
kkkkkkkk Eu não necessitava ter comentado.... Perdão pelo meu mau testemunho. Mereci a exortada. Eu sei amado que para cair basta está de pé.
Deixe-me só pedir uma coisa, não me chame pastora, foi meu filho que fez meu blog e ele colocou e eu não consegui tirar ainda. Prefiro ser apenas...
Amo vc com muito carinho. Abraço.
Levi, esta será a última vez que comentarei em seu blog e desta vez não apagarei o recado. Não sei por que perdi o meu tempo discutindo com você. Um sujeito que se diz cristão, mas tem entre seus autores favoritos Saramago, um comunista anticristão (redundância das redundâncias) não merece o meu respeito. Vá se converter, camarada. Pessoas como você são pequenos tumores no corpo de Cristo. Só crescem e fazem o estrago que fazem porque não são descobertos a tempo.
Deus te abençoe meu caro cristão revoltado.
Não posso, nem devo desejar para ti, tudo quanto me desejaste nesse teu comentário carregado de ódio. Perdoo-te, sinceramente, pois não sabes o que dizes.
Um abraço fraternal.
Levi B. Santos
Grande Levi,
Caramba, os comentários do "revoltadinho" são do antigo Isaías?
Putz, o que uma sexualidade reprimida não causa no ser, rsrs.
Muito bom seu comentário Caiofobiano, também curto o Caio ao extremo, rsrs.
Abraços,
Evaldo Wolkers.
Postar um comentário