26 fevereiro 2010

FREUD DIANTE DE UMA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA





No final do outono de l927, Freud, aos 71 anos de idade, recebeu uma carta de um ex-aluno de Medicina, que o levou a debruçar-se sobre o seu conteúdo, a fim de realizar um estudo psicanalítico mais pormenorizado. Tudo depois culminou com a publicação do caso num capítulo de um dos seus livros mais polêmicos, que versava sobre a religião: “O Futuro de Uma Ilusão”

Carta do jovem médico dirigida ao mestre da psicanálise:

‘Escrevo-lhe agora para narrar-lhe uma experiência que tive no ano em que me formei em Medicina. Certa tarde, ao atravessar a sala de dissecção, a minha atenção foi atraída por uma velhinha de rosto suave, que estava sendo conduzida à mesa de dissecação. Essa mulher de rosto suave me causou tal impressão que um pensamento atravessou a minha mente: “Não existe Deus”; se existisse, não permitiria que essa pobre velhinha fosse levada para sala de dissecção.”’

‘Quando voltei para casa naquela tarde, o sentimento que experimentara à visão naquela sala, fizera-me decidir não continuar indo mais a igreja. É certo que as doutrinas do cristianismo, antes disso, já tinham sido objeto de dúvidas em meu espírito’

Enquanto meditava sobre o assunto, uma voz falou-me a alma que “eu deveria considerar o passo que estava a ponto de dar”. Meu espírito replicou a essa voz interior: “Se eu tivesse a certeza de que o cristianismo é verdade e que a Bíblia é a Palavra de Deus, então eu aceitaria”.

‘No decorrer das semanas seguintes, Deus tornou claro à minha alma que a Bíblia era Sua Palavra, que os ensinamentos a respeito de Jesus eram verdadeiros e que Jesus era nossa única salvação. Após uma revelação tão clara, aceitei a Bíblia como sendo a Palavra de Deus e Jesus Cristo com meu Salvador pessoal. Desde então, Deus Se revelou a mim por meio de muitas provas infalíveis’.

‘Imploro-lhe, meu mestre, como um irmão na Medicina, para refletir melhor sobre esse tema tão importante e, posso garantir-lhe, se considerá-lo com a mente aberta, Deus revelará a verdade à sua alma, assim como fez comigo e com uma infinidade de outros...’


Considerações de Freud sobre a instigante carta a ele endereçada:

‘Enviei-lhe uma resposta polida, dizendo que ficava contente em saber que essa experiência o havia capacitado a manter a sua fé. Quanto a mim, Deus não fizera o mesmo comigo. Nunca me permitiu escutar uma voz interior e se, em vista de minha idade, não se apressasse, não seria culpa minha se eu permanecesse até o fim de minha vida, o que agora sou ─ um Judeu infiel’.

‘Saí para o meu gabinete para analisar apenas a indignação contra Deus, do meu correspondente, perguntando para mim mesmo: Será que o meu amigo ao ver a velhinha de rosto suave, não foi despertado emocionalmente pela lembrança de sua mãe? Suas idéias de “pai” e de “Deus” poderiam ainda não ter sido inteiramente separadas em seu espírito, de modo que seu desejo de destruir o pai, era o modo de justificar-se aos olhos da razão, como indignação com o mau trato dado a um objeto materno. Naturalmente, é típico do filho, considerar como maltrato o que o pai faz à mãe no seu relacionamento mais íntimo.

O certo, diz Freud, é que o jovem médico tornou-se crente e aceitou tudo que desde a infância lhe haviam ensinado sobre Deus e Jesus Cristo. Tivera uma experiência religiosa e experimentara uma conversão.

“Reconheço que a experiência religiosa de meu colega, forneceu substância para minha reflexão. Ainda estou esperando o resultado dessa intercessão” ─ finalizou Freud, com a carta do doutorando em uma das mãos e na outra o seu inseparável charuto.




P.S.: Esse fato verídico faz parte de um capítulo do Livro “O Futuro de uma Ilusão” ─ das obras de Freud (Editora Imago – Páginas 197 à 200)



Levi B. Santos
Guarabira, 26 de fevereiro de 2009

20 fevereiro 2010

Sem o Velho Roupão ─ O Que Será Deus?


Hoje, os pensadores da modernidade, como em nenhuma época, têm de forma surpreendente se voltado para o estudo aprofundado da alma e sua relação com Deus.


Esmiuça-se o Divino como quem disseca um cadáver em uma aula de anatomia, talvez com a finalidade de torná-lo mais científico e mais palatável.


Mas até onde vai essa ânsia devoradora de querer despir Deus do velho roupão?


Vale a pena vesti-Lo com um traje mais apresentável para que a sociedade moderna possa, enfim, se voltar para a espiritualidade?


Será que a imagem do Bom Deus de Israel que se revela e também se esconde, não está ameaçada de desaparecer dos nossos olhos, ao não ter mais estatutos definidos?


Não será verdade, que a consciência do nosso eu pessoal está simplesmente cortada ao invés de consolidada, pois a eterna dúvida vem sempre como recheio no final do bolo, sempre como o resultado final de nossas escaramuças transcendentais?


Será que ao despir Deus do seu antigo roupão, não estaríamos nos precipitando, valendo-nos de todas as nossas formas de suficiências, como se a verdade de Deus tivesse necessidade do nosso brilho e grandeza, para existir?


Será que na ânsia de vestir Deus com uma roupagem mais moderna, não estaríamos exacerbando as nossas contradições ao mais alto ponto, adocicando e aplainando a realidade presente?


Será que ao exercer o nosso moderno diálogo com a divindade, não estaríamos apenas recolhendo pedaços rotos de nossa própria infância perdida?


Será que os fantasmas do nosso mundo interior não estão vindo à luz, de uma maneira grosseira e primitiva como os desenhos toscos que as crianças fazem?


Será que realmente estamos navegando à reboque dos nossos poderosos navios, ou pelo contrário, estamos atravessando um tenebroso oceano, em um frágil barquinho, tal é a nossa condição humana?


O que dizer de nossos pais e avós, cuja evolução religiosa foi harmoniosa quando gozavam de uma saúde psíquica e física dentro dos frágeis limites do que eles percebiam como graça divina?


Será que ao adquirirmos nossas muletas por um preço razoável nas grandes lojas do saber, não estamos contaminando os medíocres felizes que têm sempre a tez florida por estarem bem atrelados, participando de outra felicidade: aquela que se encontra na fé?


Será que a realidade cruel de um Deus dissecado, não vai subtrair o essencial do Velho e compassivo Benfeitor, que envolve a sua criatura no manto confortável da segurança dando-lhe entusiasmo para viver a vida?


Será que na ânsia de estudar minuciosamente o Divino, não estaríamos aviltando a maneira de muitos crerem, ao recobrir o fundo original de sua religião, com outros tipos de delírio  o delírio da razão?


Será que não estamos projetando Deus para fora de uma realidade que nos é inconsciente?

Por hora, só ouvimos os ecos abafados de respostas que, talvez um dia, sejam completamente audíveis.


O Futuro o dirá...


...............“O que será, que será?

................Que vive nas idéias desses amantes!

................Que cantam os poetas mais delirantes!

................Que juram os profetas embriagados!

................Que está na romaria dos mutilados!

........................(Estrofe da canção “QUE SERÁ” - de Chico Buarque)

.

Ensaio por Levi B. Santos

Guarabira, 20 de fevereiro de 2009




15 fevereiro 2010

A “SEREIA” (o em parte cristão) e O "CAMALEÃO" (o 100% cristão)



..................Vi no texto de um Blogueiro

..................Uma interessante expressão,

..................Que me deixou meio cabreiro:

..................“O crente em parte cristão”.

...................Será que isso é verdadeiro?

...................Ou simplesmente uma ilusão?



...................Que é crente “em parte cristão”?

...................Me respondam, amigos meus!

...................É o que tem parte com o cão,

...................E a outra metade é de Deus?

...................Salvem-me dessa confusão

...................Quer seja crente ou um ateu.



...................Há o cristão cem por cento?

...................Também há o quase cristão?

...................Através desse entendimento

...................Vou expor minha opinião:

...................No ‘herege’ há sentimento,

...................No outro  só badalação.



...................Pesquisando a Mitologia

...................Descobri uma figura,

...................Que na minha analogia

...................Parece com a criatura

...................Que o Tal Blogueiro via

...................Em sua risível escritura.



...................Meio peixe e meio gente

...................É este ser misterioso,

...................Que representa o crente

...................Que é mui criterioso;

...................E que por ser transparente

...................Importuna o ostentoso.



...................E o crente “cem por cento”.

...................Chama o outro de “Sereia”.

...................Tem o próprio fundamento

...................Moldado em barro e areia,

...................Que ao açoitar do vento

...................Se desmorona e arreia.



...................Mas eu descobri enfim

...................Que esse crente TOTAL

...................Não é rosa, nem Jasmim.

...................É um repulsivo animal

...................Que se alimenta de capim

...................Sua morada é o matagal.



...................Em qualquer situação

...................Vira um bicho reluzente,

...................Se molda a toda facção

...................Muda de cor de repente,

...................Seu nome é Camaleão,

...................É o cem por cento crente.



...................Ser um “cem por cento crente”

...................Só se for na aparência.

...................Mas é no “em parte crente”

...................Que se vive a transparência,

...................Quando passa o seu pente

...................Arrasta toda indecência.



...................O cem por cento crente

...................Importa os enlatados

....................DAKE, Dali e D’Além.

....................E fica muito revoltado

....................Quando não recebe o Amém

....................Dos crentes do outro lado.



....................Mas pra que tanta arrogância

....................Tanta falsa santidade

....................Na venda de extravagâncias

....................No meio da cristandade?

....................Tenham ao menos elegância

.................... De contar toda a verdade!



.....................Cordel por Levi B. Santos

.....................Guarabira, 15 de fevereiro de 2009

13 fevereiro 2010

A FORÇA DA ‘IMAGO’ PATERNA

............................................"MOISÉS" - de Michelangelo


Pela quarta vez ele sentia-se dominado por um desejo premente de rever o seu herói. Nas três vezes anteriores que o visitara, conseguira retirar alguns fragmentos que estavam escondidos no porão de sua infância.

Assim que chegava à velha Roma, ele se dirigia apressadamente a Vincoli, onde fica situada a igreja da San Pietro. Lá passava horas e horas contemplando e analisando a monumental estátua de Michelangelo ─ Moisés com as tábuas da Lei.

Após subir os degraus íngremes da solitária Piazza, se dirigia logo a um canto reservado e silencioso da igreja, e ali ficava a mercê dos seus sentimentos inescrutáveis e maravilhosos; sentia como que sair da obscuridade interior, algo que fazia dele próprio mais um, no meio da turba estática diante do seu grande líder, ao pé do Monte Sinai.

Dessa vez, já aos setenta e três anos de idade, provou de um êxtase mais intenso, ao olhar minuciosamente a estátua do seu carismático líder hebreu, Moisés. Tão perfeita era a escultura, que ele parecia estar sentindo a explosão de cólera irradiada de sua face. Em meio ao deslumbramento sentia passar por sua cabeça, toda a epopéia do fundador da nação hebraica de que tanto ouvira falar quando criança na sinagoga, por ocasião das preleções emotivas dos Rabinos, seus mestres.

Diante da fenomenal estátua via desenrolar no seu ser, todo o romance familiar de uma criança que cultivou uma relação emocional com seus genitores, especialmente o pai. Revisitavam-no naquele momento, os contos de fadas que lhe imprimiram a necessidade de se ter sempre como consolo, um guerreiro vencedor e salvador da pátria, ante as adversidades. De frente para seu Moisés petrificado, ele resgatava fatos de sua infância congelada, em que fantasiado de herói recebia o cetro das mãos de seu pai. Ao mesmo tempo se via introjetado naquela imagem, que de uma forma inconsciente lhe trazia o gozo de se sentir revestido da autoridade paterna a comandar seus discípulos analistas nos mistérios da alma humana.

Absorto na contemplação demorada da estátua de Moisés, como nunca tinha acontecido nas outras vezes, parecia ouvir o clamor do povo Hebreu. Ali, junto a imagem de seu grande líder, sentia o tumulto e o alarido do povo que transgredira o seu Deus e a sua lei, ao erigir um “Bezerro de Ouro” para adoração. Nesse clima, o velhinho cientista em sua imaginação, via o seu comandante se preparando para jogar fora as tábuas da lei, as quais estavam apoiadas em sua mão direita e pressionadas contra o tronco. De repente, com o olhar fixo na estátua, tem a impressão de que o líder hebreu petrificado domina a sua ira e pára sua ação violenta, que se iniciara segundos antes.

Terminado o seu solene culto interior, desceu as escadarias da Igreja de San Pietro pela última vez, pois, sofrendo as dores de um câncer na mandíbula, sucumbiria seis anos depois.

Naquela que foi a última incursão pela sua apaixonada Roma, ele fizera uma revisão, ou seja, uma auto-análise de tudo que experimentara na sua marcante viagem. Alguns questionamentos que assomaram dentro de si ficaram sem respostas, como esses:

Como poderia ser considerado “ateu”, se estava vivenciando algo sublime, vivendo o paradoxo de não entender a atração e o fascínio irresistível que aquela imagem perfeita de Moisés exercia sobre si mesmo?

Como poderia dizer que era “ateu”, se no seu peito ardia um sentimento atordoante e magnífico de admiração por aquela obra de arte, imagem do representante de Deus e símbolo maior da nação Judaica?

Como poderia ser ateu, o velho que no fim de sua vida ainda se comovia com uma réplica da estátua de Moisés de Michelangelo em sua banca de cabeceira?

Mais verdadeiros teriam sido os seus compatriotas, se o tivessem apelidado de “a-religioso” ao invés de “ateu”.



P. S.:

Aos setenta e três anos de idade, Freud em uma de suas inúmeras correspondências endereçadas ao amigo e confidente, Pastor protestante Pfister, assim escreveu:

[...] por mais bondosamente que o analista se comporte, ele obviamente não pode encarregar-se de substituir a Deus e à Providência diante do seu cliente.”

É também dele essa frase:

“Aqueles que brigam com Deus podem estar reencenando na esfera religiosa a luta 'edipiana'que não conseguiram vencer em casa”.




Por Levi B. Santos
Guarabira, 13 de fevereiro de 2009



FONTES:

................1. Moisés e o Monoteísmo – Obras de Freud - volume XXIII (Editora Imago)
................2. Moisés de Michelangelo – Obras de Freud – Volume XXIII (Editora Imago)
................3. Cartas ente Freud e Pfister – Editora Ultimato




07 fevereiro 2010

FREUD ─ Um Refém da Religião




Freud, apesar de ter sido considerado pela maioria dos religiosos, um fora da gaiola do Judaísmo, nunca renegou as suas origens: ingressou no pacto judaico, tendo sido circuncidado uma semana após o seu nascimento. Em 1925, aos 69 anos de idade, não achou necessário reprimir algumas verdades nele latentes, quando com visível desprezo respondeu aos correligionários que o haviam procurado para se proteger da onda de antissemitismo da época: “Eu também continuo judeu”.

A sua babá católica arrastava-o sempre para a igreja. Conta-se que o menino Freud quando voltava do Templo para a sua casa rezava e contava o que fazia o Deus Todo-Poderoso.

Se os sentimentos de Freud em relação aos pais eram intricados, a fé deles no filho parecia ser absoluta. No seu aniversário de 35 anos, seu pai lhe deu uma Bíblia em hebraico com a seguinte dedicatória: “Foi no sétimo dia de sua vida que o Espírito de Deus começou a conduzi-lo ao saber”.Uma constatação irrefutável assomou a consciência do Pai da Psicanálise, quando ele, já com idade muito avançada (81 anos) em uma de suas últimas obras, “O Futuro de uma Ilusão”, discorreu sobre “o que era verdadeiro em religião”. Dizia ele:

Quão invejáveis, para aqueles de nós que são pobres de fé, parecem ser aqueles investigadores que estão convencidos da existência de um Ser Supremo! Para esse grande Espírito, o mundo não oferece problemas, pois ele criou todas as suas instituições. Quão amplas, exaustivas e definitivas são as doutrinas dos crentes, comparadas com as laboriosas, insignificantes e fragmentárias tentativas de explicação que constituem o máximo que somos capazes de conseguir!”.

........Durante 30 anos Freud manteve um diálogo profícuo com o Pastor Oskar Pfister, através de inúmeras cartas. O Pastor e Teólogo protestante assim se referiu a seu amigo: “Se me perguntassem sobre o lugar mais aprazível da terra, eu responderia: Informem-se na casa do professor Freud!”. Assim escreveu Freud em uma de suas vastas correspondências a Pfister: “Nos sabemos que por caminhos diferentes, lutamos pelas mesmas coisas para os pobres homezinhos”

........Uma prova de que Freud não abandonou suas raízes presas à religião judaica está nesta resposta que ele deu a Max Graaf, pai do menino Hans (seu cliente): Se não deixar seu filho crescer dentro do Judaísmo, vai privá-lo das fontes de energia que não podem ser substituídas por nada. Não o prive dessa vantagem.”

........Jacques Lacan, que fez a releitura das obras de Freud, reconhece que o pai da psicanálise foi marcado profundamente pela leitura precoce da Bíblia. Foi dentro do contexto do Velho Testamento que ele foi buscar os elementos e pontos de partida da ética, da estética, da religião e da política do povo judeu, tão essenciais na descoberta do vasto e desconhecido mar do inconsciente, que com muito amor e denodo explorou em toda a sua vida.

.........Freud nutria um fascínio tremendo por Roma, cidade que visitou por cinco vezes. Antes de uma dessas viagens ele sonhou com Roma a urbe eterna do Catolicismo (a temida Roma cristã) . Ele que dedicara ao seu maior herói, Moisés, um denso livro - (Moisés e o Monoteísmo), por fim teve um sonho em que pode realizar o desejo de ver de longe a Terra Prometida, a Jerusalém Eterna que jamais poderia esquecer. Esse seu Salmo preferido, de número 137, nunca saiu de sua memória:



........Se eu de ti esquecer, ó Jerusalém,

.........que se resseque a minha mão direita,

.........Apegue-se a língua ao meu palato

.........Se não me lembrar de ti,

.........Se não te alçar Jerusalém,

.........Ao cúmulo da minha alegria!”.




.........Por Levi B. Santos

.........Guarabira, 07 de fevereiro de 2009


.............FONTES:

.............................1. Moisés e o Monoteísmo - Volume XXIII da coleção Freud (Editora Imago)

.................................2. Freud – Uma Vida Para o Nosso Tempo – Peter Gay (Editora Cia das letras)

.................................3. Freud e a Judeidade Betty Fucs (Editora Jorge Zahar)

.................................4. Cartas entre Freud e Pfister (Editora Ultimato)