26 fevereiro 2010
FREUD DIANTE DE UMA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
20 fevereiro 2010
Sem o Velho Roupão ─ O Que Será Deus?
Hoje, os pensadores da modernidade, como em nenhuma época, têm de forma surpreendente se voltado para o estudo aprofundado da alma e sua relação com Deus.
Esmiuça-se o Divino como quem disseca um cadáver em uma aula de anatomia, talvez com a finalidade de torná-lo mais científico e mais palatável.
Mas até onde vai essa ânsia devoradora de querer despir Deus do velho roupão?
Vale a pena vesti-Lo com um traje mais apresentável para que a sociedade moderna possa, enfim, se voltar para a espiritualidade?
Será que a imagem do Bom Deus de Israel que se revela e também se esconde, não está ameaçada de desaparecer dos nossos olhos, ao não ter mais estatutos definidos?
Não será verdade, que a consciência do nosso eu pessoal está simplesmente cortada ao invés de consolidada, pois a eterna dúvida vem sempre como recheio no final do bolo, sempre como o resultado final de nossas escaramuças transcendentais?
Será que ao despir Deus do seu antigo roupão, não estaríamos nos precipitando, valendo-nos de todas as nossas formas de suficiências, como se a verdade de Deus tivesse necessidade do nosso brilho e grandeza, para existir?
Será que na ânsia de vestir Deus com uma roupagem mais moderna, não estaríamos exacerbando as nossas contradições ao mais alto ponto, adocicando e aplainando a realidade presente?
Será que ao exercer o nosso moderno diálogo com a divindade, não estaríamos apenas recolhendo pedaços rotos de nossa própria infância perdida?
Será que os fantasmas do nosso mundo interior não estão vindo à luz, de uma maneira grosseira e primitiva como os desenhos toscos que as crianças fazem?
Será que realmente estamos navegando à reboque dos nossos poderosos navios, ou pelo contrário, estamos atravessando um tenebroso oceano, em um frágil barquinho, tal é a nossa condição humana?
O que dizer de nossos pais e avós, cuja evolução religiosa foi harmoniosa quando gozavam de uma saúde psíquica e física dentro dos frágeis limites do que eles percebiam como graça divina?
Será que ao adquirirmos nossas muletas por um preço razoável nas grandes lojas do saber, não estamos contaminando os medíocres felizes que têm sempre a tez florida por estarem bem atrelados, participando de outra felicidade: aquela que se encontra na fé?
Será que a realidade cruel de um Deus dissecado, não vai subtrair o essencial do Velho e compassivo Benfeitor, que envolve a sua criatura no manto confortável da segurança dando-lhe entusiasmo para viver a vida?
Será que na ânsia de estudar minuciosamente o Divino, não estaríamos aviltando a maneira de muitos crerem, ao recobrir o fundo original de sua religião, com outros tipos de delírio o delírio da razão?
Será que não estamos projetando Deus para fora de uma realidade que nos é inconsciente?
Por hora, só ouvimos os ecos abafados de respostas que, talvez um dia, sejam completamente audíveis.
O Futuro o dirá...
...............“O que será, que será?
................Que vive nas idéias desses amantes!
................Que cantam os poetas mais delirantes!
................Que juram os profetas embriagados!
................Que está na romaria dos mutilados!
........................(Estrofe da canção “QUE SERÁ” - de Chico Buarque)
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Ensaio por Levi B. Santos
Guarabira, 20 de fevereiro de 2009
15 fevereiro 2010
A “SEREIA” (o em parte cristão) e O "CAMALEÃO" (o 100% cristão)
..................Uma interessante expressão,
..................Que me deixou meio cabreiro:
..................“O crente em parte cristão”.
...................Será que isso é verdadeiro?
...................Ou simplesmente uma ilusão?
...................Que é crente “em parte cristão”?
...................Me respondam, amigos meus!
...................É o que tem parte com o cão,
...................E a outra metade é de Deus?
...................Salvem-me dessa confusão
...................Quer seja crente ou um ateu.
...................Há o cristão cem por cento?
...................Também há o quase cristão?
...................Através desse entendimento
...................Vou expor minha opinião:
...................No ‘herege’ há sentimento,
...................No outro só badalação.
...................Pesquisando a Mitologia
...................Descobri uma figura,
...................Que na minha analogia
...................Parece com a criatura
...................Que o Tal Blogueiro via
...................Em sua risível escritura.
...................Meio peixe e meio gente
...................É este ser misterioso,
...................Que representa o crente
...................Que é mui criterioso;
...................E que por ser transparente
...................Importuna o ostentoso.
...................E o crente “cem por cento”.
...................Chama o outro de “Sereia”.
...................Tem o próprio fundamento
...................Moldado em barro e areia,
...................Que ao açoitar do vento
...................Se desmorona e arreia.
...................Mas eu descobri enfim
...................Que esse crente TOTAL
...................Não é rosa, nem Jasmim.
...................É um repulsivo animal
...................Que se alimenta de capim
...................Sua morada é o matagal.
...................Em qualquer situação
...................Vira um bicho reluzente,
...................Se molda a toda facção
...................Muda de cor de repente,
...................Seu nome é Camaleão,
...................É o cem por cento crente.
...................Ser um “cem por cento crente”
...................Só se for na aparência.
...................Mas é no “em parte crente”
...................Que se vive a transparência,
...................Quando passa o seu pente
...................Arrasta toda indecência.
...................O cem por cento crente
...................Importa os enlatados
....................DAKE, Dali e D’Além.
....................E fica muito revoltado
....................Quando não recebe o Amém
....................Dos crentes do outro lado.
....................Mas pra que tanta arrogância
....................Tanta falsa santidade
....................Na venda de extravagâncias
....................No meio da cristandade?
....................Tenham ao menos elegância
.................... De contar toda a verdade!
.....................Cordel por Levi B. Santos
.....................Guarabira, 15 de fevereiro de 2009
13 fevereiro 2010
A FORÇA DA ‘IMAGO’ PATERNA
07 fevereiro 2010
FREUD ─ Um Refém da Religião
Freud, apesar de ter sido considerado pela maioria dos religiosos, um fora da gaiola do Judaísmo, nunca renegou as suas origens: ingressou no pacto judaico, tendo sido circuncidado uma semana após o seu nascimento. Em 1925, aos 69 anos de idade, não achou necessário reprimir algumas verdades nele latentes, quando com visível desprezo respondeu aos correligionários que o haviam procurado para se proteger da onda de antissemitismo da época: “Eu também continuo judeu”.
A sua babá católica arrastava-o sempre para a igreja. Conta-se que o menino Freud quando voltava do Templo para a sua casa rezava e contava o que fazia o Deus Todo-Poderoso.
Se os sentimentos de Freud em relação aos pais eram intricados, a fé deles no filho parecia ser absoluta. No seu aniversário de 35 anos, seu pai lhe deu uma Bíblia em hebraico com a seguinte dedicatória: “Foi no sétimo dia de sua vida que o Espírito de Deus começou a conduzi-lo ao saber”.Uma constatação irrefutável assomou a consciência do Pai da Psicanálise, quando ele, já com idade muito avançada (81 anos) em uma de suas últimas obras, “O Futuro de uma Ilusão”, discorreu sobre “o que era verdadeiro em religião”. Dizia ele:
“Quão invejáveis, para aqueles de nós que são pobres de fé, parecem ser aqueles investigadores que estão convencidos da existência de um Ser Supremo! Para esse grande Espírito, o mundo não oferece problemas, pois ele criou todas as suas instituições. Quão amplas, exaustivas e definitivas são as doutrinas dos crentes, comparadas com as laboriosas, insignificantes e fragmentárias tentativas de explicação que constituem o máximo que somos capazes de conseguir!”.
........Durante 30 anos Freud manteve um diálogo profícuo com o Pastor Oskar Pfister, através de inúmeras cartas. O Pastor e Teólogo protestante assim se referiu a seu amigo: “Se me perguntassem sobre o lugar mais aprazível da terra, eu responderia: Informem-se na casa do professor Freud!”. Assim escreveu Freud em uma de suas vastas correspondências a Pfister: “Nos sabemos que por caminhos diferentes, lutamos pelas mesmas coisas para os pobres homezinhos”
........Uma prova de que Freud não abandonou suas raízes presas à religião judaica está nesta resposta que ele deu a Max Graaf, pai do menino Hans (seu cliente): “Se não deixar seu filho crescer dentro do Judaísmo, vai privá-lo das fontes de energia que não podem ser substituídas por nada. Não o prive dessa vantagem.”
........Jacques Lacan, que fez a releitura das obras de Freud, reconhece que o pai da psicanálise foi marcado profundamente pela leitura precoce da Bíblia. Foi dentro do contexto do Velho Testamento que ele foi buscar os elementos e pontos de partida da ética, da estética, da religião e da política do povo judeu, tão essenciais na descoberta do vasto e desconhecido mar do inconsciente, que com muito amor e denodo explorou em toda a sua vida.
.........Freud nutria um fascínio tremendo por Roma, cidade que visitou por cinco vezes. Antes de uma dessas viagens ele sonhou com Roma ─ a urbe eterna do Catolicismo (a temida Roma cristã) . Ele que dedicara ao seu maior herói, Moisés, um denso livro - (Moisés e o Monoteísmo), por fim teve um sonho em que pode realizar o desejo de ver de longe a Terra Prometida, a Jerusalém Eterna que jamais poderia esquecer. Esse seu Salmo preferido, de número 137, nunca saiu de sua memória:
........“Se eu de ti esquecer, ó Jerusalém,
.........que se resseque a minha mão direita,
.........Apegue-se a língua ao meu palato
.........Se não me lembrar de ti,
.........Se não te alçar Jerusalém,
.........Ao cúmulo da minha alegria!”.
.........Guarabira, 07 de fevereiro de 2009
.............FONTES:
.............................1. Moisés e o Monoteísmo - Volume XXIII da coleção Freud (Editora Imago)
.................................2. Freud – Uma Vida Para o Nosso Tempo – Peter Gay (Editora Cia das letras)
.................................3. Freud e a Judeidade ─ Betty Fucs (Editora Jorge Zahar)
.................................4. Cartas entre Freud e Pfister (Editora Ultimato)