Mas, há perguntas que não querem calar, nessa época de barulho infernal dos camelôs de venda de ilusões, como essas:
- O que é afinal a “justiça social” tão propalada nessa época de caça aos eleitores, e quais seriam os notáveis promulgadores dessa tão sonhada felicidade? Seria gente honesta? Humm...
- Será que não estamos assistindo ao “eterno retorno” daqueles homens da lei, que no tempo de Cristo falavam em nome da justiça divina só para roubar as almas dos incautos?
Desde os meus nove anos de idade, no tempo do PSD (de Juscelino) e da UDN (de Carlos Lacerda) ouço os bordões gastos, que não mudaram um til sequer em sua mensagem. E como dói nos tímpanos ouvir os gritos esbaforidos dos endiabrados politiqueiros a gritar pelos alto-falantes: “POR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA!”, assim como: “VOU FAZER MAIS ESCOLAS E CRECHES!”.
Em nome da propalada “Justiça Social”, as oligarquias de esquerda que se apoderaram do governo brasileiro, querem trazer de volta os fantasmas da ditadura militar, quando falam com segundas intenções, em reeditar leis autoritárias para controle da mídia, das escolas, das opiniões, da distribuição de vagas nas universidades.
Danado, é ter que aturar esse “blablablá” dos “paladinos da justiça social” que numa espécie de desfile lúgubre apresentam seus sucessores e sucessoras retirados das surradas cartolas, num programa repugnante e abusivo que durante sessenta dias, invade sem permissão a privacidade de nossos lares.
E ficamos nós, impassíveis à frente de nossas telinhas de TV, assistindo ao esperneio dos oposicionistas a bradarem: “...mas a Dilma não tem experiência, pois é virgem na política!”, enquanto os “anjos” do bloco dos PeTralhas retrucam : “Não temas Dilma, nós poremos na tua boca o que hás de falar!”. Ria paciente eleitor — você está no país do faz de conta.
O que mais me impressiona é a cara-de-pau dessa gentalha. Exemplo: o bloco dos mensaleiros com processos no STF está prontinho da silva para voltar ao trono petista numa possível gestão “Dilma-Lula”.
E o que dizer do maior mandatário da nação, que ao invés de dar o maior exemplo de hombridade e ética à juventude brasileira, “afronta a Justiça Eleitoral” , que o multou seis vezes, dentro de pouco mais de trinta dias, por reincidência no descumprimento da constituição que ele mesmo jurou defender.
É no período eleitoreiro que os “paladinos da justiça de última hora” fazem promessas fantasiosas, incabíveis e inverossímeis, adocicadas pela falsa retórica, como se fossem verdades cristalinas, quando sabemos que são movidos pelo desejo insaciável de mamar nas tetas da grande mãe que está deitada eternamente em berço esplêndido, como bem diz o nosso Hino Nacional. Na verdade, as difusas soluções miraculosas dos candidatos a cargos eletivos não passam de uma ilusão irracional, apregoada como empreendimento salvacionista.
Eles, os denominados pela justiça de “ficha suja” estão rindo à vontade de nossa cara, pois sabem que os seus fieis amigos advogados que já foram ministros poderosos da casa de Mãe Joana, os protegerão enquanto viverem nas terras que D. João VI, um dia, repartiu com a sua cambada de barões (digo babões), em troca de apoio para suas tenebrosas transações.
Diante das mentirosas e estapafúrdias promessas dos presidenciáveis, aliadas a sórdidos procedimentos dentro de nossas instituições políticas, é que achei conveniente relembrar, aqui, trechos de um discurso proferido no Senado Federal, em 1914, por aquele que foi um dos maiores oradores de nossa história — Rui Barbosa:
“A falta de JUSTIÇA (inclusive a social), Srs. Senadores, é o grande mal de nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo o nosso descrédito é a miséria suprema desta pobre nação”.
“A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem, cresta em flor o espírito dos moços, semeia no coração das gerações que vem nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas”.
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver se agigantarem os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Este emblemático trecho do discurso do “Águia de Haia”, bem que poderia ser afixado com letras garrafais em uma enorme placa na entrada do nosso Congresso Nacional.
P.S.: “Alguém poderia responder a essa pergunta?
Por que um programa tão estúpido como o guia eleitoral continua no ar?
Ah, nobre eleitor, perdão! Einstein já nos deu a resposta, quando certa vez falou: “Apenas duas coisas são infinitas, o Universo e a estupidez humana”.
Por Levi B. Santos
Guarabira, 06 de setembro de 2010