13 outubro 2016

Na Caverna Digital






Tem o tempo livre rodeado de aparelhos
Um mundo de informações e imagens a um simples toque
Está sempre com pressa, pois o tempo vale ouro
Imagina que está ganhando, mas deixa que está perdendo
Aquilo que é essencial nas profundezas do seu ser:
Aquela ausência sem preço que se denomina PAZ
A existência moderna de a muito já expulsou.



Em um constante alerta por obrigações pendentes
O progresso tecnológico tomou-o e pariu insônias
Para conciliar de noite, o seu sintético sono
Deglute uma combinação de vários tipos de fármacos
Hoje não sonha mais de modo tão natural
O barbitúrico roubou-lhe o tempo da meditação.
Tempo que foi tragado no efeito colateral.



Das telas, enfeitiçado pela gula informacional
Lhe engoliu o tempo livre que tinha pra conversar
Intoxicado pelo excesso do cibernético desejo
Que se apoderou de si de forma sutil e estranha.
Em seu mundo entorpecido como uma estátua de sal
Hoje é um abúlico de corpo com a alma enrijecida.
Tem mãos atadas ao teclado e olhar na horizontal.



Insensível e adaptado à tecnologia moderna
Segue o homem insensível numa efêmera excitação
Tal qual uma peste epidêmica que degrada a consciência
Não permite nem um olhar para dentro de seu ser
Em um lazer cronometrado, vivendo sem substrato
Nem nota que uma folha verde produz o oxigênio
Com mais sofisticação que um técnico artefato.



Descrito por Platão, o homem em seus primórdios
Vivia preso em correntes numa caverna de pedra
Com a visão distorcida do mundo de lá de fora
Preferia o reino de sombras e não a realidade
Hoje, pensa que é feliz em seu mundo artificial
Dedilhando sem parar de frente para uma tela
Vive sem o calor humano, numa Caverna Digital.




Por Levi B. Santos
Guarabira, 13 de outubro de 2016

Site da Imagem: noticias.uol.com.br/saude


4 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Triste essa realidade atual, amigo. E felizes são os poucos que hoje conseguem viver num mundo tecnológico estabelecendo limites à própria compulsão e às "obrigações" que outros tentam nos impor pela eventual demora em lermos e respondermos os recados no WhatsApp. Até as chamadas telefônicas tornaram-se raras e agora a internet tornou-se o ambiente para as pessoas se comunicarem entre si, criando uma necessidade de a todo momento monitorar o recebimento de mensagens.


Mas se as coisas estão assim, há um motivo. S e alguém prefere se enviar na "caverna digital" ao invés de desfrutar da convivência com amigos, das belezas naturais, de uma atividade física, não seria porque está a procurar algo melhor? Problema é que as maravilhas do mundo digital são ilusórias e não tomamos consciência de seus colaterais efeitos.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Em tempo!

Tomei a liberdade de compartilhar o seu artigo no blogue do nosso grupo, isto é, da Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola

Abraços.

Levi B. Santos disse...

Já observou, Rodrigo, que as praças da alimentação dos shoppings transformaram-se em verdadeiras cavernas digitais?
Os componentes das famílias modernas reunidas antes e depois das refeições não mais conversam entre si. Cada um ligado em seu smartfhone prefere viver no seu mundo virtual.O barulho de vozes já não mais existe. (rsrs)

Jailson Freire disse...

Sem que percebêssemos caímos numa caverna triste e escura. Neste caso, somente o Evangelho pode trazer a esperança de um amanhecer longe das paredes mofadas de nossa existência pateticamente digital.