19 setembro 2007

DESTRUIRAM AS NOSSAS "TORRES GÊMEAS"


Os EUA tiveram o seu 11 de setembro há seis anos. Nunca mais se apagará da memória de seu povo, aquele tão monstruoso e covarde atentado contra a DEMOCRACIA.

Nós brasileiros de todas as camadas sociais temos agora o nosso 12 de setembro, que também ficará na História do nosso País, como o dia em que conseguiram destruir o pilar básico (ética e decoro parlamentar), daquela que foi a nossa maior instituição política: o Senado Federal. A casa que deveria ser a maior trincheira na defesa de causas nobres, se dobrou ao insano desejo de locupletar-se através de espúrias tramas tão transparentemente expostas nos meios de comunicação, que provocaram comentários reprovativos até de ministros da alta Corte Federal.

Para quem ainda não sabe, aquelas duas conchas que embelezavam o prédio do Congresso Nacional tinha um significado todo especial. Pela simbologia do projeto do arquiteto Oscar Niemeyer aquelas duas cúpulas representavam o poder e a relação de contrapesos implícita no sistema bicameral. A cúpula convexa da Câmara, maior e aberta no alto, sugeriria que aquele plenário estava aberto direto às ideologias, tendências, anseios e paixões do povo. Já a cúpula côncava do Senado, menor e emborcada, retrataria um local propício para a reflexão, serenidade, ponderação, equilíbrio, onde poderiam ser valorizados o peso da experiência e o ônus da maturidade.

Porém, vejam o que aconteceu recentemente: fizeram da cúpula fechada do senado, um refúgio para se esconderem da vista do povo, a fim de tramarem sordidamente contra a própria República. Simplesmente, eles ratificaram a perda da credibilidade do poder público em todos os níveis, desmoralizando a sociedade brasileira. Os cidadãos, em sua grande maioria vivem eu um mundo de necessidade, que os deixam de certa forma anestesiados, sem ter as mínimas condições de exercer um julgamento racional. Os votos de 11 milhões de famílias que fazem o sucesso do “bolsa família” são usados como massa de manobra para fins eleitoreiros. Como mobilizar uma sociedade que é obrigada a ver com naturalidade este tipo de corporativismo insano, que nada tem de acompanhamento metodológico.

Se, grande parte da população não tem acesso a uma condigna educação, como poderá se submeter a debates sobre ética e valores morais na coisa pública? Como poderá angariar a capacidade de opinar e de escolher com liberdade?

Eles, os senadores ao assassinarem a ética e a moral, deixaram a sociedade órfã, sem poder reagir vigorosamente na cobrança dos governos por soluções drásticas e imediatas que pudessem extinguir esse estado imoral do “toma-lá-dá-cá” do favorecimento ilícito.

Hoje, quando um mar de putrefatos e vis procedimentos, invade a outrora respeitada instituição do senado, não podemos deixar de citar o trecho de um veemente discurso proferido em 1914, em plenário, pelo destemido senador da República Rui Barbosa, que passamos a reproduzi-lo neste triste momento de vergonha nacional:

“A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal de nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo o nosso descrédito é a miséria suprema desta pobre nação”.
“A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem, cresta em flor o espírito dos moços, semeia no coração das gerações que vem nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas”.
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver se agigantarem os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”



Um comentário:

Arivanio disse...

Levi, quando estamos do lado do governo, estamos de cima. Quando estamos contra o governo, estamos de baixo. E quando estamos sem go-
verno?