24 abril 2008

O PORÃO ESQUECIDO


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Abri no peito, o entravado e velho portão,

Entrei no tempo passado, até então escondido.

Adentrei ao subsolo do frio e escuro porão,

Vi os empoeirados fragmentos esquecidos,

Pedaços de brinquedos revoltos pelo chão.

Restos de memória de um tempo bem vivido.




Meus olhos de idoso, pelo tempo, esmaecidos,

Brilharam como antes, quando ainda era criança.

Senti por um momento os olhos umedecidos,

Pressenti no coração, um rasgo de esperança,

Um sentimento gostoso, de rever algo querido,

Renovou a minha alma, de força e de pujança.




Num canto da parede, um cavaquinho de madeira,

Que alçou na minha mente uma bela e velha cantiga.

Noutro canto uma bola murcha coberta de poeira,

Relembrou-me as peladas na ruazinha antiga.

Me vi correndo ofegante, subindo a velha ladeira,

Os pés vermelhos queimando das pisadas em urtiga.




Durante uma noite inteira caminhei pelo passado,

Revirando no porão, meus baús de brincadeiras,

Me vi brincando de novo, a cada artigo encontrado.

E encontrando na bagunça, uma surrada baleeira,

Revivi minhas caçadas pelo mato encantado,

Atirando nas rolinhas, debaixo das pitombeiras.




Ah que saudades que tenho desse porão esquecido,

Desse recanto da alma que ficou em mim gravado,

Desse museu infantil, que me deixou entretido,

Desse saudoso lugar, meio triste, e abafado.

E nessa noite de sonhos, eu me sinto agradecido,

Ao voltar a ser menino no porão abandonado.



.........Versos por: Levi B. Santos

.........Guarabira, 24 de Abril 2008

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