Todo mundo conhece de cor e salteado a história de Judas Iscariotes ─ personagem marcante, que fazia parte do grupo seleto dos doze que Cristo escolhera para o seu ministério aqui na terra. Judas estava no meio dos discípulos, mas o seu projeto visava mais o reino daqui de baixo, cujo deus se chama “Mamon”. Foi ele o articulador do mais audacioso plano religioso-comercial daquela época ─ o da venda de Cristo por trinta valiosas moedas de prata”.
Jesus escolheu Judas, para ser o contraponto da mensagem de um Reino que não era desse mundo, justamente por saber que o seu futuro traidor, era por demais, ligado a área monetária, e porque não dizer: a área do enriquecimento ilícito. Judas, o discípulo da prosperidade terrena, deve ter considerado Simão Pedro um otário ou imbecil, pois, realizara a tolice de deixar a sua empresa de pesca para seguir o Mestre dos mestres.
Judas, ao vender o seu Mestre, naturalmente deve ter imaginado: “Puxa, fiz um grande negócio ao trocar Jesus por estas trinta moedas. Ele não é bobo, quando estiver às vésperas da condenação, como Filho de Deus, fará o maior milagre de todos os tempos: fulminará todos os seus algozes instantaneamente ─ e assim, eu terei unido o útil ao agradável ─ além de rico, participarei como mentor maior de um futuro reino, em Jerusalém”.
Raffaele Mertes, diretor do filme lançado em 1999, sobre a história do traidor, mostra um Judas frustrado e visivelmente abalado, ao constatar que Jesus, em seus últimos momentos de vida, não usara os seus poderes Divinos para libertar-se dos seus algozes. Judas ao ver seu sonho terreno cair por terra, desesperançado, toma a decisão trágica de se enforcar.
Hoje, num momento conturbado de nossa história, alguns discípulos interesseiros estão resgatando a mensagem e o projeto de Judas, ao expor nas prateleiras das livrarias gospel do nosso país, bíblias de preços exorbitantes, com títulos reluzentes, como algodão-doce-colorido que faz a festa da criançada, para enganar as incautas ovelhas que não examinam as Escrituras Sagradas. Estão usando o mesmo método de Judas: vendendo o produto “cristo”, para engordar os seus paraísos terrenos.
Comentários, que são verdadeiros atos de profanação, estão sendo acrescentados nos rodapés das páginas do Livro Sagrado, com o mesmo propósito espúrio de que foi movido Judas: fazer de Cristo um produto para uso e abuso dos marajás de um reino terreno e fugaz.
Essa bíblia de cunho financeiro, que muito bem poderia ser denominada “Bíblia de Judas Iscariotes”, tem elementos e caracteres básicos para ser diferenciada das demais. Senão vejamos:
............─ Ela não estimula pregar a Palavra, e sim vendê-La.
─ Ela não estimula a ser mais crente, e sim a ter mais crentes.
─ Ela não estimula a ser mais prudente, e sim mais astuto.
─ Ela não estimula o crescimento interior, e sim o exterior.
─ Ela não estimula a pacificação, e sim a competição.
─ Ela não preconiza o sofrer por amor da justiça, e sim a gozar com o fruto da injustiça.
─ Ela não preconiza a transparência, e sim a aparência.
─ Ela não oferece jugo suave, e sim juros pesados.
─ Ela não promete aflição, e sim comissão.
.......
Ensaio por Levi B. Santos
Guarabira, 24 de março de 2009
5 comentários:
Caro Levi.
Sempre que posso, leio com muito prazer seus posts (inclusive linkei um deles em meu blog, rs).
Esse post, em especial, sem dúvidas nos tras a reflexão de como muitas vezes nos deixamos levar por esse mercado gospel de nomes e tal.
Precisamos estar em alerta.
Fique na Paz.
Levi
Mais uma vez Deus tem te dado inspiração para que sejas um proclamador da verdade.
Deus te ilumine sempre meu irmão!
Prezados irmão Rodrigo Melo e irmã Micheline Gomes
Fico feliz ao receber os comentários de vocês. Eles são como ecos das palavras que postei contra as aberrações gospel que faz da mensagem de Cristo um vil mercado.
Não há símbolo que encaixe melhor nesse manual bíblico da prosperidade, que a figura do próprio JUDAS.
Saudações fraternas.
Levi B. Santos
Paz do Senhor!
Realmente, existem hoje muitos "Judas", que vendem Jesus por fama e prosperidade.
Que Deus tenha misericórdia de nós!
Deus abençoe!
P.S. Demorei um pouco para comentar porque semana passada não tive tempo de ler os blogs que acompanho.
É isso aí, irmã Vanessa. Temos que vigiar o tempo todo, para que a sedução desse reino terreno, do qual Judas foi uma das maiores figuras, não nos envolva em seus chamativos meandros.
Saudações fraternas,
Levi B. Santos
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