05 novembro 2010

UM SENTIMENTO INDESTRUTÍVEL



Tomás de Aquino, contorcendo-se para conhecer as suas entranhas, fez uma profunda prece, movido que foi por aquilo que em psicanálise se denomina: desejo de se “re-ligar” à parte “faltante” do ser humano, que ficou escondida ou arquivada em algum lugar secreto de sua mente:

“Concedei-me Senhor meu Deus

Uma inteligência que Vos conheça

Um zelo que Vos procure

Uma Ciência que vos encontre...”

Essa ansiedade por respostas vem de um impulso que brota das profundezas do INCONSCIENTE. E o sujeito na busca do paraíso perdido, do inexplicável, do divino, na verdade, o que está procurando é a si mesmo.

Nos computadores somos livres para deletar de sua memória o que desejamos, mas a experiência emocional da primeira infância é “indeletável”, isto é, nunca poderemos desarquivar essa memória existencial do velho aparelho denominado cérebro.

No sistema junguiano, o inconsciente torna-se uma fonte de revelações, um símbolo, para o que na linguagem religiosa, chamamos Deus. De acordo com Jung, o fato de estarmos sujeitos aos ditames do nosso inconsciente constitui em si mesmo um fenômeno religioso. Já no pensamento freudiano, o inconsciente é o “reprimido”, o que é incompatível com as exigências de nossa cultura e do nosso eu superior.

O fato de “não se estar consciente” dos problemas vivenciados na tenra infância, não significa que as janelas de ontem foram fechadas para os olhos de hoje.

É a memória arquivada dos tempos indeléveis de nossa formação psicossomática que ilumina o nosso “eu”, e, funciona, hoje, como um motor a expandir a nossa arte de pensar. Às vezes, os segmentos das experiências negativas da infância centralizadas pelo medo, agressão e intolerância, embotadas pela nossa resistência psíquica de adulto, não nos permitem perceber que a maneira como nos comportamos e como nos relacionamos recebem influências de forças poderosas que habitam esse porão obscuro, denominados pela religião de regiões “celestiais” e “demoníacas”.

Nesse sentido, somos reféns do passado. Aquele passado que nos subjugava e escravizava é responsável por muitas nuances do nosso comportamento atual. As nossas racionalizações e argumentações, na verdade, são reflexos do que foi construído intuitivamente nos primeiros meses de vida.

Como uma criança asmática que em suas crises não conseguia dormir em seu quarto de penumbra e que hoje, em conseqüência, sofre de claustrofobia, assim viveu o velho ranzinza, Nietzsche, com a sua cefaléia crônica. Enquanto muitos pensavam que esse pensador fosse o mais radical dos ateus, alguns conseguiram ver que a sua busca insaciável e desesperada era uma tentativa de conhecer o verdadeiro RIO que jorrava do manancial de suas dúvidas, além dos limites do tempo e do espaço. Nietzsche se debatia para fugir de Deus, e, nesse embate estava sendo protagonista de uma luta vã contra um sentimento indestrutível do seu passado, ainda em atividade. Mas, parece ter entendido, no final, que negar esse sentimento seria uma espécie de fuga — a fuga de si mesmo; tanto é que deixou escrita uma prece antológica que representa mais a sua aproximação do que o seu distanciamento do inaudível pai simbólico internalizado no inconsciente.

Esta oração foi traduzida pelo ilustre Leonardo Boff diretamente do Alemão (Boff, 2000):


“Oração Ao Deus Desconhecido”


Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para a frente, uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.

A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.

Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras: “Ao Deus Desconhecido.”

Teu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.

Teu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.

Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servir-Te.

Eu quero conhecer-Te, desconhecido!

Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.

Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer, quero servir-Te só a Ti.

(Friedrich Nietzsche)


Ensaio por Levi B. Santos

Guarabira, 05 de novembro de 2010

27 comentários:

Guiomar Barba disse...

Eu diria em coro com milhares de outras pessoas, diria com Santo Agostinho: "Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti...."

Por que não direcionar a oração do Nietzsche a quem Ele fez? Por que não ver que ele se rendeu ao grande Espírito?

As regiões celestiais, segundo entendo, é o lugar aonde estamos em paz com Cristo, após o indulto pelos nossos pecados.

Nossas enfermidades emocionais e psiquicas não são demoníacas, só os crentes ignorantes que as entendem assim.

Amigo, você ainda crer em Deus?

Um beijão querido.

Esdras Gregório disse...

Levi seus textos não são feitos para debates, mas para serem degustados.

Mas mesmo assim dá espaço para reflexões e eu quero fazer uma analogia ao que você disse, comparando a historia da humanidade com a historia pessoal de cada um. Pois se somos profundamente marcados pelo nosso passado pessoal a humanidade esta selada e destinada a carregar no seu inconsciente coletivo e histórico e nos seu próprios genes a sua primeira tentativa de interpretar o mundo como se originando da divindade e não do nada.

Agora e para sempre tais sentimentos religiosos como reminiscências voltarão sempre e sempre ao consciente das pessoas como fruto indestrutível do inconsciente da humanidade que viveu o seu primeiro amor com os deuses.

Levi B. Santos disse...

Prezada Guiomar

Sobre a sua pergunta:

"Amigo, você ainda crer em Deus?"

Antigamente cria como criança. Hoje creio como adulto. Mas, de vez em quando sonho com o velho Deus de barba longa e vestes brancas compridas.

Apesar de não conseguir eliminar vestígios da minha experiência infantil, entendo perfeitamente que esses sonhos “divinos” têm um conteúdo latente (oculto), que deve ser traduzido através de uma análise profunda. Os elementos desses sonhos, como de qualquer outro, são sempre simbólicos e nunca devem ser interpretados de forma literal.

Abçs,

Levi B. Santos

Levi B. Santos disse...

Gresder

O passado da humanidade de forma universal, repete o que acontece com cada ser humano de forma particular.

O sentimento religioso, modernamente depurado de suas contaminações, continuará reinando incólume no inconsciente coletivo. Poderemos no máximo sublimá-lo, mas nunca destruí-lo.

Eduardo Medeiros disse...

Levi,

Quando li pela primeira vez essa oração do Nietzsche fiquei tentando entender o que se passava no inconsciente do alemão mas não tive muito sucesso. Fugir de quem negava...render-se a quem afrontava...hoje compreendo melhor essa dinâmica toda, da saudade da alma de um braço forte de um Pai celestial que ampara e cuida e ao mesmo tempo castiga e guia. Hoje repudiamos a visão infantil de Deus e forjamos novas espiritualidades mas o Pai celestial da nossa infância nunca vai morrer.

guiomar barba disse...

Levi, não estou só na minha interpretação, além do mais a minha fala se deve ao meu viver com o Pai.
Como você, luto ainda para exorcizar o velho barbudo e posso dizer que tenho tido vitórias.

Agradeço a Deus porque você crer nEle.
Ainda que nosso entendimento de céu seja bem divergente, eu desejo com todo meu coração desfrutar dele com você. Tenho orado por você sempre, porque te amo.

As vezes nos tornamos tão velhos que esquecemos de nos converter, e nos tornarmos como uma criança para entrarmos no reino dos céus.

Outras vezes que devemos com a mesma humildde da criança ouvir o que nos ensina o Grande Mestre Jesus.
Um dia o veremos como Ele é.
Beijo.

Edson Moura disse...

Levi meu mestre Bronzeado, li seu belo artigo duas vezes para poder compreender onde tu queres chegar...assim como o Eduardo...também falhei.

MAs o Gresder disse uma coisa que me deixou impertigado: "...Seus textos não são para se debater...". Tenho que discordar do menino prodígio, pois, este é um dos seus textos que mais vontade me deu de debater.

Você bem sabe que eu não creio no "inconsciente" assim como nos propõe a psicanálise, tanto de Jung, quanto de Freud, mas devo reconhecer que "fantasmas" e "fadas" de nossa tenra infância, podem nos perceguir por toda a vida.

Mas isso não seria apenas sequelas de uma fase onde nosso caráter está em vias de formação?

O fato de termos traumas ocasionados na juventude, e esses mesmos traumas gerarem outros com o passar do tempo, não pode ser chamado de inconsciente reprimido ou outro nome qualquer.

Traumas são traumas e, é claro, podem nos fazer temermos toda e qualquer lembrança que nos remeta a ele, mas tudo isso, eu considero consciente. Pois vejamos:

Quando era criança, tomei um choque fortíssimo que me causaram queimaduras de 2° grau. Até hoje me lembro claramente do fatídico dia e me dá tremores só de pensar em passar por aquilo novamente.

Mas aos quatorze anos resolvi fazer um curso de elétrica industrial e manutenção, e acredite, foi a melhor coisa que fiz na época. Ainda tenho sonhos recorrentes onde sou eletrocutado, mas não posso deixar de trocar uma lâmpada ou instalar uma tomada com a energia ainda ligada.

O Alemão Friedrich Nietzsche devia estar:

1ª)Zombando da cara de muita gente àquela época.

2°)Apenas usando a licença poética para falar aquilo que realmente pensava, mas sem comprometer-se com o que dizia...afinal, poesia é poesia. (veja que ninguém ousou dizer aqui, que ele foi incoerente com suas convicções)

3°)Louco, e já com sua capacidade de raciocínio comprometida

4°) Mentindo descaradamente para ver até onde é possível manipular seus próprios pensamentos.


Leví, dia desses eu tentei escrever algo assim, tipo falando de Deus, como se ele existisse, mas felizmente não consegui, todos os poemas descambavam para o ceticismo do qual sou plenamente convicto.

Mais uma vez, você arrasou no artigo....parabéns!

Levi B. Santos disse...

Prezado Edson Noreda


À respeito de Nietzsche, você, a meu ver, fez quatro racionalizações ou suposições que se enquadram dentro dos mecanismos de defesa inconscientes, que procuram negar a AMBIVALÊNCIA do sujeito.

Ora, a ambivalência foi justamente a base, sem a qual não haveria a construção desse significativo “templo”: “o inconsciente”, que revolucionou o mundo dos saberes.

Foi analisando os sonhos de seus pacientes que Freud conseguiu descobrir nuances da reprodução da “memória humana mais antiga”, em que a ambivalência era a estrutura básica da elaboração onírica.
Foi através dos sonhos que Freud conseguiu ver a existência de um protótipo da ambivalência em nossas mais profundas regiões mentais.

Os sonhos em seus conteúdos literais e não latentes, são ABSURDOS ao nosso olhar racional, por que o sonho é a linguagem do inconsciente, que vem à nossa consciência quando estamos dormindo e desarmados de nossas defesas racionais e recalques. Ele só consegue vir à tona quando no sono a censura relaxa, ou através dos chistes e atos falhos, como o de nos surpreender ao telefonar para um local que mentalmente não foi o que conscientemente determinamos ou pensamos.

Portanto, eu acrescentaria um quinto item no rol dos que você anotou sobre o velho Nietzsche:

5) O de que ele ao sonhar de olhos acordados, deixou essa pérola poética da ambivalência que caracteriza o HUMANO — esse ser paradoxal, que é capaz de rir quando ALMA chora, e que parece “divino” ou “louco” quando chora junto com ela.


Abraços paradoxais,

Levi B. Santos

Guiomar Barba disse...

Edson, você escreveu:
"Leví, dia desses eu tentei escrever algo assim, tipo falando de Deus, como se ele existisse, mas felizmente não consegui, todos os poemas descambavam para o ceticismo do qual sou plenamente convicto."

Você não admite a sinceridade do
Nietzsche. No entanto, você gostaria de poder escrever sobre Deus com a mesma poesia.

A conclusão que você chegou é que o pobre homem já quando percebeu a realidade de seu fim terreno, zombou de todo mundo...

Incrível como Freud nas suas viagens alucinógenas conseguiu convencer tanta gente sobre todas as suas descobertas.

Eu entendo que o homem tenha tanto medo do espiritual...

Beijão.

Levi B. Santos disse...

EDSON

Essa fala da Guiomar foi como um gol de bicicleta aos 45 minutos do segundo tempo (rsss):
“Você não admite a sinceridade do
Nietzsche. No entanto, você gostaria de poder escrever sobre Deus com a mesma poesia”.
Realmente, nessa, você confessou o que estava no mais profundo do seu ser: “O desejo de poder escrever como Nietzsche”.
Mas o que faz a pessoa não executar o desejo que lhe vai na alma, é a RESISTÊNCIA.
A resistência ou negação é um mecanismo de defesa em que o EGO tenta nos manter longe do perigo, evitando a dor psíquica, como se admissão desse desejo fosse uma fraqueza geradora de ansiedade.

Ao mesmo tempo em que o teu inconsciente gera o desejo de proceder como fez o filósofo em tela, um mecanismo interno de percepção te impõe a negação, quando dizes: “sou um cético plenamente convicto!”.

Esse mesmo ceticismo, creio eu, é o que impede a maximização de tuas gratificações, pois tens o dom da poesia, meu caro. Portanto, não deixes esmorecer o dom que há em ti, ainda mais sabendo que as artes são centelhas divinas(do inconsciente) dispensadas ao homem a fim de aliviar a sua dura jornada existencial.


Abçs,

Levi B. Santos

Edson Moura disse...

Levi, grato por ter respondido ao meu comentário, e diga-se de passagem, me pegou de calças curtas com tão profunda reflexão sobre a vontade/inconsciente-latente. rsss

Mas este trecho me deixou...novamente...empertigado:

"...Os sonhos em seus conteúdos literais e não latentes, são ABSURDOS ao nosso olhar racional, por que o sonho é a linguagem do inconsciente, que vem à nossa consciência quando estamos dormindo e desarmados de nossas defesas racionais e recalques. Ele só consegue vir à tona quando no sono a censura relaxa, ou através dos chistes e atos falhos, como o de nos surpreender ao telefonar para um local que mentalmente não foi o que conscientemente determinamos ou pensamos...."


Meu mestre Bronzeado, eu reconheço e admiro a potência poética do alemão bigodudo...e isso não se fala mais. Mas a questão do inconsciente e exploração dos conteúdos "sonhais" do Freud, esses já considero um tanto dúbios.

Ao dormirmos, ao contrário do que a maioria das pessoas acreditam, e você sabe disso, o nosso cérebro está em plena, ou como gosto de dizer, atividades acima das dos momentos de vigília.

As lembranças e imagens que processamos durante o dia, precisam ser descartadas, pois, do contrário, o cérebro entraria em colapso devido à grande quantidade de informações desnecessárias.

Daí surgem os sonhos. E os sonhos, nada mais são do que fragmentos confusos que acabam se misturando a outros fragmentos, daí a ocorrência de sonhos às vezes confusos demais, ou até mesmo "de javu's", que apenas nos dão a "impressão" de que já vivemos aquele momento.

Leví, os sonhos humanos (e digo isso porque acredito que os animais também sonham) são um grande mistério, que já não é tão misterioso assim.

Já disse uma vez e torno a repetir:


Se Freud tivesse acesso à um exame de ressonância magnética durante o período de sonho, ele certamente reveria seus conceitos e muita coisa precisaria ser mudada em suas teorias.

Mestre, adoro o Freud e o Jung...assim como o "bigodudo alemão", mas temos de convir que eles eram limitadíssimos em matéria de recursos tecnológicos no campo das neuro-ciências.

Abração meu velho amigo!

Eduardo Medeiros disse...

Nós só fugimos daquilo que temos medo ou daquilo que não podemos suportar ou entender. Quando alguém diz enfaticamente que é cético demostra o seu medo do que não pode compreender com a razão.O cético é um escravo da razão. Vendeu sua alma ao racionalismo materialista e fechou os olhos para os processos espirituais que infestam nossa psiqué e sentimentos.
Nietzsche, creio,negava o Deus que estava morto, que de fato morrera pelas mãos dos prórprios que diziam "cremos nele" mas jamais se livrou do medo de negar esse "Deus desconhecido" que habitava sua psiqué e num momento de puro desarmamento, deixou seu sentimento e espírito dominar sua escrita e nos presentou com essa obra-prima que é a sua confissão: quero me livrar de você, mas tenho medo de jamais conseguir fazê-lo, portanto, me rendo a ti"

Levi B. Santos disse...

EDUARDO


“É melhor um amigo na praça do que dinheiro no banco” (rsss).

Viesse em meu socorro. Agradeço o seu lúcido e providencial comentário ao Edson.

Você, enfim, conseguiu dizer com mais clareza e em poucas palavras o que eu nem de longe iria conseguir.

Parece-me que o Noreda quer entender o fenômeno religioso e o inconsciente mapeando as regiões do cérebro. Ou quer que a neurociência encontre uma explicação biológica para a fé e a crença religiosa (rsss).

Dizem que um tal de Michael Persinger (Canadense) conseguiu reproduzir em laboratório um estado alterado de consciência no qual a pessoa se sentiu “parte de um todo maior” – que ele considerou idêntica a experiência transcendental religiosa.
Mas isto foi em 2001, e de lá para cá, ninguém mais levou avante o seu projeto (rsss)

Esdras Gregório disse...

O Edson dizendo “sou um cético plenamente convicto!”. Parece um crente dizendo: sou cristão plenamente convicto. O dia que eu mandei o texto nos e-mail da completa desmitologizaçao um crente me respondeu dizendo que era um completo servo de Deus rsrs.

É cada coisa em!? Como se a certeza subjetiva fosse alguma prova cabal de alguma coisa. Por isso que eu falo que a demonstração de certeza de fé ou de ateísmo é um desaforo e uma rixa com o próximo, pois intimamente eu duvido que a pessoa tenha tal certeza de uma ou outra coisa, eu não tenho...

Marcio Alves disse...

LEVI, assim como tantos outros, não posso simplesmente deletar do meu passado e nem da minha memória, minhas experiências com o “Deus” cristão, e nem minha historia evangélica, (e nem quero!) como não escolhi a religião que queria seguir, mas ela me escolheu, o que posso fazer é uma re-significação da mesma, guardando em meu coração as coisas boas que tiveram e que tem significados a-temporais para mim, e usando as coisas ruins para escrever ou falar contra agora.


GRESDER, os textos do LEVI não dão debate para pessoas como você que de psicanálise não entende nada....rsrsrsrsrsrsrsrs

EDSON e DUZINHO, o Nietzsche pode não ter sido um ateu como se imagina hoje, mas um deísta, pois se não me falha a memória, Nietzsche combatia e descria no deus cristão, e não no deus-deus, até porque só podemos falar do deus imagens construídas pelas religiões, e nunca do deus-deus, pois este último nós não sabemos se existe ou não, então logo, não podemos desconstruir uma coisa que não conhecemos e não sabemos e talvez continuemos mesmo passando por esta vida sem conhecer e saber.

Reconhecemos então nossa ignorância e insignificância diante da magnitude e monstruosidade do complexo e inexaurível universo e todas as teorias limitadas que o cerca.

Esdras Gregório disse...

Não Marcio! É que geralmente o Levi e o Eduardo que são mais velhos não escrevem besteiras para eu combater como você o Edson e o Evaldo ...

Tomõ?!

Mas para você não ficar tristonho seu comentário foi muito bom, exatamente por que traduz meu próximo post kkkkkkkkkkkk

Guiomar Barba disse...

Gresder,

"É cada coisa em!? Como se a certeza subjetiva fosse alguma prova cabal de alguma coisa. Por isso que eu falo que a demonstração de certeza de fé ou de ateísmo é um desaforo e uma rixa com o próximo, pois intimamente eu duvido que a pessoa tenha tal certeza de uma ou outra coisa, eu não tenho..."

Não sei se você acha que a certeza da fé ou do ateísmo são inconscientes. Pelo contrário,
seria julgamento, ou não?

Porque eu pelo menos, não teria nenhum problema em dizer, se houvese dúvidas no meu coração quanto aquilo que eu creio.
Tenho sim, muitas interrogações sobre história bíblica, mas sobre a realidade de Deus em mim e do que eu experencio com Ele, é concreto.
Abraço.

Guiomar Barba disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Levi B. Santos disse...

GRESDER

Essa sua constatação tem raízes profundas:

O Edson dizendo: “sou um cético plenamente convicto!”. Parece um crente dizendo: sou cristão plenamente convicto”.

Aqui tanto o cético como o crente se equiparam. Todos estão negando a ambivalência que caracteriza o humano. Como seres paradoxais ou ambíguos , nunca SOMOS, sempre ESTAMOS.

O que importa não é a convicção propriamente dita, mas o que está por trás do cético convicto, e por trás do fanático da virtude. Na verdade em ambos, o que existe são impulsos reprimidos.

Nós, adultos, em nossa vida de relação estamos sempre propensos a utilizar os mecanismos de defesas psíquicas, que geralmente negam a realidade do inconsciente.

Senão vejamos:

O Edson ao ler a “Oração ao Deus desconhecido” de Nietzsche, na verdade não se chocou com o filósofo bigodudo. Ao dizer que Nietzsche nessa oração ou estava louco ou estava fazendo galhofa, ele simplesmente quis dizer:
“Puxa não consigo admitir que eu como ATEU CONVICTO faça uma oração desse tipo, pois, se eu assim o fizesse estaria louco ou gozando da cara dos demais”.

O cético jamais concordaria com esse trecho do lúcido comentário realizado por Marcio:

“não podemos desconstruir uma coisa que não conhecemos e não sabemos e talvez continuemos mesmo passando por esta vida sem conhecer e saber”.

Em outras palavras não podemos dizer que a esfera do INCONSCIENTE inexiste.

Levi B. Santos disse...

GUIOMAR

Dizer que não tem dúvidas é negar a própria natureza. O velho Adão não morreu, ele ainda é parte intrínseca do nosso ser.

O “eu” ideal existe no nosso íntimo, mas na realidade conviver com a dúvida será a nossa sina enquanto aqui durarmos.

“Mais na mente que no corpo
Jazem minhas dores
Tudo que me prejudica com alegria busco
Tudo que me faz bem, com horror eu vejo” ( grande pérola de poesia ambivalente – por Horácio)

Esdras Gregório disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Esdras Gregório disse...

Guiomar se você nunca duvida e sua certeza é plena é por que sua mente nunca foi exposta as evidencias contrárias. Na realidade você pode ouvir os argumentos de um ateu, mas ainda você não sentiu e nem intuiu como ateu. Eu estou constantemente expondo meu espírito tanto as percepções do ateísmo como também me permitindo ser tocado pelo “divino”. Um ateu não crê porque não sente mais com o crente, e um crente não duvida porque não se expõe aos pensamentos cortantes da critica, ou seja: a sua fé repousa tranqüila e inalteravelmente segura na simplicidade do seu coração e no fato de você pensar e raciocinar rasamente.


Levi o que Nietsche deixa escapar nestas linhas é o que todos nos cético queremos: que é gerar a intervenção de Deus caso ele exista. Ao duvidar ao blasfemar e ao negar a Deus, no fundo nosso lado sentimental religioso inconscientemente deseja provocar alguma reação de Deus para que Ele apareça e se revele a nós pessoalmente. Como o Marcio disse Nietsche não cria em nem um deus concebido e pregado pelos homens, simplesmente porque eles são muito pequenos e mesquinhos para um mundo tão maravilhoso e colossal com o nosso. E por isso no fundo mais escondido da nossa alma de cético, lá na sua repartição mística desejamos que Um ser maior exista e por isso vivemos a gritar para chamar a sua atenção: “ Deus não existe!”, “Deus esta morto!” “Deus é uma ilusão!”.

Por favor Levi, tem como tirar este comentário: “Esta postagem foi removida pelo autor”

Eduardo Medeiros disse...

"...conseguiu reproduzir em laboratório um estado alterado de consciência no qual a pessoa se sentiu “parte de um todo maior”..."

kkkkkkkk

parece as mais recentes pesquisas dos que querem localizar no DNA humano a propensão a ter fé em Deus, com isso dizem que os ateus teriam na verdade um "defeito genético" kkkkkkkkkk

Gui, pelo que eu entendi, o que você está dizendo é que tem certeza que aí dentro de você o 'Sentimento de Deus" existe para além das incertezas, mas veja que você mesmo diz que luta para exorcizar o "barbudo", mas na verdade a quem você chama "Pai" é exatemente o mesmo barburdo que você quer exorcizar...

Eduardo Medeiros disse...

Levi, mais uma frase sua cheia de significados:

"Como seres paradoxais ou ambíguos , nunca SOMOS, sempre ESTAMOS."

e não foi exatamente essa ambiguidade que gerou em Jesus a frase "Aba, se possível, passa de mim esse cálice...mas..."

eis um exemplo desse guerra ambígua entre o que "estamos e o que queremos vir a ser."

guiomar barba disse...

Levi, Gresder e Edu,

Eu jamais negaria que muitas e muitas vezes eu duvidei de Deus, da bíblia e de tudo que me ensinaram.

Lembro-me que uma vez, após romper com o domínio dos meus pais e sair de casa eu enviei uma carta para minha mãe dizendo: pare de mexer os pauzinhos por mim. Eu não quero ser crente!

Na verdade eu estava rebelada contra doutrinas e dogmas de homens, contra o velho barbudo que eu odiava, que me metia medo e que por muito tempo me prendeu em uma gaiola por demais apertada.

Gresder você diz:
"a sua fé repousa tranqüila e inalteravelmente segura na simplicidade do seu coração"

Sim ela repousa assim, mas NÃO no fato "de você pensar e raciocinar rasamente."

Você não me conehce, não sabe quantos caminhos eu percorri para chegar a esta fé tranquila e indestrutível. Portanto, não me enquadre nas suas concepções.

Tenho questionamentos sim, sem conta, mas nenhum deles é maior do que a minha certeza de que Deus existe e de que Ele me ama e tem respondido à orações que homem algum poderia responder para mim.
Eu tenho todos os motivos para não duvidar da Sua presença e direção para minha vida.

Sabe porque Edu? Porque eu rompi com o "velho barbudo" e o tenho enxotado com todo vigor tantas vezes quantas ele tenta retomar seu lugar na minha vida.Estou orando por vocês diariamente e como muito e muito amor.
Beijos.

guiomar barba disse...

A internet tá péssima, quase não consigo por o comentário e foi antes da hora.

Continuando...

Rompi, e conheci o verdadeiro Deus, que é amigo, Pai e realmente nos deixa livres para escolher nosso próprio caminho.

Beijos.

Levi B. Santos disse...

Eduardo, Gresder e Guiomar


[Esse comentário foi também postado, hoje, no blog Do Edson Noreda ]


Desde longa data estamos dizendo e reforçando que o “sentimento religioso” nada tem a ver com a “religião de mercado” tão propalada desde os tempos de Constantino.

Tanto em textos postados como em comentários nos blogs amigos, tenho sido até chato demais, por insistir em querer interpretar o conceito de “inconsciente” como o determinante do sentimento religioso. Tenho talvez sido por demais inconveniente ao declarar que o inconsciente (palavra que ninguém mais suporta ouvir), não pode ser uma simples parte da mente individual. Ele, na verdade, para mim, se constitui em um poder que escapa ao meu controle. Só é possível considerar a voz desse “sentimento” se se admitir que o “eu consciente” não é tudo.

Sentimo-nos impotentes ao admitir que o racional é um círculo menor contido em um maior que não sabemos seus limites. A experiência religiosa autêntica, se choca com o racional, porque ela é caracterizada pela submissão a um poder superior. A grande confusão reinante é quando se quer dar nome ao INDESCRITÍVEL.

É contra o maniqueísmo de se dar nome ao "inefável" que, na verdade, o ATEU se revolta e o nega, sem saber que, inconscientemente, através de sua NEGAÇÂO ele está sendo o maior defensor do “sentimento religioso”.

Por não entender que esse fenômeno necessário para o nosso equilíbrio psíquico provém do nosso interior, é que muitos adoraram animais, árvores, ídolos de ouro, etc. No começo da história das civilizações o homem percebia esse SENITIMENTO, como algo que vinha de fora.

O anseio de se querer dar nome ao “indescritível”, foi responsável pela criação dos diversos sistemas religiosos. Entretanto, sabemos hoje, que a grande questão não é a espécie de religião que se tem.

O essencial não é dar tudo o que se tem de melhor para a Divindade, mas sim mergulhar profundamente no seu ser em si a fim de procurar entrar em contato com a parte de si mesmo que foi perdida.

O homem do V. T. transferia tudo o que possuía a Deus, mas esse homem, hoje, pede que Ele devolva, pelo menos, parte do que lhe pertencia originariamente - (quem lê, entenda).