23 setembro 2013

Um Presente de Grego




Os gregos foram os articuladores de uma das maiores artimanhas da História ― no que ficou conhecido até hoje como o “Presente de Grego”. Eles puseram ardilosamente um gigante cavalo de madeira colocado bem às portas de Tróia.  Após ficarem deslumbrados com o fantástico presente transportado para dentro de sua cidadela, os troianos foram alegres da vida, dormir sua primeira noite de sonhos maravilhosamente realizados. Mas a alegria durou pouco tempo, pois nessa mesma noite, os soldados gregos que estavam escondidos dentro do imenso cavalo de madeira saíram do seu interior para saquear toda a cidade de Troia.

Essa história tornou-se paradigmática, caindo bem naquilo que se recebe como doação ou oferta e termina em uma bruta dor de cabeça.

A presidenta Dilma, ao retirar de sua vistosa vitrine eleitoreira o programa “Minha Casa Minha Vida” lançado em 2009 ―, empreendeu uma versão do conto do presente grego na área da política e da economia.

O sonho das famílias de pouca renda vem se transformando em uma brutal dor de cabeça. A revista Veja, que saiu às bancas nesta semana, dá conta de que “o índice de inadimplência está em 20%, na população com renda até 1.600 reais (dados da C.E.F). É um número dez vezes maior que a média dos financiamentos imobiliários no Brasil.” Para ler a reportagem completa, Clique Aqui.  

É bom salientar que o atual atraso no pagamento das prestações do “Minha Casa Minha Vida” é dez vezes maior que os créditos podres da grande crise imobiliária ocorrida recentemente nos EUA, que afetou o mundo inteiro. O que se pode concluir é que o nosso governo está, de forma irresponsável, preparando uma bomba relógio para o futuro.

O programa eleitoreiro de Dilma já está sendo apelidado de o “Minha Casa Minha Dívida”. Como sempre acontece nos programas de cunho eleitoral, o governo, sem cerimônia, usa e abusa das transações ilegais, como a de recentemente retirar 10% do FGTS para financiar o presente de grego. No dizer do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, “O governo compra o eleitor à vista e obriga a sociedade a pagar por ele a prazo”.

Um dia, talvez, o “bom” brasileiro que tem muita fé e diz que Deus é brasileiro, venha colher dinheiro caindo do alto do céu para fazer face as suas futuras dívidas. Quem sabe?   

O imponente e mítico Cavalo de Tróia que os troianos receberam dos gregos e lhes proporcionaram uma noite festivamente comemorada, mas com final desastroso, para não dizer trágico, vem reforçar o meu ceticismo quanto à doações espetaculosas que escondem em seu bojo nebulosas transações.

Não custa nada, relembrar a ano de 2007, em que nos EUA, um milhão de proprietários inadimplentes foram obrigados a devolver suas casas (seus cavalos de Troia) financiadas com o aval do governo americano.

Mas o nosso governo é teimoso: há dois meses lançou o P.P.E.F. (Programa para Piorar o Endividamento das Famílias): uma linha de crédito até 5.000 reais ― “O Minha Casa Melhor” ― Um outro nome para iludir o eleitor.


Por Levi B. Santos
Guarabira, 23 de setembro de 2013



Site da Imagem: espacodois.blogspot

6 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

O problema deve ser decorrente do endividamento em geral da sociedade brasileira tendo em vista o inflacionamento da economia já que as taxas de juros e as prestações do programa me parecem até bem baratas.

Levi B. Santos disse...

Rodrigo

A Dilma, com seu programa imediatista-reeleitoreiro, sabe muito bem o "porquê" do programa está fazendo água, com 20% das prestações em atraso há 3 meses. (rsrs)

Mariani Lima disse...

Sem mencionar a qualidade das casas. Muitos desses projetos de habitação popular se transformam em verdadeiros abacaxis. Casa próxima a leito de rios, sem estrutura...

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Pode contar, Levi, que, no próximo ano, pode pintar uma renegociação dessas dívidas, com abatimento, novos prazos e até perdão.

O que a Mariani colocou é um dado relevante. O governo federal precisa ter um maior controle sobre as obras. Afinal, é dinheiro público.

Ainda assim, continuo um defensor do programa habitacional que pode ficar ainda melhor. Moradia é um direito social que precisa ser realizado por meio de políticas públicas. No RJ, tenho visto projetos acontecendo próximos a lugares estruturados e onde haja estação do metrô. Um exemplo seria a Pavuna.

Abraços.

Levi B. Santos disse...

Você disse, Rodrigo, que “pode pintar uma renegociação dessas dívidas, com abatimento, novos prazos e até perdão”.

Acredito que não existe perdão para dívida, proveniente de programas imediatista-eleitoreiros, como esse da Dilma. O que há, é a sua transformação em mais impostos sobre os nossos ombros.

Parodiando Lavoisier: “Nada se perdoa, tudo se transfere.” (rsrs)

Levi B. Santos disse...

Um exemplo, para reforçar o que você oportunamente comentou, Mariani:


”A construção dos apartamentos que os parentes das vítimas do morro do Bumba em Niterói, receberiam parou, simplesmente porque prédios do condomínio que custaram R$ 22 milhões, correm o risco de desabar.

As imagens das rachaduras podem ser vistas do alto. De perto, não deixam dúvidas de que a construção está em risco. Elas aparecem em pelo menos dois dos 11 prédios do conjunto habitacional no bairro Fonseca, em Niterói. São obras do programa Minha Casa, Minha Vida , do governo federal, para onde irão vítimas das chuvas que atingiram a cidade há quase três anos”
.
(FONTE: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/predios-do-minha-casa-minha-vida-destinados-a-desabrigados-do-morro-do-bumba-podem-desabar/ )

No Japão (um país sério), governante que fizesse tal coisa ou se suicidaria ou iria terminar seus anos de vida na cadeia.