Dia
22 de novembro (uma sexta feira), marca os 50 anos do assassinato do presidente
dos EUA, John Fitzgerald Kennedy (1917 ― 1963). Na época eu tinha 17 anos, e estava iniciando o curso científico
no Liceu Paraibano em João Pessoa.
Lembro
que por esse tempo, “O
Cruzeiro” ― a maior e mais difundida revista da
América Latina ―, era o único semanário a chegar à minha cidade natal. Não
tendo condições financeiras para comprá-los nas bancas, recorria aos sebos, para
ler os números atrasados desse famoso periódico. Por um preço módico, adquiria
o exemplar, duas ou três semanas após o seu lançamento. Para se ter uma idéia
de grandeza desse periódico, basta dizer que sua tiragem passava dos 700 mil exemplares,
quando o Brasil tinha apenas 50 milhões de habitantes. As feras que faziam
parte do seu elenco de colunistas eram nada mais e nada menos que, David
Nasser, Rachel de Queirós, Carlos Castello Branco, Austregésilo de Athaíde,
Manoel Bandeira, Érico Veríssimo, Mario de Moraes, Péricles de Andrade,
entre outros.
Três
ou quatro dias depois da morte de John Kennedy, “O Cruzeiro” saiu com uma edição extra, estampando em sua capa a
foto gigante do presidente americano e sua cobiçada esposa – Jacqueline.
Infelizmente,
na internet, nada consegui garimpar da edição histórica da revista extra de “O Cruzeiro”, que saiu às bancas com o
relato especial sobre o assassinato de John Kennedy.
Um
livro publicado na época (início de 1964), por Nelson
Werneck Sodré, sob o título ― “Quem Matou Kennedy” ― foi recolhido a mando dos marechais de
ferro da ditadura militar instalada em fins de março de 1964. Quase todos os
livros desse autor, que teve seus direitos políticos cassados por dez anos,
foram apreendidos nas diversas livrarias do país.
Entre
os dias 23 e 26 de novembro de 1963, o Jornal do Brasil, a Hora do Povo, a
Estado de São Paulo e o Globo publicaram alguns escritos de Nelson Werneck sobre a conjuntura que levou a morte de Kennedy, que o/a leitor(a) pode conferir acessando o Blog do Dr. Sérgio Cruz.
Para
evidenciar os pólos paradoxais, tão comuns nas figuras míticas, o jornalista e
historiador Elio Gaspari, em um artigo publicado ontem (dia 13) na Folha de
São Paulo, trouxe à baila sentimentos e desejos ambivalentes da vida do
primeiro presidente católico dos EUA: “Passado
meio século, criou-se a mitologia segundo a qual tudo seria diferente se ele
não tivesse ido a Dallas. Kennedy
queria sair do Vietnam. Tudo bem, mas quem entrou foi ele. Kennedy queria se aproximar de Cuba. Quem tentou invadi-la foi ele.
De quebra, planejava o assassinato de Fidel
Castro.”
A
ambivalência que sustentou o mito
Kennedy, esteve também presente no emblemático episódio da descoberta dos
mísseis soviéticos em Cuba: quando todos os militares esperavam a explosão da
terceira guerra mundial, entre EUA e a Rússia (protetora da ilha de Fidel), eis
que Kennedy
resolveu dar marcha à ré, aguardando pacientemente que o governo russo
retirasse seus mísseis do seu reduto comunista. O recuo do presidente foi
entendido pelas forças armadas americanas como um sinal de fraqueza ou covardia.
Com o passar dos anos, os americanos
reconheceriam que seu venerado herói, como todo personagem mítico, tinha em si
um duplo “eu” ― ou um ser de duas faces: uma de vilão e outra de herói.
Abaixo,
o leitor pode conferir em um vídeo, o registro do momento em que John
Kennedy foi atingido por dois tiros: o primeiro no tórax e o outro,
fatal, que lhe atravessou o crânio, quando desfilava com a esposa em carro
aberto pelas ruas de Dallas.
Por Levi B. Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário