14 novembro 2013

O Mito ― John Kennedy

Capa da revista “O Cruzeiro” ― Assassinato de John  Kennedy



Dia 22 de novembro (uma sexta feira), marca os 50 anos do assassinato do presidente dos EUA, John Fitzgerald Kennedy (1917 ― 1963). Na época eu tinha 17 anos, e estava iniciando o curso científico no Liceu Paraibano em João Pessoa.

Lembro que por esse tempo, “O Cruzeiro” ― a maior e mais difundida revista da América Latina ―, era o único semanário a chegar à minha cidade natal. Não tendo condições financeiras para comprá-los nas bancas, recorria aos sebos, para ler os números atrasados desse famoso periódico. Por um preço módico, adquiria o exemplar, duas ou três semanas após o seu lançamento. Para se ter uma idéia de grandeza desse periódico, basta dizer que sua tiragem passava dos 700 mil exemplares, quando o Brasil tinha apenas 50 milhões de habitantes. As feras que faziam parte do seu elenco de colunistas eram nada mais e nada menos que, David Nasser, Rachel de Queirós, Carlos Castello Branco, Austregésilo de Athaíde, Manoel Bandeira, Érico Veríssimo, Mario de Moraes, Péricles de Andrade, entre outros.

Três ou quatro dias depois da morte de John Kennedy, “O Cruzeiro” saiu com uma edição extra, estampando em sua capa a foto gigante do presidente americano e sua cobiçada esposa – Jacqueline.

Infelizmente, na internet, nada consegui garimpar da edição histórica da revista extra de “O Cruzeiro”, que saiu às bancas com o relato especial sobre o assassinato de John Kennedy.

Um livro publicado na época (início de 1964), por Nelson Werneck Sodré, sob o título ― “Quem Matou Kennedy” ― foi recolhido a mando dos marechais de ferro da ditadura militar instalada em fins de março de 1964. Quase todos os livros desse autor, que teve seus direitos políticos cassados por dez anos, foram apreendidos nas diversas livrarias do país.

Entre os dias 23 e 26 de novembro de 1963, o Jornal do Brasil, a Hora do Povo, a Estado de São Paulo e o Globo publicaram alguns escritos de Nelson Werneck sobre a conjuntura que levou a morte de Kennedy, que o/a leitor(a) pode conferir acessando o Blog do Dr. Sérgio Cruz.

Para evidenciar os pólos paradoxais, tão comuns nas figuras míticas, o jornalista e historiador Elio Gaspari, em um artigo publicado ontem (dia 13) na Folha de São Paulo, trouxe à baila sentimentos e desejos ambivalentes da vida do primeiro presidente católico dos EUA: “Passado meio século, criou-se a mitologia segundo a qual tudo seria diferente se ele não tivesse ido a Dallas. Kennedy queria sair do Vietnam. Tudo bem, mas quem entrou foi ele. Kennedy queria se aproximar de Cuba. Quem tentou invadi-la foi ele. De quebra, planejava o assassinato de Fidel Castro.

A ambivalência que sustentou o mito Kennedy, esteve também presente no emblemático episódio da descoberta dos mísseis soviéticos em Cuba: quando todos os militares esperavam a explosão da terceira guerra mundial, entre EUA e a Rússia (protetora da ilha de Fidel), eis que Kennedy resolveu dar marcha à ré, aguardando pacientemente que o governo russo retirasse seus mísseis do seu reduto comunista. O recuo do presidente foi entendido pelas forças armadas americanas como um sinal de fraqueza ou covardia.

Com o passar dos anos, os americanos reconheceriam que seu venerado herói, como todo personagem mítico, tinha em si um duplo “eu” ― ou um ser de duas faces: uma de vilão e outra de herói.

Abaixo, o leitor pode conferir em um vídeo, o registro do momento em que John Kennedy foi atingido por dois tiros: o primeiro no tórax e o outro, fatal, que lhe atravessou o crânio, quando desfilava com a esposa em carro aberto pelas ruas de Dallas.




Por Levi B. Santos

Guarabira, 14 de novembro de 2013

Site da Imagem: mercadolivre.com

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