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coisasdecajazeiras.com.br
“Nunca
antes na história de nosso país” um humorista retratou tão bem o
nosso risível cotidiano quanto Chico Anysio(no dia 12
de abril de 2016, completaria 85 anos). Para caricaturar os diversos
tipos do “homem cordial brasileiro” dentro da sociedade, o rei
dos humoristas criou mais de duzentos personagens.
Para
quem não lembra, foi nos anos de chumbo da ditadura militar que,
Chico, com ousadia incomum, criou o personagem Justo
Veríssimo. Segundo David Rêgo, antropólogo e
cientista político da UFRN, esse personagem foi inspirado a
partir de uma conversa que Chico teve com Alceu Valença.
O cantor e compositor pernambucano revelou ao humorista que em seu
Estado havia um político que tinha horror a povo. O certo é
que o “Eu quero é que o pobre se exploda!”, dito pelo deputado caricaturado, de forma ríspida, no final de suas
aparições na TV, ficou
conhecido nacionalmente como um dos mais risíveis e incisivos motes
inventados pelo insuperável comediante. “Ao criar
o personagem, Chico não tinha como intenção
profetizar a respeito daquilo que aconteceria no Brasil” ―
concluiu o cientista político da UFRN, em um artigo publicado em 13
de abril de 2015 no site cartapot!guar,
sob o título
─
“Chico
Anysio, Justo Veríssimo e a Caricatura da
Política Nacional”.
No vídeo “Justo Veríssimo e a
Corruptocracia” colhido no Youtube e replicado abaixo, o maior
humorista de Nossa História, faz uma sátira irretocável desse tipo
de parlamentar, quando ainda não se sonhava com mensalão, petrolão
nem Operação Lava Jato. A sátira política na pele do
corruptocrata Justo Veríssimo, na
verdade, ratifica o que disse a filósofa
política alemã de origem judaica, Hannah Arendt, no
seu antológico livro, “A
Condição Humana”: “O desaparecimento
do senso comum nos dias atuais é o sinal mais seguro da crise atual.
Em toda crise é destruída uma parte do mundo, alguma coisa
comum a todos nós.”
O rei, sábio e poeta bíblico,
Salomão, evidenciando que tudo na vida é cíclico,
como quem caminha num círculo e está sempre pisando por mares antes
navegado, já dizia: “Nada
há
de novo
debaixo
do Sol”.
No
vídeo postado,
são
imperdíveis
as
falas
(aliás
de fundo psicanalítico)
de dois alunos do
mestre em Corruptocracia,
quando
fazem uma revelação que Freud
vivo fosse assinaria embaixo, sobre o “jeitinho
bem brasileiro de levar vantagem em tudo”(A famosa Lei do Gerson).
Sobre
a
nossa perversa
tendência
hereditária-cultural
de querer levar vantagem em tudo e ser condescendente com atos
antiéticos, a psicanalista Inez
Lemos,
em um artigo ao site “em.com.br/Política”,
fez
essa
contundente
observação:
“Faltou-nos
o significante paterno aquele
que opera como referência simbólica na estrutura do sujeito”.
Por
Levi B. Santos
Guarabira,
10 de abril de 2016
Um comentário:
A corrupção quando levada ao extremo numa sociedade não só produz uma crise como expõe uma situação de insustentabilidade. Chega o momento em que já não ha mais como prosseguir e as pessoas precisam estabelecer um código de conduta entre elas mesmo que com injustiças e o domínio do mais forte. É como ocorre numa cadeia em que condenados da Justiça precisam se reorganizarem sob as "leis" dos próprios criminosos. Todavia, viver numa sociedade injusta não é o que desejamos nem pra nós ou nossos filhos.
Muito bom rever o Chico Anysio. Foi, sem dúvida, um grande mestre do humor.
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