22 julho 2016

Temor a Ataques Terroristas nas Olimpíadas Vira Paranoia



Treinamento contra atos de terrorismo no metrô do Rio de Janeiro


A paranoia (ou pensamento delirante crônico) de que atentados terroristas são passíveis de acontecer nas Olimpíadas que se aproximam, pode acelerar o sentimento de intolerância latente na alma humana. O grande perigo que todos nós corremos é o de constrangermos ainda mais pessoas que pareçam diferentes, ou seja, de pele mais escura” afirmou o jurista americano Christopher Kutz, professor de jurisprudência e política social da Universidade de Berkeley (Califórnia), depois dos atentados às Torres Gêmeas nos EUA.


Por sua vez, o americano Thomas Sanderson do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos dos EUA, respondeu algumas perguntas no site do Jornal Nexo, afirmando, logo de início, que a Olimpíada no Brasil pode ser um potencial alvo, ressaltando ao mesmo tempo que leis antiterror também acabam sendo usadas para justificar excessos.

Confiram trechos da entrevista de T. Sanderson no Jornal Nexo.

Jornal Nexo:

O Brasil aprovou uma lei antiterror. Movimentos sociais temem que essa lei sirva para criminalizá-los. Como balancear o terrorismo com a preservação de direitos?

Thomas Sanderson:

Infelizmente, muitos países que aprovam legislações antiterrorismo fazem um uso abusivo desses novos poderes e miram movimentos de protesto e de oposição. Isso acaba enfraquecendo a democracia e gerando instabilidade, que é exatamente o tipo de coisa que o Estado Islâmico deseja. Então, quando os serviços de segurança e os políticos agem de maneira abusiva, eles acabam se tornando serviçais de grupos extremistas como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda.

Jornal Nexo:

O Brasil tem capacidade e conhecimento suficientes para se proteger?

Thomas Sanderson:

Mesmo os melhores serviços de segurança do mundo, como os dos EUA, de Israel, do Reino Unido, da França, foram incapazes de impedir que todos esses ataques ocorressem.

Jornal Nexo:

As redes sociais são armas de propaganda e recrutamento de grupos terroristas. Como isso funciona?

Thomas Sanderson:

A propaganda é uma ferramenta de recrutamento e de influência. O Estado Islâmico recruta pessoas que estão marginalizadas. O grupo empodera essas pessoas com promessas de aventura, de salários, de justiça, de vingança, de redenção e de uma missão divina, que é proteger e construir o Estado Islâmico. As imagens publicadas nas redes sociais oferecem evidências vívidas desses benefícios, influenciando novos membros em potencial. E nós temos zero ou muito pouca condição de fazer uma contraposição a isso.

Sobre a Manchete da Folha de ontem (dia 21) “Governo Monitora Cem Suspeitos com o Terror no País”:

Não há muitos detalhes mas, em princípio, parece que a cultura do vazamento e do espalhafato policial ajudou a produzir uma ação pouco eficiente e, talvez, desastrosa com esta prisão dos suspeitos de se organizaram para a prática de terrorismo nos Jogos Olímpicos. [Jornalista Fernando Brito]

Até a cidade da Padroeira do Brasil não escapou da paranoia:

Principal destino do turismo religioso do Sudeste, Aparecida, no interior de São Paulo, está na lista das cidades sob risco de ataques terroristas, segundo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O município, que vai hospedar a delegação russa de ginástica rítmica, abriga o maior templo católico do país e deve receber mais de 550 mil turistas nos fins de semana durante os Jogos Olímpicos [www.odia.ig.com.br]

O Brasil, mais que as grandes potências, está preparado para qualquer tipo de atentado:

Um General disse durante a audiência que, para garantir a segurança da Rio 2016, o Brasil prevê "a criação de um centro anti-terrorista" com especialistas norte-americanos, britânicos, espanhóis e franceses. O Ministério da Defesa criou uma  estrutura temporária chamada Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao Terrorismo que integra todas as capacidades e poderes das Forças Armadas, específicas contra o terrorismo. "Tudo que existe de capacidade de contra terror na Marinha do Brasil, no Exército Brasileiro e na Força Aérea foram agrupados neste comando conjunto para que nós colocássemos essas capacidades à disposição durante os Jogos Olímpicos", explicou o general Mauro Sinott.

Tem mais essa para aquecer ainda mais a paranoia:

Uma vistoria do Sindicato dos Médicos do estado do Rio de Janeiro e do Conselho Regional de Medicina do RJ nas unidades de saúde municipais, consideradas referência para o atendimento durante a Olimpíada, revela que os hospitais estão superlotados e não há condições para que atendam a demanda que pode ser gerada por um evento de grande porte. [Portal G1]


Bem, caro leitor, a paranoia que toma conta do país a duas semanas do início das Olimpíadas, pelo visto, tende a aumentar de intensidade. Com certeza, operações antiterror nunca vistas no mundo serão veiculadas, em seus mínimos detalhes, nos meios de comunicação. Aos que têm mais de 55 anos de idade, para evitar o estresse e problemas cardíacos de graves repercussões, aconselha-se não saírem de casa; vejam tudo pela telinha ou telona de TV em seus macios e confortáveis sofás, servindo-se de pipocas, caso não sejam hipertensos.


Por Levi B. Santos

13 julho 2016

O Velho Conselho Está de Volta: “Procure se Infectar Para Ser Imunizado”





Era bem criança quando por ocasião das epidemias de sarampo, varíola , Coqueluche e tracoma (conjuntivite purulenta por Chlamydia tracomatis). ouvia as mães dizerem: Deixem as crianças brincarem juntas; é melhor que peguem logo a doença para ficarem livres dela”. Não havia ainda a vacinação em massa para essas doenças infecto-contagiosas e as crianças sadias se misturavam com as doentes sem saber que estavam com este tipo de inciativa procedendo a tal imunização pelo contato com os infectados. Quanto mais cedo a criançada pegasse a doença mais rápido ficaria imune a essas moléstias.

Uma fala recente da parte de um ministro da saúde me deixou de orelha em pé, ao evocar os tempos antigos em que as mães fazendo as vezes de agentes leigos de saúde davam seu apoio a imunização natural por contato dos sadios com os doentes.

Em meados de janeiro de 2016 a infeção viral denominada Zica, proveniente dos confins da África estava causando um pânico danado na população brasileira, especialmente por afetar fetos durante a gestação. Como os projetos de desenvolvimento da vacina contra Zica estava num impasse devido ao longo tempo que se teria para que se pudesse abranger o grande número de mulheres que estavam em vias de engravidar, o ministro Marcelo Castro, em uma conversa com jornalistas, saiu com uma solução à moda antiga:

Não vamos dar vacina para 200 milhões de brasileiros. Nós vamos dar para as pessoas em período fértil. E vamos torcer para que as pessoas antes de entrar no período fértil peguem a zika, para elas ficarem imunizadas pelo próprio mosquito. Aí não precisa da vacina” ―, afirmou perante a imprensa.

À maneira das mães do meu tempo de criança rude na década de 1950, o ministro da saúde estava ali como que a convidar as crianças do sexo feminino a pegarem logo o Zica. Não deixe de conferir o vídeo histórico abaixo replicado:




A presidente Dilma, após a decisão do ministro da saúde pela imunização natural das mulheres forçando-as a pegarem Zica o mais rápido possível, em um discurso na Abertura da Conferência Nacional de Saúde, valha-me Deus: confundiu o vírus da Zica e da Chikungunya com o mosquito aedes aegypti:

E, agora, eu queria destacar uma questão, que é uma questão que está afetando o Brasil inteiro, que é a questão da vigilância sanitária: gente, é o vírus Aedes aegypti [que ela pronuncia “aegipsi”] , com as suas diferentes modalidades: chikungunya, zika vírus. Nós temos de tratar a questão do Zika vírus com muita seriedade”. Vale a pena conferir o  risível vídeo abaixo replicado:




As mulheres adultas de antigamente não tinha os recursos fenomenais da Televisão para propagarem suas condutas nos casos de epidemias que assolavam o nordeste do país naquele época. Mesmo com a ausência dos recursos tecnológicos de rápida comunicação que se tem hoje, as mães de família dos velhos tempos, em razão da falta de vacinas, realizavam a seu modo suas ações preventivas estratégicas de casa em casa a favor da imunização que consideravam bem natural, ao permitir que crianças sadias entrassem em contato com as doentes o mais rapidamente possivel para ficarem livres das doenças infecciosas que assolavam ruas inteiras.

Quem em sã consciência poderia imaginar que em plena era de imenso progresso na área científica a autoridade maior em Saúde do País viria incentivar as mulheres a se deixarem infectar por perigosos vírus a fim de adquirir imunidade, com o suposto intuito de evitar anomalias fetais em suas futuras gestações.

Pelo andar da carruagem pode-se presumir que algo de apocalíptico existe no ar em matéria de Saúde Pública: E quando todos adoecerem então virá o FIM”.


Por Levi B. Santos

Guarabira, 12 de julho de 2016



Link da imagem do Topo: http://www.leovillanova.net/wp-content/uploads/2015/05/Maio-20-05-15-Aedes-NET.jpg