Estamos todos de Quarentena em meio a uma Pandemia viral. Aproveitando o ócio obrigatório nos imposto por tempo indeterminado, que tal recordar um pouco de Nossa História Colonial, no que diz respeito a Farmacopeia popular no início de Nossa República?
Antigamente,
as Drogarias eram conhecidas como BOTICAS, e os farmacêuticos eram
denominados BOTICÁRIOS. As boticas geralmente funcionavam junto às
casas de seus proprietários. Diogo de Castro, contratado por Tomé
de Souza, foi o primeiro que com uma arca portátil de Madeira, na
Colônia Portuguesa, iniciou a preparação de mezinhas para “curar”
as moléstias do seu Senhor e sua vasta corte.
Como
em época de grandes epidemias, costuma-se buscar incessantemente
alguma mezinha milagrosa quase sempre derivadas de plantas medicinais
no intuito de debelar um mal que se alastra de forma assustadora, eis
que o comércio de ipecacuanha e quina, começou a efervescer.
Sobre
os Magos de Botica e sua farmacopeia tupiniquim na comercialização
da “QUINA”, Henrique Soares Carneiro, doutor e professor de História da Universidade
de São Paulo, assim escreveu:
“A
Quina, Cinchona ledgeriana, a mais eficaz terapia contra a Malária,
é o grande exemplo de um medicamento indispensável para a saúde
moderna que se originou do saber indígena. Descrita em 1633 pelo
padre espanhol, Calancha, a Quina logo se tornou um produto
indispensável ao médico jesuíta. A difusão européia dessa casca
amarga de uma árvore americana foi dificultada, num primeiro
momento, pelas nações protestantes. […]Em 1820, dois químicos
franceses isolaram o alcalóide “Quinina” e, após 1860, os
Holandeses conseguiram contrabandear sementes que foram aclimatadas
em Java” (“Nossa
História” ─
julho de 2005)
A
pandemia do Covid 19, aqui nas Terras de Dom João VI desperta, por
ora, duas propostas que nos meios de comunicações e redes sociais,
vêm provocando acaloradas discussões:
● Uma
proposta visa administrar a Quinina nos casos sintomáticos de
Coronavírus sem ter submetido essa substância à nenhuma avaliação
farmacológica. Talvez, quem sabe, evocando a imaginação dos
boticários do tempo antigo, que antes do isolamento da quinina já
faziam uso do produto bruto, quando ainda não existiam testes
científicos para esse fim.
● A
Outra proposta diz ser temerário o uso da Quinina, uma vez que não foi
testada nem protocolizada e liberada pelo Ministério da Saúde para
casos positivos de Coronavírus.
Como
médico, não poderia deixar de insistir com esse alerta/esclarecimento:
A
Quinina nunca foi testada cientificamente em casos do Covid ―19,
isto é, não se sabe que efeitos colaterais ou malefícios poderão
advir do seu uso, a médio e longo prazo, feito de forma
indiscriminada.
Por
Levi B. Santos
Guarabira,
22 de março de 2020
3 comentários:
Caro Levi,
Mais uma vez o parabenizo por seus artigos.
Quem dera eu pudesse estar com meu tempo ocioso, mas,infelizmente, ando trabalhando em velocidade semelhante. Só não tenho é saído de casa, exceto para comprar o essencial.
Nesses dias de pânico e também de ignorância, a qual é alimentada pelos fanfarrões de extrema direita como Trump e Bolsonaro, a indicação não científica da cloroquina fez lembrar dos praticamente dois anos que minha esposa fez uso dessa droga, entre 2010 e 2012, por motivo de suspeita de lupus, coisa que depois se descartou quando a mesma resolveu se expor ao sol numa praia e nada lhe ocorreu de ruim. Porém, supomos que ela tenha ficado com alguma sequela em sua visão passando a usar óculos.
Pode ser que o anti-malárico tenha alguma utilidade quanto a esse vírus e outras doenças.Porém, mesmo nesta hipótese, não deverá ajudar a todos pois muitos pacientes idosos ou pessoas com saúde debilitada talvez morrerão e nosso sistema de saúde corre o risco de passar um colapso jamais visto nos últimos 100 anos.
Por outro lado, não creio que morrerão tantos quanto foi na Gripe Espanhola,mas penso que o Brasil deveria ter sido mais precavido se, ainda em janeiro, houvesse aumentado o controle nos aeroportos.
Um abraço e ótima semana!
Desculpe aí Rodrigão, por ter passado esse tempão todo sem conferir os comentários do meu blog.
Mas, caro amigo, estou recentemente vendo que a coisa degringolou.
Como médico, entendo que o Bozo deve ser afastado, não por impeachment. Entendo que qualquer psiquiatra lhe daria uns sessenta dias para se tratar e repousar, deixando o vice Mourão, que se mostra muito sensato, para levar o barco nesse momentos de turbulência.
Abçs,
Levi
A saída de Bolsonaro seria o mais indicado para o país. Suponho que Mourão teria mesmo mais sabedoria para lidar com o momento.
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