12 março 2010

O NASCIMENTO DA INDIVIDUALIDADE

O desejo de liberdade é algo inerente a natureza humana. Hobbes identificou a ânsia de poder como a força propulsora do homem. Freud foi mais além, ao ver que cada pessoa trabalha para si, individualisticamente, por seu próprio risco. A concepção freudiana das relações humanas é essencialmente a mesma: o indivíduo tem impulsos biológicos que precisam ser satisfeitos. A fim de satisfazê-los a pessoa entra em relação com outros objetos, que são os outros indivíduos, pois, eles são sempre um meio para se alcançar o fim necessário, sendo o campo das relações humanas, análogo ao Mercado, cuja moeda, é o intercâmbio de desejos ou necessidades, em que a relação com o outro indivíduo é sempre um meio para atingir um fim, nunca um fim por si mesma.

Mas, ao lado de um desejo inato de liberdade, há também uma aspiração instintiva à submissão. Não só nos submetemos a um chefe pessoal, como nos submetemos às compulsões interiores que são uma espécie de autoridade anônima das profundezas do nosso inconsciente.

O mito bíblico do Gênesis relata uma escolha em que o primeiro ato de liberdade é também um ato de sofrimento. Ao comer do fruto da árvore do Bem e do Mal o homem realiza o seu primeiro ato de liberdade, que em suma é um ato gerador de culpa, pois é resultado de uma transgressão. Ao agir contra Deus, ou contra a autoridade do seu inconsciente o homem emerge para sua existência, impotente e temeroso. A recém conquistada liberdade aparece-lhe como maldição. Ele se vê livre do doce cativeiro do paraíso para realizar a tão sonhada e espinhosa individualidade.

Mas esse mito bíblico nos remete a nossa infância, quando saímos da esfera de proteção materna para enfrentamento do processo educativo, que gera frustrações. Nos primeiros anos a criança se comporta com submissão rígida às autoridades, mas com o tempo ela aprende a não se curvar com ternura diante dos seus mestres e tutores, passando a experimentar, a partir de então, os aspectos perigosos e avassaladores da solidão da liberdade instintiva.

É na criança, que logo cedo, se inicia o salutar desejo de promoção, mas coitada, sente-se culpada pelo desejo de tomar uma iniciativa contrária a da autoridade que lhe rege, e, se não pode exprimir o que sente, foge para o seu mundo imaginário, arriscando-se a viver à margem da comunicação. A educação que ensina, logo cedo, a criança a ter sentimentos que não são de forma alguma dela, em particular, é responsável, em parte, pela artificial etiqueta de ter que ser sempre amistosa com todos, mesmo sabendo que isso é uma insinceridade e hipocrisia.

Por uma determinada época, a criança descobre a contradição entre o que os adultos dizem e o que fazem. A criança termina por reconhecer as verdades não ditas, ignorando ou recalcando os seus desejos, que mais tarde, quando adultos vão ser responsáveis pelos seus sentimentos de poder, uns sobre os outros.

Nós, os adultos e crianças de ontem, vivemos como que fascinados pelo aumento da liberdade de poderes fora de nós, e cegos para as nossas restrições, compulsões e medos interiores, que forjados nos primeiros anos de vida foram desaguar no assombroso individualismo da sociedade moderna.

O homem moderno se esconde por trás de uma fachada de satisfação e otimismo; em verdade, está à beira do desespero. Ele se apega desesperadamente à noção de individualidade; quer ser “diferente” e não encontra maior elogio para qualquer coisa que não a de ser “diferente”.




Ensaio por Levi B. Santos
Guarabira, 12 de março de 2009



FONTES:. 1. O Medo à Liberdade - Erich Fromm (Editora Zahar)
...............2. Solidão - Françoise Dolto (Editora Martins Fontes)



34 comentários:

Marcio Alves disse...

Mestre Levi

Instigante e saboroso ensaio!

O individualismo tem sua gênese a priori na fuga da existencialidade subjetiva no sujeito da não confrontação da contrariedade da contradição interiorizada, se fechando e se bastando de si para si mesmo, utilizando do relacionamento no ser-si.

Abraços

Levi B. Santos disse...

Caro Márcio


Estou degustando seu comentário.

Parei um pouco aqui, "no sujeito da não confrontação da contrariedade da contradição interiorizada" - para poder refletir melhor sobre essa rebuscada e emblemática frase.(rsrsrs)

Abçs,
Levi B. Santos

Esdras Gregório disse...

Levi o individuo individual da individualidade subjectiva do sujeito da subjetividade se sujeita ao individualismo individualizante dos indivíduos individuais da individualizaçao do sujeito subejtivo da subjectividade subjetivante kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Levi me desculpe, depois eu volto com mais tempo é que agora não vai dar kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk pera ai que tem mais um pouquinho de kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

Caro Levi

A liberdade gera a individualidade que por sua vez pode produzir o egoísmo. Acertei? (risos).

Que fascinante o seu trecho em que cita Gênesis. O primeiro ato de liberdade do homem já lhe causando culpa! E não é isso o que as mães vivem causando aos seus filhos proeficientes?

Parabéns, Mestre Levi.

Abraço.




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P.S.: Pô, Márcio, vê se não exagera no palavrório!

Anônimo disse...

Amigo Mestre LEVI,

Ler o seu ensaio foi bom e compreensível, mas ler os comentários do Marcio e do Gresder, eu me pergunto em qual dos dois está faltando mais neurônios.....porque se não estiver faltando, então está em excesso....hahahaah....

Brincadeira meninos....rs

Mas Levi, no meu ponto de vista, não sei se irá concordar comigo ou não, eu creio que a invidualidade existe dentro de cada um, o que difere é que, algumas pessoas reconhecem seu invidualismo mais cedo quando adquirem a liberdade mais cedo, o que já não acontecem com outros...

Uma criança e/ou adolescente, vai reconhecer o seu individualismo quando ver a liberdade bater a sua porta, quando os pais deixarem de ser super-protetores...então cada um irá reconhecer seus desejos, suas vontades e sua verdadeira personalidade....

Criança e/ou adolescentes que ainda se encontram debaixo das "asas" dos pais, não reconhecem sua personalidade e individualidade....pois agem conforme a vontade dos pais, para não ocasionar desconfortos ambas as partes....

Então, para mim...Individualidade assimila com liberdade!!

Quem não vive na "liberdade", não tem a oportunidade de reconhecer a sua "individualidade"...

Beijos....me corrija por favor se errei...rs

Marcio Alves disse...

Mestre LEVI

Vamos precisar o mais urgente possível internar o GRESDER, pois ele esta ficando louco.

Além de escrever seus textos, e falar que é justamente o contrario do que pensa e crer – mas que loucura, você não acha? com seus vastos conhecimentos psicanalíticos, que o Gresder sofre de algum problema bipolar? – agora ele fica tentando me copiar porque na verdade Levi, eu sinto e sei que o ESDRAS, não gosta de ser ele mesmo ele, por isso ele inventou o GRESDER, que é um personagem fictício, e diz que quem escreve os seus textos não é ele mesmo ESDRAS, mas o GRESDER, pois não consegue se auto aceitar, e se auto engana pensando ser o GRESDER, mas ele é o ESDRAS que não tem coragem de assinar o que escreve por não ser ele mesmo sendo outro mesmo eu, que delírio do louco gênio menino!!!!!

Falar nisto Gresder, você já tomou o seu gardenal???

Anônimo disse...

Desculpa o termo, Doutor Levi, mas o que o Gresder precisa mesmo é de uma coisa que começa com "se" e termina com "xo". E tenho dito.

Abraços.

Marcio Alves disse...

Mano Isaias és tu um psicólogo de mão cheia......é exatamente isto, a fonte de todos os distúrbios mentais do GRESDER SIL, se ele não consegue arrumar por falta de capacidade, que tal reunirmos a confraria para pagar para ele???

Anônimo disse...

Ô Márcio!! Vamos devagar aqui, senão o nosso Mestre Levi nos manda passear! Mas que seria uma boa idéia, isso seria mesmo, hehehe...

Levi B. Santos disse...

Caro Isaias

Sobre o que você falou: "que a individualidade pode produzir egoísmo", o que tenho a dizer é que, se dermos as estruturas integradas de nossa personalidade o nome de "eu", podemos concluir que o nosso processo crescente de individuação ocorre às custas do vigor do "Ego".
Em suma, isso significa dizer que, uma pitada de egoísmo é salutar em nossa vida de relação.(rsrsrs)


Abçs,
Levi B. Santos

Levi B. Santos disse...

"Quem não vive na "liberdade", não tem a oportunidade de reconhecer a sua "individualidade"..."

Grande verdade! Grande frase, Paulinha!

Agora Paulinha tem o outro lado da moeda:

O homem moderno, no obstante, ter proporcionado a independência de suas pontencialidades, ainda assim, se sente inseguro, sozinho e às vezes, angustiado e impotente, como se quisesse escapar do peso da liberdade.

O Homem é mesmo um ser paradoxal, não acha?

Abçs,
Levi B. Santos

Anônimo disse...

Levi

O script do gadget "Sky Fm Online Radio" presente em seu blog está com um problema, pois sempre que abro o seu blog (sem clicar em nada) aparece a janelinha de download para eu baixar alguma coisa, o que pode até mesmo ser um vírus. Sugiro que o amigo apague o código HTML ou Javascript que eu mencionei para que isso não ocorra mais.

Abraço.

J.Lima disse...

Levi.

O seu comentário me remete a história, o momento da transição da IDADE MÉDIA para a RENASCENÇA, esse certamente foi o momento crucial na história a fecundação da PSICOLOGIA, nesse momento nasce o “Eu”, a subjetividade.

Não é mais a estrutura coletiva, pois a ruptura na cosmovisão do universo, onde o absoluto “Deus”, é tirado da soberania absoluta, e passa a dividir como o homem a construção da vida, o destino se perde, o fatalismo do “seja o que Deus quiser”, da lugar, a “Deus vai querer o que eu também quiser”.

Juntamente como todas as conseqüências dessa mudança de pensamento, volta-se o velho axioma grego: “CONHECE-TE A TI MESMO”. Não era mais conhecer “Deus” para conhecer o homem, e sim “CONHECER –se” para conhecer o homem, um pré-nuncio da antropologia, que haveria de surgir posteriormente.

Não tenho duvida que ai nasce uma das mais novas e promissoras ciências a PSICOLOGIA!

Quando você fala do homem moderno, na realidade já há outra definição, não mais o moderno, que tem no homem a medida de todas as coisas, mas já o PÓS-MODERNO, esse é aquele ao buscar para si as honras de construir o mundo, passou a ser um religioso das ciências, a religião meta-fisica que tinha o seu postulado na fé em um Deus a imagem do homem, passa a ter uma religião na ciência que é a fé do homem na sua própria imagem.

A religião da idade média confessava CREIO NO QUE NÃO POSSO VER, essa ao inverso diz VEJO POR ISSO POSSO CRER!

Acontece que agora no século XXI a mesma desilusão que houve na transição da IDADE MÉDIA para a RENASCENÇA, que o homem deixou de ter Deus como o absoluto e passou a ter o homem como o absoluto de si mesmo, a ciência dogmática passou a ser a sua esperança de salvação, mas o ídolo caiu, a ciência não salvou, o homem mais uma vez experimenta essa SENSAÇÃO DE VAZIO, afinal já não há mais certezas no humanismo;

A ciência não é exata como se pensava, o átomo foi subdividido e o elétron não sabe sequer como se comportar, a semelhança de um menino levado, muda sua postura de acordo como a severidade do observador!

È meu caro Levi, acho que no nosso inconsciente temos saudades do tempo que hoje denominamos ignorantes, “idade das trevas”? quem foi que mediu a quantidade das ausência de luz? E com que luz pode se dizer que um período foi “trevas”? Que presunção!

Mesmo na inocência tínhamos mais direção, talvez não fossemos para o lugar que achávamos queríamos ir, mas pelo menos tínhamos certeza de ter um lugar a se chegar!

A modernidade despencou a pós-modernidade dá tudo ao homem principalmente insegurança, incerteza, talvez por isso esse desejo louco de se ter um absoluto esteja ressuscitando novamente o tão temível fundamentalismo!

Abraço.

Esdras Gregório disse...

O mito da queda narra a historia de como o pecado entrou no mundo quando o SER decidiu EXISTIR. Sim o pecado constitui em existir nada mais, pois antes da queda o SER apenas era, mas não EXISTIA nas contingências da experiências possíveis do EXISTIR. Mas isto já é matéria de um post, valeu LEVI.
Traduzido: todos somos neutros em essência, mas a partir do momento em que deixamos de ser alma pura no embrião do criador e tomamos forma na individualidade que as formas de existir nos moldam passamos a um estado impuro de ser.
Pois individualidade é diluição da essência primaria na qual fomos criados, individualidade é libertação da forma para uma própria e nova escolha de se ser.

Esdras Gregório disse...

De novo ISAISAS você com essa conversa, pro seu governo eu faço sexo praticamente uma vez por semana, mais cinco anos assim eu chego às mil mulheres que Salomão teve, falo serio, falar nisso hoje eu vou sai para dançar quem sabe mai uma para a lista que eu não sei em que numero esta kkkkkkk

Levi B. Santos disse...

Obrgado Isaias

Já deletei o gadget do Sky Fm, para não haver mais problemas.
Caso apareça de novo, avise-me

Abçs,

Levi B .Santos

Levi B. Santos disse...

Prezados Marcio e Isaias


O Gresder, ao que parece está revelando a natureza dupla da personalidade.

Aqui pra nós é o Gresder herético, e lá para o pessoal da igreja em Campinas é o Esdras conselheiro dos pastores e das ovelhas do seu antigo rebanho, escrevendo livros para conscientizar a sua parentela evangélica.

Ele provavelmente não fez ainda como Abraão, que deixou tudo e todos de sua casa para se aventurar por terras desconhecidas e inóspitas. Eu duvido que ele tenha sido cortado de comunhão! (rsrsrs). Seu cartão de membro ainda deve estar na ativa. Se tiver, ele está comendo o pão e tomando o vinho indignamente. (rsrsrs)

Sangue de Cristo!!!


Levi B. Santos

Eduardo Medeiros disse...

Levi, nós, evangélicos de longa data, estamos cansados de ouvir que temos que "matar o nosso ego", mas isso na verdade, é impossivel, visto que sem ego, somos o que? somos um não-ser, um somos sem ser?

O que temos que ter em controle é o egocentrismo. Um pouco "de ego" não faz mal a ninguém.

Levi B. Santos disse...

Meu caro J. Lima


Seu comentário veio rico e extenso, que vou precisar de alguns dias para digeri-lo com mais calma.

Foi bom assim, para compensar a sua longa ausência nesse humilde recanto (rsrsrs)

Gostei muito desse desfecho que você deu ao seu denso e elucidativo ensaio sobre o tema postado:

“A modernidade despencou a pós-modernidade, dá tudo ao homem principalmente insegurança, incerteza, talvez por isso esse desejo louco de se ter um absoluto esteja ressuscitando novamente o tão temível fundamentalismo!”

Já refleti muito sobre esse ponto meu caro , J. Lima. O religioso fundamentalista parece ser mais feliz que os pensadores e cientistas da alma.

O religioso praticante toma parte nos vários rituais de sua igreja, e, indubitavelmente, o prazer ritualístico constitui uma das razões mais significativas de sua ida a igreja, coisa que não atrai o homem vazio e insosso da pós-modernidade. (rsrsrs)

Seu brilhante e esclarecedor comentário preencheu em alto nível, tudo que faltava no texto por mim postado.


Um forte abraço, e volte sempre.


Levi B. Santos

Esdras Gregório disse...

Levi eu tenho ansiado a bençao e coroação de todo herege herético que é escomunhao, mas os caras não querem me honrar com essa dádiva. Nao adianta quanto mais herético e mais perverso eu me torno eles nem ligam e me deixam desfilar livremente nos corredores do templo.

Anônimo disse...

Mestre Levi, manda internar o Gresderzitto para fazer uns tratamentos psicológicos....este menino não anda batendo bem das "cacholas" ULTIMAMENTE...RS...

Levi B. Santos disse...

Caro pensador Eduardo

Essa coisa de "matar o ego" que você ventilou, me despertou, para talvez, num próximo ensaio, se fazer uma releitura, em alguma sala de pensamento,sobre o que é "Renunciar a si mesmo" ou "negar a si mesmo". Ao meu ver existe muita confusão e interpretação estapafúrdia à respeito desse tema.

Que bom, se pudéssemos explorar essa "renúncia ao eu", que muita gente pensa que é só exterior, quando se diz: "Eu renunciei ao cigarro, a bebida, e a prostituição, etc"

Passo a bola para você Eduardo(rsrs)

Levi B. Santos disse...

Gresder!


O que???
Você como herético declarado, ainda circula livremente pelos corredores da Assembleia de Deus de Campinas?

INCRÍVEL!

Das duas, uma:

Ou você tem imunidade por ser parente de Pastor, ou está sendo tolerado por portar uma bomba de efeitos imprevisíveis. Nesse último caso, para que não haja escândalo, a igreja está te suportando, hein?

Mas isso é terrorismo, Esdras!(kkkkkkkkkkk)

Levi B. Santos disse...

Irmã Paulinha


Temos que orar muito pelo Gresder. Ele virou um compulsivo, só pensa naquilo. (rsrsrs)

Não viu o que ele disse anteriormente?

"Quer chegar logo, logo às mil mulheres, como Salomão.

Já notou que ele só cita literalmente a Bíblia quando é para o seu proveito carnal?

Ele tem que ser excomungado. A Assembleia ainda é a minha igreja. Foi lá que eu nasci e me criei, e merece todo respeito.

Ora bolas!

Eduardo Medeiros disse...

Levi, não me passa a bola não que eu já pedi substituição pois estou muito cansado rsssss

Devolvo-te a bola pra que você faça um gol de placa com o tema. A nós, restará apenas aprender e comentar.

Quem sabe na sua próxima postagem lá na confraria?

E quanto ao gresder...aquilo é caso perdido! ele diz gostar muito do deus guerreiro do AT, mas ele é devoto mesmo é de Eros.

Jailson Freire disse...

Professor,
Seu texto é no mínimo intrigante.
Não considero-me habilitado a comentá-lo, mas para não ficar no vazio, coloquei aí esse texto:

EU, EGO DE MIM... (com esse português mesmo... rsrsrs)

Tudo começa comigo e termina em mim. Eu, eu, eu e mais eu... Eu sou, eu faço e aconteço. Eu sinto, eu acho. Eu quero, eu gosto.

Eu sou o melhor. Eu sou o mais certo. Eu sempre tenho razão. Eu digo e não nego, mesmo comendo chão.

Eu tenho, eu compro, eu conquisto... Mesmo que eu não saiba o que fazer com tudo isso.

Eu recebo, obtenho e não ofereço. Eu sou assim, quem quiser que venha a mim... Eu fiz, eu quis e me satisfiz. Eu falo, eu não me calo, eu sempre tenho razão, eu já disse, eu repito!

Eu sou o mais forte, eu tenho o poder; posso até comprar você. Eu nunca erro, eu sou perfeito. Eu jamais vacilo, nem sei o que é isso...

Eu quero, então compro... Eu quero, então possuo... O que importa sou eu... O que importa é que eu tenha. Mesmo que aos montes engane. Mesmo que seja em nome do inocente que morreu... O que morreu por mim, você e eu. Viu? Sempre eu...

Eu sei que o mundo foi feito para mim, por isso eu sou assim...

O problema é que quando tenho que guardar não fica comigo e se eu preciso vender, não ficará em meu poder. Pior é que isso serve para eu e para você.

Eu possuo, e se não possuo ainda, é porque eu não quis, e se eu quiser, então terei e se tenho não darei, pois se eu der não terei e se não terei é porque ainda não se fez.

Ah o ego! Esse é o ego que precisa morrer por asfixia. Esse é o ego que talvez você até tivesse e não via que tinha. Esse que não divide nem se converte. Esse que ainda assim nos diverte!

Esse que não se vê a hora que chegue o fim de sua história em nossa vida. Esse que nos torna egoístas... Esse que às vezes vem para ficar, não como turista. Esse que nos envergonha. Esse que nos enfadonha.

Quando o ego morrer todo ano precisa contar aniversário, pois a morte desse imbecil sempre foi um enorme entrave. Precisamos comemorar como um gol que não bateu na trave.

Adversário de tudo o que foi planejado pelo Deus que sonha em ver o mundo alcançado por sua graciosa graça. Que ama a paz e a alegria, além de resgatar os filhos de uma terrível fadiga.

Morte ao ego!

LEIA MAIS...
http://cronicasdeumobservador.blogspot.com/

glauciasemfalas disse...

Ser indivíduo implica em ser responsável.

Assim como Adão quis exercer o ato de ser indivíduo, não quis assumir o ato em ser responsável por tal.

"E assim caminha a humanidade" desde então, exercitando o seu direito de ser indivíduo e responsabilizando o Senhor DEUS.

Jailson Freire disse...

Ah! Professor, desculpa a minha dúvida, mas a palavra mito não seria desapropriada para descrever um "fato"?

glauciasemfalas disse...

Mestre Levi,

Antes que me esqueça, belo texto, traçado humanamente com responsabilidade, sem o egoísmo da individualidade.

Levi B. Santos disse...

Prezado Jailson


Agradeço de coração a sua visita a essa sala de pensamentos, e em especial ao seu instigante artigo.

Mas, Caro Jailson, eu acredito que há um modo de não aniquilar o “EU” por completo:

Quando a minha relação de alteridade “Eu – TU”, significa para mim a mesma coisa que “Eu –Isso” – o egoísmo doentio e nefasto é o resultado final de tudo, pelo fato de o outro se constituir um meio de alcançar o meu fim. O outro é apenas um objeto de meu prazer.

Infelizmente esse tem sido o lema da sociedade moderna egóica.

Contudo, ainda resta uma esperança, desde que eu veja Deus no “outro”, numa relação “Eu – Tu” verdadeira e sadia, sabendo que o lugar do outro é indispensável a minha realização existencial, como o mestre Judeu hassídico, Martin Buber, muito bem dissertou no seu memorável livro: “EU e TU”.

Em linhas gerais, o que mais importa não é o que Deus é em sua essência, mas sim o que Deus é em relação ao meu próximo.

Na verdade quando o homem diz: "eu faço; eu sou; eu sei...etc", ele está querendo dizer: eu represento alguma coisa, eu quero alguma coisa, e não “EU ME SINTO NO OUTRO”.

Esse fundamento do “Tu” é vivenciado e valorizado como objeto.

Quando vislumbramos no “outro” a orla do “TU” eterno, nos sentimos em cada “Tu” como quem entra em contato com o próprio sopro provindo de Deus.

O egótico se contrapõe ao outro e procura em sua experiência , sempre utilizá-lo como coisa, apoderando-se do máximo que lhe é possível.

Quanto à questão da expressão MITO, para mim não significa mentira ou ficção.

Aprendo muito, quando eu retiro da história e das narrativas bíblicas, elementos simbólicos que me levam a entender através de figuras de linguagem, o relacionamento do humano com o Divino no tempo e no espaço; e, é a essa vivência que harmonicamente me capacita a conhecer-me e experimentar-me interiormente, que eu denomino de “mito”.


Os seus comentários, Jailson, serão sempre bem vindos, por estimular mais a nossa dialética.


Um forte abraço do amigo,


Levi B. Santos

Levi B. Santos disse...

Prezada Glaucia Carneiro

Sou grato por sua visita e seu comentário.

Você falou com muita propriedade.

Adão exerceu o primeiro ato de individualidade tipo egoística. Ao invés de assumir a responsabilidade pelo seu ato, projetou a sua culpa no Grande Outro, quando disse: "a culpa é da mulher (objeto) que me deste"

Abçs,

levi B.Santos

Unknown disse...

Meu Grande Mestre Levi;

Esta busca por liberdade pode ser também a busaca pela auto-afirmação, tendo um principio de sugeição e obediencia, para mais tarde se livrar das restrições, á fim de caminhar sozinho sem a ajuda dos outros só pelo prazer de dizer: "tudo que tenho e o que eu sou, são frutos do meu trabalho e esforço".

Exemplos: O primeiro salário, a primeira casa, o primeiro carro...etc; todas são conquistas materiais, mas que resultam na sensação de liberdade.

Espero não ter fugido do tema abordado.

Forte abraço;

Em tempo; Meu Mestre Levi estou sentindo sua falta lá na minha sala poética.

Eduardo Medeiros disse...

LEVI, já li aqui mesmo no seu blog os muitos comentários que você escreveu e a revista Veja publicou, mas confesso que fiquei com um sorriso bobo quando li o seu mais recente comentário publicado sobre Lula e a morte do Zapatero.

Mostrei para a minha esposa e disse: "olha, é o Levi".

rssssss

glauciasemfalas disse...
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