25 maio 2010

Brincar de Palavras



...............Eu que de rabiscos enchia os meus papeis,

...............Hoje, brinco com palavras de um jeito virtual

...............Que lembram os meus dedos enfeitados de anéis,

...............Quando mascarava as letras de forma manual.



................Mas hoje não são letras, que deixo aqui pintadas,

................São palavras iguais às de todos que digitam.

................Não nego que se encontrem nelas, bem entalhadas,

................As máscaras da infância que em meu ser se agitam.



................O que faço pra enfronhar-me nesse teatro da vida.

................Senão brincar com as máscaras que limitam meu agir?

................Viver sem uma fantasia deixa a alma enfraquecida

.................Pois, a tal da realidade, é difícil de digerir.



.................Da plenitude uterina, quando enfim fui afastado

.................Deram-me como um consolo um pequeno manual.

.................Na capa está um alerta: "não fique desanimado",

................‘Não leve as palavras á sério num mundo artificial’.



..................Minha armadura rígida é brincar de escrever,

..................Ela faz a minha vida mais leve e menos cruel

..................Faço dela uma bebida, p’ra de tédio não morrer

..................Adoçando minha língua com o seu sabor de mel.



...................Têm um sabor de mel, têm um sabor de mel.

...................As palavras para mim, têm um gosto de MEL.



....................Versos por Levi B. Santos

....................Guarabira, 25 de maio de 2009

13 comentários:

Marcio Alves disse...

Muitooooooooo bom mesmo LEVI, o seu profundo texto psicanalítico.

Tem razão meu mestre! A realidade nua e crua, tão como se apresentam para nós, é muito cinzenta, precisando de mecanismo que venham dar cor e cheiro a vida.

Eu considero a arte, música, escrita, pintura, poemas e poesias, como formas de sairmos um pouco da realidade, mas sempre de maneira muito saudável.

Por isto, eu acredite que daria para substituir a religião, por outras muitas formas bonitas e saudáveis de viajarmos para fora da realidade, embora eu saiba que a propriamente dita religião é sem duvida alguma, tal como a droga uma das mais fortes anestesias da vida!!!

Abraços

Levi B. Santos disse...

Caro Marcio, estás com toda razão!

As artes, a religião e as descobertas científicas são todas enraizadas na nossa capacidade de brincar.

É dessa forma também que as crianças aprendem a lidar com a vida e a encontrar significados.
Brincadeiras criativas proporcionam uma janela dentro do coração e da mente das crianças – é dessa forma que elas espontaneamente, expressam suas próprias verdades.

Não tem nada mais importante para a saúde durante a infância que brincadeiras criativas. Foi o grande psicanalista Winnicott (estudioso do desenvolvimento infantil), que publicou trabalhos científicos, comprovando que a religião está ligadíssima ao “ato de brincar”.
Ambos nos enchem de ilusão e fantasia, contra as agruras do existir humano.

Em criança, brincávamos com letras, hoje brincamos com palavras. BENDITAS PALAVRAS!

Eduardo Medeiros disse...

Belo, Levi, belo. Brincar com palavras...

Lembrei-me agora de quando criança, meu pai me comprou um brinquedo educativo que consistia de todas as letras do alfabeto feitas de plástico. Ainda existem hoje??

Eu ficava horas brincando com as letras, formando palavras, inventando palavras, absorto em um mundo mágico feito de todas as possiblidades que se escondem nas letras do alfabeto.

Mas que coisa é essa do marcinho contra a religião? rssssss isto já tá virando patológico! rssss

Anônimo disse...

A fantasia é sempre "um mal"(?) necessário, pois a realidade é mesmo muito indigesta, ainda na melhor das hipóteses.

Escrever é a catarse de muita gente, pra mim sempre foi e continua sendo. É o dom que temos de expulsar os nossos próprios demônios e, às vezes, ainda nos alegrarmos -e aos outros- com isso. Abraços.

Oseias B. Ferreira disse...

Levi,

Acabo de ler um texto do Gresder, cuja leitura muito me emocionou, agora, ao ler tua belíssimna poesia não aguentei, lágrimas rolaram (acho que hoje acordei emocionado).

Um forte abraço meu amigo Levi

Luis Paulo Silva disse...

Paz Levi,

Em comentário à sua última resposta no post anterior, digo que agora se Deus permitir terei mais tempo para escrever e também para ler.

Muito lindos os seus versos.
As palavras escritas imortalizam homens na terra e fazem muita diferença no destino quando estes chegam na eternidade.
Ainda é possível perceber os "traços" únicos de quem escreve com o coração, não só com a mente mesmo em palavras digitadas e aparentemente iguais às outras todas.

Fique na Paz do Senhor.

Forte Abraço.

Luis Paulo Silva.

Levi B. Santos disse...

Caro Eduardo

O Marcio "inconscientemente" misturou o tema religioso que ele postou lá na Confraria, como os versos que fiz.(rsrsrs)

E não é que a religião, em psicanálise, está intimamanente relacionada com o "ato de brincar".

A criança executa o ato de repetição: "joga a bola ou o novelo fora, depois vai buscá-lo para jogar de novo fora, e assim fica sucessivamente até cansar.

O Marcio está jogando o que tem dentro dele para fora, para depois ir buscar... Numa espécie de reedição de um jogo infantil. (rsrs).

Levi B. Santos disse...

Isa

Bem aventurada CATARSE nossa de todos os dias...(rsrsrs)

Abçs,

Levi B. Santos

Marcio Alves disse...

EDUARDO MEDEIROS
Eu quero acabar com a religião!!!!


LEVI
Foi “coincidência”, uma fatalidade do meu “inconsciente consciente” que misturou seu texto com a temática da religião. Hehehehe

Na verdade, acho que sou meio louco mesmo, ainda insisto em querer escrever contra a religião, na esperança de acabar com a mesma.
Eu sei que isto é utópico mesmo, mas fazer o que, só me resta “sonhar um sonho utópico religioso”. Rsrsrsrssr

Levi B. Santos disse...

Mestre Oseias

Ultimamente Isaias tem reprisado algumas poesias dele, que não tenho como negar, tocaram profundamente nas cordas sensitivas do meu coração, assim como esses simples versos que fiz reverberaram do mesmo modo nas cordas do teu coração.

Amigo!....
Parceiros somos desta alma inquieta,
Desta ansiedade, não sabemos a fonte.
Que, quando queima demais em nosso peito
Explode então como um vulcão na boca,
Numa profusão de contidos sentimentos.

Abçs,

Levi B. Santos

Levi B. Santos disse...

Prezado Luis Paulo


Falaste com sabedoria meu irmão:

"Ainda é possível perceber os "traços" únicos de quem escreve com o coração, não só com a mente..."

Penso que é na poesia que esses "traços" aparecem com uma aura de "nitidez interior inconfundível".

Me aguarde, que logo logo, estarei conferindo os teus textos no "Despertai Ceifeiro" - que está de cara nova.

Abraços,

Levi B. Santos

Eduardo Medeiros disse...

Levi, gostei tanto do verso que você escreveu no comentário para o Oséias(que eu tenho quase certeza que é mais uma do Gresder) que eu colei lá no olhar o tempo, com o devido crédito.

Eduardo Medeiros disse...

Levi, dá uma lida no meu texto "Dulce não quer casar" no olhar o tempo. Será que estou ficando louco igual ao marcinho?? rsssss