Gilmar Mendes diz ser alvo de 'intrigas'
por parte de Lula
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FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
Atualizado às 19h19.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou
nesta terça-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria a
"central de divulgação" de intrigas contra ele e que a tentativa de
envolver seu nome no esquema do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, tem como objetivo "constranger o tribunal" para
"melar o julgamento do mensalão".
"O objetivo [de ligar seu nome ao de Cachoeira] era melar o
julgamento do mensalão. Dizer que o Judiciário está envolvido em uma rede de
corrupção. Era isso. Tentaram fazer isso com o Gurgel e estão tentando fazer
isso agora", afirmou o ministro, fazendo referência às críticas recebidas
pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por ter segurado
investigação, em 2009, sobre a relação entre Cachoeira e o senador Demóstenes
Torres (ex-DEM-GO).
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Mendes diz que, durante um encontro com Lula no escritório do
advogado Nelson Jobim, o ex-presidente teria insistido em argumentar que o
mensalão não deveria acontecer neste ano. Após ouvir do ministro do Supremo que
o julgamento deve, de fato, ser realizado em breve, Lula teria então começado a
fazer ilações sobre a possibilidade de Mendes ser investigado na CPI do
Cachoeira.
A assessoria de Lula afirma que ele não vai comentar as
declarações de Mendes feitas hoje. Ontem, o ex-presidente divulgou nota dizendo
estar "indignado" com a versão, que foi relatada pela revista
"Veja" e não é corroborada por Jobim.
Nesta terça-feira, Gilmar Mendes diz que desde sempre defendeu a
realização do julgamento do mensalão ainda este semestre. "Não era para
efeito de condenação. Todos vocês conhecem as minhas posições em matéria penal.
Eu tenho combatido aqui o populismo judicial e o populismo penal".
Daniel
Marenco/Marcelo Camargo/Folhapress
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O ministro Gilmar Mendes
(dir.), do Supremo, acusa Lula de comandar 'central de divulgação' de
intrigas
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"Mas por que eu defendo o julgamento? Porque nós vamos ficar
desmoralizados se não o fizermos. Vão sair dois experientes juízes, que
participaram do julgamento anterior, virão dois novos, que virão contaminados
por uma onda de suspicácia. Por isso, o tribunal tem que julgar neste semestre
e por isso essa pressão para que o tribunal não julgue", completou.
Visivelmente irritado e com o tom de voz alterado, Mendes diz que
foi alvo de "gângsteres", "chantagistas" e
"bandidos", que estavam "vazando" informações sobre um
encontro que teve com Demóstenes, em Berlim, e que a viagem teria acontecido
após Cachoeira disponibilizar um avião ao senador.
"Não viajei em jatinho coisa nenhuma. Vamos parar com fofoca.
A gente está lidando com gângsters. Vamos deixar claro: estamos lidando com
bandidos que ficam plantando essas informações", disse o ministro, que
apresentou notas e cópias de suas passagens aéreas emitidas na TAM pelo Supremo
Tribunal Federal.
Questionado se o ex-presidente Lula estaria entre os tais bandidos
e gângsters, Mendes apenas respondeu que ele está "sobreonerado" com
a tarefa de adiar o julgamento do mensalão. "Estão exigindo dele uma
tarefa de Sísifo [trabalho que se renova incessantemente]", disse. Ele não
disse quem seriam "eles" a exigir a tarefa.
Mendes afirmou ter dito a Lula que vai a Berlim como o
ex-presidente vai a São Bernardo, que frequenta a cidade europeia desde 1979 e
que possui atualmente uma filha que vive lá.
Segundo o ministro, ele não precisa de "fundo sindical, nem
dinheiro de empresa" para viajar. Mendes citou que apenas um livro seu, o
"Curso de Direito Constitucional", vendeu mais de 80 mil cópias desde
2007 e que com o dinheiro poderia dar "algumas voltas ao mundo".
"Vamos parar de futrica. Não preciso ficar extorquindo van
para obter dinheiro. O que é isso. Um pouco mais de respeito", afirmou.
O ministro, então, relatou que entre 2010 e 2011 viajou duas vezes
para Goiânia em aviões cedidos por Demóstenes Torres, mas que tais fatos são
públicos. Segundo Gilmar Mendes, mesmo se, na ocasião de Berlim, o senador
goiano tivesse oferecido uma carona, isso não seria um problema.
"Eu poderia aceitar tranquilamente. Estava me relacionando
com o senador que tinha o mais alto conceito na República. Até pouco tempo nós
discutíamos com ele todos os projetos".
FONTE: FOLHA.
Com
Pronunciamento
do Senador Álvaro Dias no Congresso, Sobre a Gravíssima Tentativa de Desestabilização
do STF às Vésperas do Julgamento do Mensalão