Depois da Internet o
mundo não é mais o mesmo. Esse poderoso canal cibernético invadiu de forma
avassaladora os nossos lares. Os protestos, as guerras, os grandes acontecimentos
que ocorrem em qualquer parte no mundo são instantaneamente vistas e comentadas
nas redes sociais. Não há como negar que a comunicação por estas redes impactou
de forma definitiva a relação do indivíduo frente à sociedade e àqueles que detêm
o poder de comandá-la.
Só no Brasil,
nada menos que oito entre dez pessoas estão conectadas em redes virtuais. A
rapidez com que se absorvem as informações fez da internet um campo propício
para divulgação de ideais, de convocação dos mais diversos tipos de protestos, de bate-bocas entre líderes políticos, de exposição
dos discursos sem pé nem cabeça dos representantes de nossa república. Enfim, não há um só que não
seja atraído pela telinha dessa influente vitrine virtual. Já se diz por aí, que os notebooks, os tablets, os smart-phones, são a nossa segunda pele.
Não muito longe
do foco das recentes ondas de protestos na nossa maior metrópole (São Paulo), no
Espaço Cultural Tomie Ohktake, o renomado sociólogo espanhol, Manuel
Castells, fazia uma palestra sobre a “autocomunicação de massas no
âmbito da internet”. Por incrível que possa parecer, no momento em que os
manifestantes paulistas reprimidos pela polícia protestavam contra o aumento das
passagens dos transportes coletivos, o famoso palestrante internacionalmente conhecido, teorizava justamente “sobre as
manifestações que nascem na rede e depois ganham as ruas”.
Em um artigo
veiculado anteontem (dia 13), na Folha
de São Paulo ― o especialista em mídia e política ―, sobre o
comportamento dos internautas nesse seu novo espaço, disse algo emblemático,
que não poderia deixar de trazer ao conhecimento dos leitores. Castells
fez ver que “a autocomunicação através das redes, retirou a mediação dos outros
meios de comunicação. Segundo ele, a internet leva as pessoas a perderem o medo
de reivindicar e reclamar seus direitos, na medida em que passam a se reunir em
comunidades virtuais. Disse ele, na reportagem: “já vivemos uma ‘virtualidade real’ e não mais uma ‘realidade virtual’.
A internet é a infraestrutura de nossas vidas. Somos anjos e demônios. Viver na
internet tem um perigo: nós mesmos”.
O sociólogo foi
muito lúcido ao frisar que nas redes o que mais se vê no que concerne ao
combate de natureza política são as polarizações extremistas onde há sempre um “rosto a ser eleito”, e um “rosto a ser destruído”.
Quando os maiores
sites de informação, como o UOL, ao invés de servirem de moderadores insuflam
ainda mais os conflitos disponibilizando em suas primeiras páginas enquetes,
tipo: “Você é a favor ou Contra os
protestos ocorridos em São Paulo?”, o que podemos esperar do futuro desse
espaço cibernético?
Uma explicação de
cunho psicanalítico cai bem para explicar as pulsões intuitivo-destrutivas presentes
nas redes sociais: “A internet nos atrai
tanto porque somos órfãos de identidades estabilizadas”. (Contardo
Calligaris)
P.S.:
No Facebook, os paulistanos já
organizam o próximo protesto, marcado para segunda feira (17). O ato será
realizado no Largo do Batata, em São Paulo. O evento foi criado pelo Movimento
Passe Livre, principal organizador das manifestações, e já conta com mais de 93
mil presenças confirmadas pelo Facebook . [FONTE: infoabril.com.br]
Por Levi B. Santos
Um comentário:
Sem dúvida que as redes sociais tornaram-se o maior veículo de comunicação dos movimentos populares. Foi assim na Primavera Árabe e, no Ocidente, onde há maior liberdade de expressão, não pode ser diferente. Se antigamente um partido opositor revolucionário precisava se organizar para ter sua própria imprensa, megafones e outros veículos de comunicação, eis que agora tudo se tornou mais fácil com a internet.
Mas na mesma velocidade em que as massas se organizam pelas redes sociais, há um rápido desestímulo. Bastam que novos acontecimentos sejam produzidos para que outros interesses surjam e o internauta comece a clicar em eventos diferentes. Um dia essa galera cansa de protestar e passa a se ligar nos shows, paqueras, esportes e atrações culturais.
Tudo é um momento. Por esses dias rola a Copa das Confederações, o Brasil está sendo focalizado pelo mundo inteiro e o palco se torna atrativo para grupos protestarem. Quando as lideranças se desligarem, ou tiverem dificuldades para dar novos direcionamentos, a grande massa começa a se ligar em outras paradas. Ademais, o que temos visto nas cidades brasileiras não reflete a maioria da população brasileira que, embora sinta os altos preços dos serviços de transporte urbano e com a elevação geral do custo de vida, está satisfeita com os resultados do governo Dilma.
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