Aproveitei
uma parte da tarde de ontem (dia 15) para, pelo canal de TV Globo News,
conferir o segundo dia da reta final do julgamento considerado pela imprensa
como o maior do século ― O Mensalão.
Surpreendeu-me,
no finalzinho da tarde, o “bate-boca”
entre o Ministro Joaquim Barbosa e seu colega Ricardo Lewandoswski. Fiquei
a me perguntar:
Por
que tanta celeuma quanto à dosimetria da pena imposta ao bispo Rodrigues
― personagem menor do maior e mais amplamente investigado assalto às instituições
públicas brasileiras, de que se tem notícia?
Só
hoje, lendo o artigo do blog do Josias
(dia 16), é que fiquei sabendo das possíveis segundas intenções do ministro Lewandowski,
ao provocar o tumulto no final da sessão de ontem no STF. Entendi também o “por quê” da verdade inconveniente revelada
de forma crua e dura pelo presidente do Tribunal, resumida na palavra “chicana”.
Para
compreender melhor esse termo tão usado no meio jurídico, uma vez que não
milito nessa área, recorri ao AULETE. Não precisei de muito esforço mental para
saber o real significado do termo que o ministro Joaquim Barbosa, indignado,
lançou contra as manobras protelatórias do astuto colega Ricardo Lewandowski.
Em
um julgamento desse quilate sempre se aprende um pouco de Direito. E não é que
o significado do termo “chicana”, entre outros, foi posto
em primeiro lugar no dicionário de AULETE, assim definido:
1. CHICANA
(jur): “Ação ou resultado de impedir
ou dificultar o andamento de um processo, com argumento ou questão irrelevante,
ligada a aspectos técnicos ou sutilezas e detalhes das leis”.
Do
lúcido artigo do colunista Josias (do site UOL), reproduzo
abaixo a maior parte dos trechos (com os devidos créditos) que, acredito eu,
talvez possa contribuir para destrinchar o que Barbosa rotulou de “chicana”,
nesse interminável imbróglio jurídico. Se não vejamos:
“Ao pegar em
lanças pelo ex-deputado Bispo Rodrigues,
personagem ‘mequetrefe’ do mensalão, o ministro Ricardo Lewandowiski abraçou-se a uma tese que aparece nas peças de defesa
de alguns protagonistas do processo. Entre eles o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Foi pensando nisso que Joaquim Barbosa, presidente do STF e
relator do processo acusou o colega de patrocinar uma ‘chicana’”.
“A exemplo da
defesa do Bispo Rodrigues, os
advogados de Dirceu e de Delúbio sustentam nos recursos
(embargos declaratórios) que protocolaram no Supremo que seus clientes foram
prejudicados pelo Tribunal na hora da dosimetria, o cálculo das penas. Alegam
que o STF aplicou erroneamente uma legislação mais draconiana para crimes que
teriam sido cometidos sob a vigência de uma lei mais branda”.
“A lei usada pelo
Supremo é a de 10.763. Sancionada em 12 de novembro de 2003, ela elevou de oito
para doze anos a pena máxima para os crimes de corrupção ativa e passiva. No
caso do Bispo Rodrigues, o Supremo
entendeu que o crime foi cometido em 17 de dezembro de 2003. Nesse dia, já sob
a vigência da nova lei, o condenado recebeu uma ‘valeriana’ de R$ 150 mil”.
“A defesa alega
que a corrupção consumara-se muito antes, na campanha eleitoral de 2002, quando
foram afirmados os acordos que levariam aos pagamentos. Sob o argumento de que
o Bispo Rodrigues não participara de
tais entendimentos, o STF, em decisão unânime, enquadrou-o na lei mais salgada.
Lewandowski, que compusera a
unanimidade no julgamento do ano passado, agora resolveu guerrear pelo
acolhimento do recurso.”
“Os advogados de Delúbio e de Dirceu também pedem o recálculo das respectivas penas. [...] O pano
de fundo é uma reunião de José Dirceu
com José Carlos Martinez,
ex-presidente do PTB. Nesse ponto, acusou a Procuradoria, acertaram-se os
valores das propinas repassada à legenda do delator Roberto Jefferson”.
“Martinez morreu em 5 de outubro de
2003. A nova lei anticorrupção seria aprovada apenas no mês seguinte, em 12 de
novembro. Na sessão em que Dirceu foi julgado, o relator Barbosa informou ao
colega Marcos Aurélio que a morte de Martinez ocorrera em dezembro de 2003. O
que levou o Tribunal a enquadrá-lo na lei mais gravosa.
“Foi contra esse
pano de fundo que Lewandowski aderiu
à tese da defesa do Bispo Rodrigues,
contrapondo-se a Barbosa e à maioria
dos colegas. Como diria a rapaziada que encheu as ruas em junho, não foi só
pelos 20 centavos. Ou, por outra, não foi pelo Bispo, mas pelos Cardeais”. [ Blog do Josias ]
O ensaísta, Roberto Pompeu de Toledo, em seu
artigo de última página na revista Veja desta semana, expressa todo o seu
ceticismo com relação a esse truncado e moroso caso judicial. Merece destaque o que
diz o jornalista em certo momento do seu ensaio:
“Vá
explicar a um estrangeiro que um processo se arrasta por seis anos, enfim chega
ao fim, mas o fim não é o fim, só prenuncia um recomeço, e o recomeço sabe-se
lá quando terá fim.”
Guarabira, 16 de agosto de 2013
Site da Imagem: blogdeassis.com.br
6 comentários:
Teu texto é bom, mas ainda tímido. É lamentável que o senhor ministro Levandowisk tenha agido desde o início do famigerado julgamento como um rábula das ratazanas que carcomem a República. Infelizmente ainda padecemos de um medo atávico e muito recôndito (um mal do subdesenvolvimento talvez) , que amordaça até mesmo os órgãos de imprensa desse país em denunciar essa espécie de escaravelho travestido com a altaneira toga, esse caronte que insiste em carregar as infames almas dos mensaleiros para fora do inferno. Em outro país, Levandowisk estaria impedido de exercer qualquer função jurisdicional,na mais baixa instância, por ter comprometido sua imparcialidade, que é a arma figadal de um magistrado. É um escândalo os posicionamentos do excelentíssimo senhor ministro da mais alta corte do país, e o que é pior, nós não nos manifestamos, a imprensa não coloca o dedo na ferida... Por que não fazemos um protesto (a moda do momento) FORA LEVANDOWISK, como fazemos com o CABRAL? Enquanto isso, sugiro ao douto ministro que faça um favor a todos os homens honrados desta nação, os brasileiros que labutam de sol a sol para sobreviver com o mísero salário mísero no final do mÊs: Senhor ministro troque de lugar com os advogados, troque a toga pela banca, e não nos deixe mais envergonhados!!!
Razpaz, já que você tocou no assunto, e não é que eu confundi o ministro com um dos advogados dos mensaleiros! Eu assistia o ministro falando, crendo que se tratava de um advogado de defesa dos caras olha! Eu tava cutucando minha esposa e dizendo, "olha aí", "olha aí", foi quem falou mais bonito, que cabra bom! Ele fala quase cantando, e quando se exalta sua indignação é bem verdadeira... Eu com um advogado desse podia assaltar até o Banco Central que tava solto.KKKKKKKKKKK
É uma lei universal meu caro, mas certa que as leis da física. A elite defende sempre a Elite. Eles se protegem, porque existe contrato muito antigo desde a fundação do mundo, e que foi perdido nos tempos de Noé... Eles fazem isso para proteger a casta, os privilégios, os favores espúrios... Afinal a onda um dia pode resolver virar para cima deles, então existe um acordo tácito, não verbal, mas que está na consciência de cada membro da elite brasileira, de que é preciso socorrer os "irmãos" na hora do perigo, porque amanhã pode ser você, eu, teu irmão... E o mundo caminha no seu desconcerto rumo ao despenhadeiro...
É uma lei universal meu caro, mais certa que as leis da física. A elite defende sempre a Elite. Eles se protegem, porque existe contrato muito antigo desde a fundação do mundo, e que foi perdido nos tempos de Noé... Eles fazem isso para proteger a casta, os privilégios, os favores espúrios... Afinal a onda um dia pode resolver virar para cima deles, então existe um acordo tácito, não verbal, mas que está na consciência de cada membro da elite brasileira, de que é preciso socorrer os "irmãos" na hora do perigo, porque amanhã pode ser você, eu, teu irmão... E o mundo caminha no seu desconcerto rumo ao despenhadeiro...
Segundo a jornalista Laryssa Borges (Brasília), “a reação de Barbosa pareceu - e foi - desmedida. Mas também é fato que a intervenção de Lewandowski pouco tinha de inocente”.
Após a confusão no STF, o site de VEJA ouviu de dois ministros da corte e de advogados envolvidos no julgamento a mesma avaliação: Barbosa identificou na conduta de Lewandowski uma tentativa de preparar terreno para aliviar a pena de réus centrais do esquema, mais precisamente a cúpula do PT no auge do mensalão.
Vide link:
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/lewandowski-prepara-terreno-para-trio-mensaleiro-do-pt
O Josias em seu blog no site UOL (hoje – dia 18) traz, em primeira mão, os detalhes mais contundentes do segundo round dessa luta de gigantes travada numa área reservada do STF, cujo link segue abaixo:
http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2013/08/18/briga-barbosa-x-lewandowski-teve-um-2o-round/
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