21 agosto 2013

O Que a Psicanálise Teria a Dizer Sobre a “Doença” de Nietzsche?




Nietzsche e Freud foram quase contemporâneos.

Um trecho escrito em “Genealogia da Moral” (página 73) muito similar aos conceitos que Freud defendeu, reforça o que muitos dizem ― Nietzsche foi o precursor da psicologia profunda: “Todos os instintos que não se descarregam para fora, voltam-se para dentro ― isso é o que eu chamo de interiorização do homem. (Nietzsche).

Freud sabia que Nietzsche trabalhara aplicadamente nisso antes dele. Em sua autobiografia ele escreve que por muito tempo evitara os textos de Nietzsche, porque muitas vezes, as idéias e intuições deste coincidiam espantosamente com os laboriosos resultados da psicanálise.” (Rudiger Safranski)

Quando apresentaram, “Ecce Homo” (obra concluída por Nietzsche nos momentos cruciais de sua “doença”) em uma das famosas reuniões de psicanálise das quartas-feiras, em Viena, Freud, nessa noite, fez uma breve intervenção: limitou-se a desejar um estudo da influência das impressões infantis sobre as grandes realizações do filósofo. (Ressentimento”Maria Rita Kehl ― Editora Casa do Psicólogo)

“Não tenho dúvidas de que cerca de 60% dos transtornos psiquiátricos começam na infância” ― afirmou o psiquiatra Luis Augusto Rohde, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro da Associação Americana de Psiquiatria, em uma recente entrevista às páginas amarelas da revista VEJA (31 de julho), onde reforça a idéia de que a vida conflituosa do infante é um fator determinante no aparecimento das psicopatias numa fase tardia da vida humana.

Para Freud, os primeiros anos de vida da criança são determinantes na formação de sua personalidade. Para ele, o psiquismo infantil é mediado pela evolução de sua sexualidade, que se inicia de forma inconsciente na obtenção do prazer no ato da sucção.

Para uma análise psicanalítica do ranzinza Nietzsche, em suas idiossincrasias, como sempre se procede com os analisandos, se faz necessário abordar fatos de sua experiência religiosa quando menino e adolescente. Segundo Freud, somos seres reativos e, como tais, procedemos como uma criança diante do desconhecido que nos ameaça. Não podemos negar que muito do nosso comportamento, tem em sua essência, fatos marcantes do tempo em que éramos crianças. Nietzsche era um artista que combatia o ressentimento e a moral submissa de rebanho, sem ter ideia de que esses inimigos estavam nele, internamente recalcados.

Hoje, através dos estudos no campo da psicologia pedagógica, sabemos que o artista – aquele que se sobressai -, está inconscientemente buscando na própria infância a pureza perdida, assim como o poeta procura em seus versos a liberdade primeva. Sabendo que a relação ambivalente de amor e ódio ao superego (Pai) nasce na nossa tenra infância, o colapso mental de Nietzsche, em linguagem psicanalítica, não representaria por si só, uma segunda infância delirantemente revivida ― O eterno retorno daquilo que ele relutava em não aceitar?

Em Nieztsche, nos seus dois últimos anos de vida, a ambivalência (que caracteriza o humano) floresce em toda sua plenitude, como se pode perceber nesse trecho poético do seu “Zaratustra”: “Fora daqui!/ Ah, fugiu por si/ o meu companheiro/o meu grande inimigo,/ o meu desconhecido,/meu deus-algoz” ― uma espécie de ode repetitiva da poesia que compôs quando adolescente – “Ao Deus Desconhecido”.

A dissociação psíquica de Nietzsche, em sua velhice (atribuída a uma sífilis mal curada), poderia (por que não?) ser explicada como um delirante retorno ao tempo de suas primeiras experiências infantis. Freud, em suas teorizações, dizia que temos um vigia (a censura) que monta guarda para evitar que o sujeito tenha o desprazer de ver seus recalques exteriorizados. É de se pensar que no final da vida de Nietzsche, esta espécie de “vigia” já não mais rechaçava a pulsão dos desejos não realizados e reprimidos em um porão abismal de sua psique  ―  determinando a sua dissociação mental.

Quando vivia seu estado psíquico final, Nietzsche, assim se expressou: “Quanto a minha longa enfermidade, devo-lhe absolutamente mais do que à minha saúde; uma saúde mais elevada que se reforça com tudo aquilo que não pode matá-la. Devo-lhe até minha filosofia: somente o grande sofrimento é o último libertador do espírito. [...] Duvido que o sofrimento nos torne mais morais; no entanto, nos torna mais profundos” algo mui próximo da moral cristã, que ele, antes, considerava como se fosse a negação da vida. Ressalte-se que apesar de vangloriar-se de ser o Anticristo, assinava suas últimas cartas com o nome do crucificado. Temos a impressão de que o filósofo barbudo, nos seus últimos escritos, repetia sub-repticiamente a poesia que tinha escrito na adolescência: “Ao Deus Desconhecido” ― análoga a um escrito tumular que o apóstolo Paulo identificou em Atenas.
Nietzsche, em sua “psicose”, (quem sabe?) estaria  projetando o Deus Paulino em Dioniso ― o seu deus poético retratado em sua obra ― Zaratustra.. "Algumas poesias do seu tempo de menino e adolescente revelam o ambiente marcadamente cristão e pietista em que viveu, como demonstram os poemas: Getsêmani e Gólgota, infelizmente inéditos no Brasil" (Paul L. Landsberg ― “Lições e Estudos Sobre Nietzsche).

A psicanalista discípula de Freud, Lou Andreas-Salomé ―, a grande paixão do filósofo ―, foi testemunha ocular de seus últimos momentos: parecia uma criança dócil”– afirmou sua amada companheira. Na Casa de Saúde de Basiléia (Suíça), onde viveu a maior parte de seus últimos momentos, uma vez, falou para as pessoas ao seu redor: “Gostaria de abraçar e beijar as pessoas na rua”. Ao nascer do dia, dizia para sua mãe: “bom dia minha amada e boa mãzinha”. O Nietzsche hospitalizado, definitivamente, não parecia o ranzinza de antes: uma sensibilidade extrema tirara as máscaras do seu EU frágil?

A afirmação bíblica ―“Nem os loucos erram” ―, embute uma verdade do ponto de vista psicanalítico. Hoje se sabe que os delírios do “louco”, são uma linguagem do inconsciente, à guisa de interpretação, comumente denominadas “fantasias”, pelos psiquiatras. Esses comportamentos estranhos que o louco expressa como sua realidade interna são fantasmas para nós, considerados “os normais”. Mas quem sabe, se por trás do fenômeno a que denominamos demência, não estejam em explosões os componentes reprimidos que cada um de nós guarda em um porão esquecido da mente. A doença psíquica, nesse caso, talvez pudesse ser explicada como uma espécie de libertação. Não foi à toa que o Holandês, Erasmo de Roterdam, em sua maior obra ― Elogio da Loucura” ― tentou numa linguagem ferina desmascarar muitos que se consideravam hígidos e sábios aos seus próprios olhos.

Nietzsche, segundo o médico, Paul Július Mobius, viveu seus últimos anos em estado de infantilismo. Talvez por voltar a ser menino, é que o estágio crítico de sua “doença”, tenha sido responsável pelo período no qual mais se expressou com grande bondade e ternura ― atributos da fase de criança “boazinha” e “submissa” que um dia foi ―, afetos esses que não desapareceram por completo de seus arquivos psíquicos.

É verdade que, às vezes, tinha lapsos em que reaparecia a antiga “vontade de potência” dionisíaca ou divina. No leito, em um dos seus freqüentes êxtases, assim se dirigiu aos que o assistiam: “Amanhã, quero fazer para vocês, minha boa gente, o tempo mais esplêndido” ― “revela-se aqui, a velha mania de grandeza, reflexo do Superego (Imago Dei), mesclada a uma bondade infantil infinitamente tocante que, como um pensamento mágico, não o abandonara por completo” (Paul L. Landsberg ― “Lições e Estudos Sobre Nietzsche”)

Por que não rotular a fase final da “doença” de Nietzsche como um estado psíquico piedoso, uma vez que foi nesse estágio que se pode perceber, de sua parte, uma entrega sem resistência e com toda a confiança nos braços de seu médico, sua irmã e sua mãe?

O certo é que Nietzsche viveu uma relação psíquica íntima com os “fantasmas” de seu inconsciente, indo muito além do que os psiquiatras da época tinham definido ou diagnosticado como demência.

“O fato é que o filho de um pastor protestante proporcionou o encontro do cristianismo de seus pais com o espírito da Antiguidade grega, para proclamar que o seu Deus é, ainda e de novo, um Deus desconhecido” ― Concluiu Paul Ludwig Landsberg ―, estudioso alemão que tirou muitas lições dos escritos do controvertido filósofo e de suas poesias que exalavam uma extrema piedade.


P.S.:

Diz-se, em psicanálise, que a verdade do sujeito está no inconsciente.
Aquele que consegue se apoderar diretamente do enigmático e fantástico conteúdo de seu inconsciente, deixando-o fluir livremente sem as máscaras da vida social e familiar, é um louco ou um ser de espírito livre? 

Para aqueles que desejam saber mais sobre a loucura (ou libertação afetiva) de Nietzsche, não deixem de conferir o Filme - "Dias de Nietzsche em Turim".


Por Levi B. Santos
Guarabira, 21 de agosto de 2013


6 comentários:

Matheus De Cesaro disse...

Nobre Amigo Levi,

Fantástica sua análise.

Gostaria de ter sua autorização para replicar este belo texto em meu simplório Boteco. Posso?

Se disser que não, terei que deixar meu "eu" rebelde se sobressair um pouco, e publicarei mesmo assim kkkkkkkkkk

Uma das coisas que mais me intrigam, é saber que os leitores de Nietzsche, em sua maioria "ateus", não levam muito em conta a infância dele em relação as suas obras. Com certeza se isso fosse observado, a grande maioria das bobagens que são defendidas sobre a alcunha de Nietzsche não existiriam.

Fraterno abraço.

Levi B. Santos disse...

Caro Matheus


Fique a vontade para replicar o texto em seu filosófico “Boteco”. Para mim é uma honra. (rsrs)

Concordo plenamente com a sua observação: a maioria dos que se dizem “ateus” realmente não levam em conta a infância de Nietzsche.


O que diria a Borboleta se fosse falar do seu rastejar de lagarta? (rsrs)

Anônimo disse...

Magnífico texto e escrito com maestria inimitável. Queria apenas, numa retrucação inglória (que me faz um pouco advogado do Diabo) para um texto tão bem concatenado,desferir parcas inserções.
A demência de Nietzsche fora tão rica e fulgurante em termos intelectuais porque Nietzsche era genial. Ora, sabe-se que temos loucos e dementes de toda sorte que não chegam nem perto de produzir construções geniais como as nietzschenianas, o que faz a "demencia" de Nietzsche bastante particular e quebra em certo sentido, a idéia ventilada no texto de que o estado de loucura seria um processo natural da infantilização "genial" de todo ser humano, pela liberalização das peias e rédeas do inconsciente. Loucos há que não dizem nada, comem fezes e bebem urina... outros repetem incessantemente um mote sem sentido em vãs repetições... portanto, data vênia a força do argumento, acredito que o processo criativo nietzscheniano permaneceu intenso até o fim de sua vida e devido a sua grande inteligência podia manifestar-se mesmo quando da ausência dos momentos de lucidez.
Algo que também devo salientar, e que também incomoda os gênios póstumos, é a tentativa eterna da psicanálise de esquadrinhar o coração do pensamentos dos grandes intelectuais. Esse pode ser um exercício que entretém, no entanto a busca de coerência, como afirmava Oscar Wilde, é o refúgio dos que não têm imaginação. A tentativa da psicanálise de decifrar os segredos do labirinto do pensar revela-se para mim um enfastiamento da própria ciência em busca de superar seus modelos de mediocridade já superados e que não satisfazem sua curiosidade vulgar. Procurar entender todos os meandros de uma mente humana tão privilegiada como a de Nietzsche, é um exercício inútil de compreender o que é quase sempre incompreensível, a mente humana e seu tortuoso e não-linear pensar.
Quanto às máscaras do texto, deixo contrariando a idéia provocativamente: "Quanto mais o homem fala de si mais deixa de ser ele mesmo. Mas deixe que se esconda por trás de uma máscara e então ele contará a verdade". (Oscar Wilde).

Ass. Fernando Pessoa, o próprio, sem heterônimo, com a autoridade de poeta e também gênio... e vindo do além, é claro.

Levi B. Santos disse...

Caro anônimo.

Aliás, o louco é para os “normais”, um anônimo (rsrs)

Muito interessantes e sábias as suas ponderações. Pelo visto, és também um aficionado da filosofia e da psicologia (rsrs)

A frase que citaste do grande Oscar Wilde é de uma lucidez extraordinária:

"Quanto mais o homem fala de si mais deixa de ser ele mesmo”

Mas permita-me discordar de O. Wilde, quanto ao desfecho ou final de sua frase: Mas deixe que se esconda por trás de uma máscara e então ele contará a verdade.

Ora, o louco não fala dele.

O inconsciente é que fala através dele, provocando em nós, “normais” o asco e o nojo que, não verdade, são mecanismos de defesa psíquicos caracterizados pela não aceitação da lambuzedela que o louco faz com seus próprios excrementos ― quem sabe, uma espécie de revivescência prazerosa dos tempos em que quando criança lambia suas fezes com a maior naturalidade, ante a reprovação dos pais. (rsrs)

O louco não tem máscaras. Ele é o que é, isto é, ele é verdadeiro em seu mundo que os “normais” não compreendem.

O “normal” trabalhou tanto em esconder seus afetos desde a remota infância, que tem, como se pertencesse a eles mesmo, a máscara que pelo tempo colou a pele do seu rosto. Arrancá-la seria destruir a sua própria carne.

Mas o louco é mais digno que os “normais”. E me ancoro no que disse Erasmo de Rotterdam, em sua maior obra – “Elogio da Loucura”:

o louco não se julga acima dos outros homens. Quando o louco passeia, ele crê que todos são loucos como ele.

Veja bem como a loucura tem um “quê” de divino. (rsrs)

A frase emblemática do “louco” Nietzsche, por todos conhecida, creio, que ecoa mais forte do que nunca na tão propalada pós-modernidade (em crise):

Eu só acreditaria num Deus que dançasse (comigo).


Abraços e volte sempre (Mesmo sem se identificar).
Um dia seremos todos anônimos. Nesse porvir já não precisaremos de títulos ou nomeações para dizer: “ Eu sou...”. (rsrs)

Anônimo disse...

Perspicaz, bastante perspicaz, mas creio que fugimos da discussão da procura da psicanálise pelas razões idílicas e atávicas da genialidade humana. Não importa. Sinceramente creio que a apologia aos loucos se deve muito a nossa covardia mais recôndita de revelarmos nossa verdade, daí darmos tantos louros aos "loucos". Quem sabe essa deificação da figura do louco não se deve a nossa admiração e ou covardia diante da "coragem" insana dos desajuizados... Vou invocar o espírito sempre bem vindo do amigo Erasmo a quem tanto insistes em relembrar em tua pena.
- De fato amigo Pessoa, agradeço-me a oportunidade de pronunciar-me sobre tal entusiasmante querela. Devo dizer que a velhice e a infância, essas duas idades,têm uma grande relação entre si, e não vejo nela outra diferença senão as rugas da velhice e a porção de carnavais que os primeiros têm sobre a corcunda. Quanto ao mais, a brancura dos cabelos, a falta dos dentes, o abandono do corpo, o balbucio, a garrulice, as asneiras, a falta de memória, a irreflexão, numa palavra, tudo coincide nas duas idades. Enfim,quanto mais entre na velhice, tanto mais se aproxima o homem da infância, a tal ponto que sai deste mundo como as crianças, sem desejar a vida e temer a morte...
- Espere um pouco amigo Erasmo, assim você acaba dando razão a filósofo psicanalista Levi... Retira-te daqui!
Bobagens de filósofos mortos a parte, duas coisas me chamaram atenção em tua nobre fala. Primeiro quando falas que o "louco é mais digno que os normais", estais confirmando nossa admiração (digno) não pela figura concretizada pela patologia em si, mas a liberdade de pensamento quiçá, ou mais ainda, a irresponsabilidade da fala que a nossa covardia espreita e nosso espírito admira e anseia incorporar... Segundo, quando vociferas que a loucura tem um "Quê" de divino algumas ilações perigosas podem se precipitar:
Uma é que a verdadeira e absoluta liberdade não pertence ao mundo dos mortais e só os deuses poderiam desfrutar do puro livre arbítrio. Outra é que a loucura e os paroxismos de sua "irracionalidade" seriam tão maravilhosos que consubstanciar-se-iam em predicados divinos, inferindo assim que essa tal "loucura" de que falamos no fundo é algo desejado ardentemente pelos seres humanos. Ou será que queres subrepticiamente plantar a idéia de que o criador desse mundo e de tantas coisas incompreensíveis (e em certo sentido um tanto malucas, age orientado pela "loucura/divino" de que fala o amigo Roterdã?
Voltando a discussão que relaciona o ofício artístico à centelha divina, e igualmente à "loucura" o nosso amigo Erasmo que ainda agora expulsei daqui uma vez afirmou:
"Já os poetas não me devem tanto, não porque não sejam igualmente loucos, mas porque têm o direito de ser membros ex professo do meu partido. Há muito tempo que se diz que os poetas e os pintores formam uma nação livre. Os poetas fazem consistir toda a sua arte em impingir lorotas e fábulas ridículas para deleitar os ouvidos dos tolos. Isso não impede que, apoiados nessas ridicularias, se gabem de obter uma divina imortalidade e ainda a prometam aos outros. O amor próprio e a adulação são os seus conselheiros indivisíveis, e eu não tenho adoradores mais fiéis nem mais constantes do que eles". Notável não.
Agora preciso ir, tem um espírito pequenino gritando aos meus ouvidos para jogarmos bola no além...
Até Breve.
Fernando Pessoa.

Levi B. Santos disse...

O caro anônimo trouxe à baila um dos maiores poetas de todos os tempos – Fernando Pessoa, com o qual, inconscientemente, se identificou, dando um até breve (rsrs).

Não sei se você há de convir que o trabalho do poeta (a poesia) tem muito a ver com o trabalho do psicanalista (a análise), uma vez que ambos buscam dar contorno ao indizível, como se estivessem desejando encontrar o objeto perdido na aurora de suas vidas.

“E eis que, tendo Deus descansado no sétimo dia, os poetas continuaram a obra da Criação”, ― disse certa vez, Mário Quintana. Ou seja, o artista esculpe a partir do barro ― matéria bruta, primeva, que simboliza ou representa (por que não?) o que ficou esquecido ou recalcado na formação do indivíduo em seus primeiros vagidos.

Freud foi um grande leitor de poetas e escritores, notadamente, Goethe, em que por muitas vezes manifestou admiração e respeito, colocando-o no lugar daqueles profundos conhecedores da alma humana. A arte e a literatura, segundo ele, seriam redutos de um processo primário psíquico em que o artista teria acesso privilegiado aos elementos do inconsciente.

Se a verdade do sujeito está no inconsciente, tudo que vem de lá é autêntico, como bem expressou o cantor, músico e maior poeta da MPB ― Chico Buarque, quando na canção ”Choro Bandido” , disse:

”Mesmo miseráveis os poetas,
Os seus versos serão bons”



Abçs,