A palavra vandalismo deriva de “Vândalos” ― uma tribo de origem germânica que saqueou
Roma, no século V. Segundo a Enciclopédia Britânica, quando os Vândalos invadiram Roma, o império romano era
um regime escravocrata e não apenas um centro de arte e de antiguidades.
Diz-se que “as colunas do coliseu e do senado romano foram erguidas ao custo alto de milhares de vidas que foram relegadas ao trabalho escravo, sob opressão e violência de uma minoria da elite romana”.
“O
termo “vândalo”
passou, pela primeira vez, a ser usado de forma casuística pelos donos do poder,
durante a revolução Francesa, ocasião em que muitos dos antigos oprimidos
passaram a radicalizar o processo político, e lançaram seu ódio contra a
monarquia absolutista e suas instituições”.
(vide artigo ― “Afinal
quem Foram Esses Tais Vândalos”,
no site ― “A
Nova Democracia”)
Nos meus sessenta e seis anos de idade,
não me lembro de uma época em que os termos Vandalismo
e Vândalos
foram tão usados e abusados por parte do governo, dos políticos, dos redatores da
imprensa escrita e televisiva do país, quanto ocorreram nas recentes manifestações de ruas que
pôs a presidenta Dilma, até o presente momento, a falar besteiróis e criar
factóides para desmentir no dia seguinte.
Nas manifestações repleta de cartazes pedindo “Hospitais
padrão FIFA”, os repórteres foram quase unànimes em classificar os Vândalos, como aqueles que infiltrados nos
recentes protestos de um povo insatisfeito com os desmandos do governo, partiram
para a depredação do patrimônio público em meio à grande maioria dos que de
forma ordeira invadiu as ruas das grandes cidades de todo o país, sem a intermediação
de partidos políticos e sindicatos.
Na noite fatídica em que o prédio do
Congresso foi invadido por milhares de jovens, estava eu ligado no canal do
Senado, vendo apenas quatro senadores que em meio a muitas cadeiras vazias, permaneciam
no plenário do senado, numa espécie de vigília cívica. Os outros senadores
temendo um desfecho violento, diante da aglomeração indignada de jovens, fugiram
atabalhoadamente do recinto, em consonância com o ditado: “Pernas pra que te quero”.
Ficaram lá Pedro Simon, Pedro Taques,
Magno Malta e Cristovam Buarque, trocando ideias sobre as manifestações
inesperadas de uma juventude cansada de ser espezinhada e explorada pelo Governo
Central.
Eis que em meio à conversa deles, chega
a notícia de que Vândalos estavam quebrando as caríssimas e
belas vidraças do Itamaraty. Lembro-me de que um dos senadores reagiu com vigor
contra os atos de depredação de um prédio, para ele, revestido de alto
simbolismo.
Surpreendi-me quando o senador Cristovam
Buarque,
emocionado, tomou o microfone e fez um emblemático discurso denunciando quem
eram os verdadeiros vândalos, culpados por tudo que ali estava
acontecendo.
Nos últimos dias, quando a presidenta
e sua base aliada vêm de forma alucinada, tomando medidas arbitrárias, insanas,
estapafúrdias, demagógicas e escravagistas, pisando a própria constituição que
um dia prometeu defender, achei mais do que conveniente trazer à tona trechos da
fala do grande educador Cristovam Buarque, naquela noite em que vidros foram
estilhaçados no belo palácio do Itamaraty:
“Fala-se da violência dessa meninada lá fora. Gente, violência é
aquilo contra o que eles lutam. Violência é o transporte público no Brasil, que
deixa pais e mães de família uma hora num ônibus, três horas no trajeto para a
casa todos os dias. Isso é violência. Violência é uma escola onde a criança não
tem uma cadeira para sentar, uma cadeira desconfortável e estuda em um quadro
negro, já nem mais aceito hoje. Violência é uma mãe e uma criança no colo em
uma fila pra ser atendida porque a criança está doente. Isso é violência. Nós
não temos jovens violentos. Temos um sistema violento.” ― disse
“E quando se fala em vandalismo: vandalismo de quebrar uma
vidraça, que não devemos recomendar ou aceitar, é muito menor do que um
vandalismo que se faz contra a vida dos brasileiros. Crianças morrendo por
falta de UTI? Isso é vandalismo, porque o dinheiro foi para construir um
estádio de 1 bilhão e seiscentos milhões de reais, onde só vai entrar quem paga
500 reais” ―
disparou.
Um silêncio sepulcral dominava o
plenário praticamente vazio, quando Cristovam desabafou: “O senado estar vazio, sem os outros senadores em um momento tão
importante, é a maior forma de violência”.
“A violência não é da meninada nas ruas. A violência é do
sistema que nós temos há 500 anos no Brasil, Violência é o senado vazio numa
hora dessas.”
“Antes de acusarmos o vandalismo deles é preciso no perguntarmos:
onde erramos? Antes de os chamarmos de vândalos é preciso admitirmos que fomos nós vândalos ainda maiores”.
“Nós políticos vandalizamos a Saúde Pública. Vandalizamos a Constituição.
Vandalizamos a segurança pública. E o mais grave: vandalizamos a educação deste
país”.
“Quando dizem que no
Brasil as crianças ficaram violentas na escola, eu digo: as crianças são
pacíficas demais diante da violência da própria escola sobre elas, e o mesmo eu
digo desses que estão quebrando as vidraças do Itamaraty.”
“Se em meio a uma multidão de manifestantes pacíficos, um pequeno
grupo faz isso é porque matamos os sonhos dos nossos jovens e provocamos a ira
dos outros. Nós políticos colaboramos para este ‘casamento’ perigoso entre o ‘sonho
morto’ e a ‘raiva viva’ dos nossos jovens”.
“Se não nos perguntarmos onde erramos, não vamos parar com
esses vândalos menores e muito menos com o vandalismo maior ― que é toda
política social brasileira.”
(Cristovam Buarque)
P.S.:
No próximo dia 14, o STF inicia a fase
final do julgamento dos vândalos que estavam se locupletando no poder, e agora,
vão receber o veredicto final por crimes
de peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
É mais uma COPA contra a Impunidade
que os jovens, com certeza, acompanharão por telões, inundando as ruas de Brasília.
Enfim, uma notícia que nos transmite
esperança de dias melhores:
“O
decano da corte máxima do país, Celso Mello, acredita que em no máximo oito
sessões será possível concluir o julgamento dos embargos interpostos pelos
mensaleiros.”
Vide
link:
Por Levi B. Santos
4 comentários:
VANDALISMO NO BRASIL É...
SER REPRESENTADO PELO LEGISLATIVO
SER GERENCIADO PELO EXECUTIVO
SER MENSURADO PELO JUDICIÁRIO
Custa-nos acreditar que o próprio Cristovam estivesse tão revoltado. Nos parece que o vandalismo político é uma doença poderosamente contagiosa...
Todos eles têm consciência de que são vândalos, mas a ambição de poder e dinheiro, leva-os a divertirem-se com o asco que produz em nós suas doença.
Parece que você tem razão, Guiomar.
Olha só o que vai nesse link:
http://www.jornaldamidia.com.br/2013/08/10/lewandowski-interferiu-em-processo-para-ajudar-pt-e-dilma/#.UgfbidLBOSo
São condenáveis procedimentos, como esses, que indigna o povo e o incita a sair às ruas para protestar:
Vide link:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/lewandowski-como-presidente-do-tse-interferiu-em-processo-para-ajudar-o-pt-e-a-presidente-dilma-e-nao-era-funcao-sua/
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