A “Síndrome de
Estocolmo” ― quadro psíquico que pode ser enquadrado como um “Transtorno do Estresse Pós – Traumático”
―, explica o anseio que o indivíduo tem de passar de “Oprimido” para
“Opressor”, em consonância com o adágio que diz: “Um dia é da Caça, outro do Caçador”.
Há 40 anos em
Estocolmo, na Suécia, um assaltante e um presidiário invadiram um Banco e
fizeram cinco reféns. Durante o cativeiro as vítimas criaram uma relação afetiva
de cumplicidade com seus algozes. Foi desse tempo para cá que a síndrome, ficou
largamente conhecida no mundo todo com esse nome, tendo ocorrido até um
desfecho amoroso: é que uma das vítimas apaixonou-se e depois casou-se com seu seqüestrador.
O menestrel, Chico
Buarque de Holanda, na letra de sua canção, “CAÇADA”,
reflete bem essa relação subjetiva entre a “caça” e o “caçador” ― entremeada de
afetos ambivalentes que caracterizam o humano. As estrofes da emblemática modinha
terminam sempre com o refrão: “Hoje é o
dia da Graça/Hoje é o dia da graça e do caçador”.
Segundo o psicanalista,
Abrão
Slavutzky, em seu livro, “O Dever da Memória”, “os seqüestrados portadores dessa síndrome passam
a ver seus algozes, não como inimigos cruéis, mas como pessoas que estão do seu
lado, e que no fundo desejam o seu bem. Na identificação com o agressor, a
vítima não alimenta ódio contra quem lhe fez mal, mas contra si mesma como se
fosse culpa sua o que aconteceu”.
Há alguns dias, a imprensa
falada e escrita, classificou uma reação de Dilma, como um efeito da “Síndrome de Estocolmo”. Como é do conhecimento
de todos, Dilma Rousseff, por sua militância na esquerda e por seus ideais
socialistas, permaneceu três anos na prisão. Documentos obtidos com exclusividade
dão conta de que em 1972 a Presidenta foi torturada nos porões da ditadura em
Juiz de Fora – MG. “Dilma,
relata que o episódio de tortura que sofreu em Minas, onde exerceu 90% de sua
militância durante a ditadura, tinha ficado no esquecimento. Até agora”. (clique
aqui, para mais detalhes)
“O fato de Dilma já ter elogiado publicamente o governo militar de Ernesto Geisel, com cuja honestidade
pessoal a toda prova e personalidade incontrastável ela claramente se
identifica. Sua crença na economia centralizada e no protagonismo do Estado é
irmã siamesa das concepções de governo dos militares brasileiros durante o
ciclo dos generais” ― disse Daniel Pereira ―, o autor da matéria na
revista, Veja, de 08 de janeiro.
“Dilma, ao sair-se com outra tirada cara aos
generais: a de que o seu governo está sofrendo uma ‘Guerra Psicológica’
ressuscita o ‘Brasil, Ame-o ou Deixe-o’”
― afirmou ainda o
jornalista, na reportagem.
Tenho certeza de que
a presidenta, sobre seu implicado caso, jamais vai entrar nessa de revelar se
houve alguma reciprocidade entre vítima e algoz, mesmo com seus supostos afagos
recentemente repercutidos tão intensamente nos meios de comunicação. Some-se a
isso, a sua reeleição, que já pode ser considerada como “favas contadas”. Ou
não?
Depois, bem depois,
pode ser que algum político neuropsicanalista apareça por aí, escrevendo uma “Biografia
Não Autorizada”, na qual faça menção se a presidenta sofreu ou não a tal da “Síndrome de Estocolmo”. (rsrs)
Mas Freud,
que no seu tempo não gostava de deixar nada sem explicação, em sua obra, “Psicologia
de Grupo e Análise do Ego”, já dizia algo extremamente importante sobre
o que embasa, hoje, essa síndrome. Se não vejamos:
“A identificação é ambivalente desde o início;
pode tornar-se expressão de ternura com tanta facilidade quanto um desejo do
afastamento de alguém. Comporta-se como um derivado da primeira fase da
organização da libido, da fase oral, em que o objeto que prezamos e pelo qual
ansiamos é assimilado pela ingestão, sendo dessa maneira aniquilado como tal. O
canibal, como sabemos, permaneceu nessa etapa; ele tem afeição devoradora sobre
seus inimigos e só devora as pessoas de quem gosta”.
Por Levi B. Santos
Guarabira,
17 de janeiro de 2014
Site da Imagem: macroscopio.blogspot.com
3 comentários:
Penso que os elogios do a Geisel refletem o interesse petista em buscar aproximações com as Forças Armadas. Geisel foi um militar nacionalista além de ter iniciado a abertura política, ainda que bem lenta. Era um desenvolvimentista e que também impediu os EUA de sobrevoarem o nosso espaço aéreo para auxiliarem a Aeronáutica no patrulhamento territorial. Assim, há vários pontos de identidade entre o PT e o governo Geisel.
Tens toda razão, Rodrigão, ao dizer que o PT (governo Lula – Dilma) tem vários pontos de identidade com seus “ex-algozes”.
Olha só o que diz esse trecho do livro, Assassinatos de Reputações” - do Romeu Tuma Filho, recentemente lançado:
“...em plena ditadura, Tumão sabia que não podia fazer uso das informações do “dedo-duro” Barba (Lula) de uma maneira irresponsável; imagina se alguém ficasse sabendo que o Lula era informante do DOPS.? Que era agente duplo! Nem sou capaz de imaginar o que poderia vir a ocorrer. [...]. Lula era do mesmo grupo do Golbery, do SNI ou da Contra-inteligência do Exército. [...] Lula combinava as greves com os empresários e avisava ao DOPS.
Lula ainda é, em 2013, amigo pessoal de quem primeiro lhe entregou esse papel de olheiro-informante do poder, ninguém menos do que Mario Garnero – ex-vice presidente industria da Volkswagen do Brasil ( Livro “Jogo Duro” – Editora Best Seller – páginas 130 a 132)
Caro Levi,
Verdade é que, em política, não se tem amigos e nem inimigos, mas sim aliados. Golbery era uma mente inteligente entre os militares. Para ele o PT não apresentava uma terrível ameaça vermelha e nem tão pouco o Lula.
Abraços e boa semana!
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