29 janeiro 2014

A Química Traiçoeira da Maquiagem

Dilma e o sorridente chef de cozinha – Lisboa - Portugal


“Nunca na história de nosso país” houve tanta preocupação com a aparência, em vez da transparência. Nunca se falou tanto em maquiar. Afinal, o desenrolar no Brasil do Campeonato Mundial de Futebol entre Nações de todos os Continentes, que se realiza a cada quatro anos, será assunto no mundo inteiro durante mais de trinta dias. Ultimamente, a mistura ou coquetel de Copa do Mundo com campanhas eleitorais tem nos fornecido farto material para reflexão sobre as incongruências (des)governamentais no trato da coisa pública.

Na contramão de um governo que tem se dedicado, unicamente, a propagandear que a Copa no Brasil será a maior e a mais rica (e a mais cara) da história futebolística mundial, manifestações que pipocam por tudo quanto é canto estão mostrando a outra cara daquilo que se convencionou como o “país das maravilhas”. “Se não houver direitos, não haverá Copa” ― foi o grito “perigoso” e sábio que se ouviu nas ruas, recentemente.

Tem passado da conta esse governo gastador que, com total falta de transparência, deixa de investir em obras prioritárias em sua casa para afagar os Castros, construindo sem contrapartida o gigantesco porto de Mariel em Cuba. O governo, temerosamente, pisa na corda bamba ao adotar a máxima do “pão e circo”, na falsa certeza de que, dessa forma, está agindo o bastante para extinguir do coração de muitos a revolta contra os descalabros reinantes em todos os setores ministeriais.  Que a cúpula governante não se fie tanto em subestimar a inteligência da população, pensando que ela não entende nada sobre prioridades. Ao resolver trilhar por caminhos escabrosos, trocando a transparência pela aparência ou maquiagem, talvez esteja simplesmente a atiçar o cão com vara curta.

Esse usado e vezado verbo, Maquiar, remete-me a um fato ocorrido recente, em que se pode notar a preocupação doentia com a fútil exterioridade do aparentar ser o que verdadeiramente não é: A presidente Dilma, em sua recente visita à Lisboa, ao invés de prestar contas da gastança sua e de sua comitiva em Portugal, passou um tempão irritada e irada ao ver estampada uma foto sua, de olheiras, no Instagram, ao lado do sorridente chef de cozinha de um dos três melhores restaurantes Lisboense. Foi a própria Thema ― rede de Hoteis de Portugal e dona do restaurante onde Dilma jantou ― que divulgou a sua foto aparentando um extremo cansaço. (vide link abaixo)


Mas Wladimir Safatle, ontem, em sua coluna na Folha de São Paulo, deu um conselho prudente à presidenta. Disse ele: “Alguém deveria lembrar que talvez os brasileiros não tenham nascido para ser figurantes de campanhas de patrocinadores da Copa”.

O grande nó do governo que mantém a preço de ouro um curral de 39 ministérios, é que muita gente já está sabendo que sua equipe vem maquiando dados econômicos a fim de disseminar a percepção de que a nação está solidamente equilibrada ― conversa para boi dormir ―, que não mais engana os investidores internacionais. Essa maquiagem de dados não é de hoje. Ela tornou-se escancarada desde o segundo semestre de 2012. “Esse processo se cristalizou aos olhos dos analistas internacionais já no final de 2012, quando as principais revistas e jornais econômicos do mundo passaram a acusar a nova realidade brasileira” [LEIA MAIS AQUI]

Mas Dilma já está provando dos efeitos colaterais da química maquiadora. É difícil reter a maquiagem por tempo indeterminado. Veja o que aconteceu quando, num cochilo, foi fotografada de olheiras, sem a “bendita” máscara química.

A maquiagem econômica de um Gigante adormecido em berço esplêndido está derretendo com o clima de altas temperaturas que estamos experimentando. As redes sociais estão aí a repercutir o que se deseja tanto esconder debaixo das sete capas dos enxertos maquiladores.  

Ululam os maquiadores maquiavélicos: “Viva o Pré-Sal!. Mas quem, porventura, não sabe que a Petrobrás, que já foi um dos nossos maiores orgulhos, tem 32,4% de possibilidades de ir à falência nos próximos dois anos? (vide Revista Exame).

O governo se queixa de que andam fazendo pressão psicológica contra sua gestão. Ele pode enganar a muitos, mas não a todos. Lá no fundo o governo petista sabe que dentre os brasileiros que saem às ruas, alguns, já estão cientes de que o Brasil (il,il,il) já vive a Bolha Imobiliária que arrasou os EUA em um passado recente (vide link).

 Uma maquiagem horrenda patrocinada pela Caixa Econômica Federal foi desmascarada. Ela escorreu rápido: é do conhecimento de todos que houve apropriação indébita de contas inativas de milhares de poupanças, quem sabe (?), para obreiros da Copa. (vide link)

Se não houver direitos (transparência), não haverá Copa”. Não sei, mas será que esse grito de poucos que saíram às ruas nas últimas manifestações é pra valer mesmo?

O grande problema da maquiagem é que ela não segura, nem adere permanentemente à pele. Ela escorre perigosamente, principalmente, em época de calor infernal, como a que está acontecendo atualmente no país. A Copa e as eleições estão às portas. Até lá, para o bem ou para o mal, muitos produtos usados em maquiagem derreterão, deixando à mostra a verdadeira face de um Brasil ressacado e cheio de “olheiras”.

 Quem viver, verá.


Por Levi B. Santos
Guarabira, 29 de janeiro de 2014


Site da Foto: diariodonordeste.globo.com  

3 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Prezado Levi,

Embora essa maquiagem não seja um monopólio petista, pois já nos tempos de FHC o PSDB fazia o mesmo com os números na área social (afim de mostrar que o Brasil estava melhorando), sendo seguido por vários governadores e prefeitos dos mais diversos partidos, considero perigoso o PT ter tentado enganar um dos grupos mais conscientes - o investidor financeiro. Pois, agindo dessa maneira, o país atrai a desconfiança dos mercados que, num momento como o atual em que há fuga de capitais das economias emergentes para os Estados Unidos, poderá ser catastrófico.

Observo que o eleitor está ficando cada vez mais desgastado com essa maquiagem. Num país onde a saúde, os transportes e a educação são motivos inquestionáveis de insatisfação para a maioria, não dá para sermos enganados ou nos auto-enganarmos. Uma Copa que está custando dezenas de bilhões aos cofres públicos torna-se uma afronta ao pobre que, quando necessita dos serviços mais básicos, sofre desrespeitos, humilhações e até violações nos seus direitos.

Abraços e boa semana.

Levi B. Santos disse...

De Gaulle já dizia: ”o Brasil não é um país sério”

Pouco tempo atrás estava lendo a Folha de São Paulo de hoje. Olha que coisa estarrecedora:
Antes de deixar o comando do Ministério da Saúde, o Alexandre Padilha (aquele que do “Mais Médicos”, que destilava misericórdia e amor pelos poros), assinou um convênio para o próprio pai, que chefiava uma ONG para treinar jovens a não pegar doenças venéreas. Ou seja passou uma bolada de 200.000 reais ao seu papi, e se debandou minutos após, para se dedicar a Campanha pelo Palácio dos Bandeirantes. É um cara de pau, hein?

Padilha, quando foi descoberto com a mão na botija, disse rindo de canto a canto da boca: ” Mandei cancelar o convênio do meu pai”, como se isso fosse o suficiente paras limpar a sua barra.

Fosse outro país, como o Japão, onde estaria agora o Padilha? Pensem aí!

Se o Padilha ganhar a eleição, a população da cidade São Paulo, já sabe em que mãos estará.

Doações dos Petistas, (quem sabe se não foi com anuência do governo central) para Delúbio atingiram a soma de R$ 1.013.657,26. Pagou-se a multa de 400.000 de Delúbio Soares e ainda sobrou mais de 600.000 para Zé Dirceu. E os petralhas ainda estão gozando da cara do ministro Joaquim Barbosa.

Nunca na história desse País vi coisa igual. Nem na ditadura militar.

Eduardo Medeiros disse...

E, a coisa tá feia, Levi.