Mantega
avisa Miriam Belchior que ela chamou Dilma de “Presidenta Lula”
Na
Psicanálise, os atos falhos e lapsos cometidos em nossas falas ou discursos vão
além de meras trocas de palavras ocasionadas por simples distração. Esses atos
revelam muito de nossa verdade escondida. Para Freud, os atos falhos não deixam
dúvidas sobre a intenção real da pessoa: são fragmentos valiosos guardados a
sete chaves, que chegam a escapar por algum descuido ou relaxamento do vigia
que monta guarda no porão secreto da mente.
No
calor dos discursos inflamáveis no nosso mundo político de vez em quando surgem
lapsos ou atos falhos que merecem uma profunda análise.
A
imprensa dá conta de que está havendo um racha no PT. Uma corrente de petistas
insurgentes anda a reclamar de Dilma: é que ela insiste em não favorecer projetos
de empresários e banqueiros ligados a Lula. Esse segmento está correndo para
colo do ex-imperador, implorando por sua candidatura, no lugar da rainha que
não lhes dá ouvidos. O Lula, por enquanto, só pede calma! calma!
Para
complicar tudo, formou–se um “blocão” composto de parlamentares da insossa sopinha
de letras: PMDB, PR, PP, PSD, PTB, PDT, PSC e PROS, para minar a candidatura de
Dilma
em prol do velho “toma-la-dá-cá”, tão comum na época do Lula-lá.
Foi
em meio a esse fuzuê, que a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, numa
entrevista, cometeu o significativo “ato falho” de que tanto Freud
se debruçou para esmiuçá-lo por longos anos.
A
ministra trocou as bolas e saudou Dilma com um sonoro: “Presidenta
Lula!” (rsrs)
Sem
querer querendo ela pode ter revelado o que de mais secreto residia no fundo de
sua alma. Ou não?
Passemos,
agora, a dar asas à imaginação. Sabendo que imaginar não é pecado, imaginemos
então uma conversa à sós entre a presidenta e sua subordinada, após a fatídica
entrevista:
― Presidenta, pelo amor de Deus me desculpe!
O inconsciente me traiu. Só minutos após, foi que me dei conta do ato falho
quando a chamei de “Presidenta Lula”
― segredou a ministra do planejamento ao pé do ouvido de sua superiora.
― O inconsciente não trai, Miriam! O que sai dele, quando a gente
abaixa a guarda, é a mais pura e cristalina verdade, que dos inimigos a
escondemos nos nossos mais íntimos recônditos. Representamos minha cara,
representamos o tempo todo!. A peça teatral a que nos submetemos é que foi
traída. (risos de lado a lado).
― Tem razão, cara amiga, a entrevista que
dei, foi logo após uma reunião tensa que tive com os líderes partidários.
Peço-lhe que me perdoe por ter embarcado no blá-blá-blá da base aliada que apresentava o plano B do PT, que trata Lula
como candidato em seu lugar.
Nas próprias hostes do partido governista, quase sua metade, anda cogitando que a candidatura, Dilma, corre risco. Como o leitor(a) muito bem sabe, o projeto petista de 20 anos no poder não pode de maneira alguma fazer água.
― Não nego presidenta! Cheguei a pensar de
modo igual aos rebeldes de nossa base de sustentação ― confessou
perigosamente a ministra.
Sem
ninguém por perto, a presidenta segreda ao ouvido de sua comandada:
― A culpa é do nosso patrão. Ele esta
passando os pés pelas mãos, não acha? Interfere em meu governo o dia todo. Não
suporto mais o seu bordão: “Dilma! Dilma! Negociar é preciso! Sem afagar
as bases, o negócio degringola!”.
― Tenha o máximo de cuidado!. Policie-se e
treine muito antes de discursar, para assim, evitar “atos falhos”. Já pensou que encrenca seria, você, num lapso, revelar
toda essa conversa ocorrida entre nós? ― acentuou Dilma, de olhos
arregalados, diante de sua atordoada ministra.
Antes
de se dirigir ao Trattoria da Rosário
(restaurante dos políticos da corte) a presidenta põe o seu dedo indicador
esquerdo verticalmente sobre os lábios:
― Psiiiiiiiiiiiiuuuu!...
Por Levi
B. Santos
Guarabira, 02 de março de 2014
Foto do Topo: folha.uol.com
4 comentários:
hehhhhhh....essa conversa aí, Levi, acho que foi exatamente o que rolou depois....kkkkk
e o projeto do PT que de início era "20 anos de poder", hoje é de "poder perpétuo"
Eduardo
Fico a imaginar como a Ministra do Planejamento e a Presidenta devem ter rido a valer depois do ocorrido.
No mínimo, elas devem ter manifestado seu desagrado em ser frágeis criaturas nas mãos do Criador (Lula). E como criaturas débeis, sabem que devem render graças ao seu Criador. Afinal, “todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. (kkkkkkk)
Talvez esse ato falho se explique por uma fata de liderança política da presidenta, algo que se conquista e nunca se impõe pelo cargo que a pessoa ocupa. E aí temos que admitir que o Lula, quer gostemos dele ou não, foi um cara com carisma e espírito de negociação. Com ele no comando, talvez o governo teria lidado melhor com as manifestações ocorridas em junho de 2013 e com as atuais também. Talvez até ele teria conseguido tirar algum proveito.
Fora isso, deve-se lembrar que Dilma foi cria do Lula. Ela não tinha sido nem prefeita ou tão pouco governadora de algum estado. Apenas tinha cargo no governo Lula sendo que sua eleição se explica pelo fato de que o brasileiro não quis mudar já que o nível de emprego em 2010 alcançou um patamar elevado assim como a renda das famílias brasileiras.
Quanto ao suposto racha no PT, é possível que existam grupos pró-Lula e uma minoria que pensa ser mais oportuno manter a Dilma por um segundo mandato na Presidência e contar com Lula como alternativa para 2018 na hipótese de não produzirem um novo nome na política nacional. Só que até lá o sapo barbudo poderá estar bem mais idoso e o PT já desgastado.
É Rodrigo.
O ato falho da ministra, ao chamar Dilma de Presidenta Lula, revela uma verdade insofismável:
Tanto no inconsciente da apagada "presidenta" como no inconsciente de sua subordinada, a sombra absoluta do criador Lula, tal qual pai autoritário da idade média, reina de forma absoluta.
Lula é o Rei Édipo da história de Sófocles ― aquele que tinha o poder de conduzir a luz, apesar de que enquanto atingia a glória a peste se abatia sobre toda Tebas.
Na interpretação de Freud, "Édipo seria um neurótico culpado de um desejo incestuoso, que estava sempre presente de forma simbólica em suas fantasias".
Mas é bom lembrar aqui, que o pai da psicanálise, em uma das análises desse mito, chegou a cogitar que “o Édipo Sofocliano não passaria então da história da desmedida de um poder político derrubado pelo povo. E aí?... (rsrs)
O certo é que, por ora, o nosso “Rei –Édipo-Nacional”, sem demonstrar publicamente, ainda está naquela fase poderosa de mandar e desmandar na republiqueta. (rsrs)
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