Muitos estão a dizer por aí que a
presidenta, nas três primeiras semanas da segunda edição de seu governo, anda
sumida, meio silenciosa, sem dar o ar de sua graça.
Mas o que se sabe é que, bem antes do decepcionante
e arrasador anúncio feito pelos ilustres elaboradores das provas do ENEM dando
conta de que mais de 500 mil vestibulandos da “Pátria Educadora” tiraram nota zero em redação, a
presidenta já vinha dando muito de si, efetuando correções vocabulares nas
falas descuidadas de alguns estabanados do seu grande séquito ministerial.
Com veemência, Dilma vem chamando a atenção dos seus ministros para não incorrerem
em escorregões na nossa língua mãe. Recentemente puxou as orelhas de dois dos
seus principais ministros que atuam bem pertinho de sua cadeira, exatamente por
destoarem do dicionário politicamente correto, de há muito, em voga nas hostes
petistas.
Nessa quarta feira (dia 22) foi a vez
do “poderoso” ministro da Fazenda, Joaquim
Levy ser repreendido e
instado a se retratar. “A gente pode ter
um trimestre de recessão,
e isso não quer dizer nada em relação ao crescimento” — disse o ministro da Fazenda à
imprensa, sem hesitação. O mau emprego da palavrinha “recessão” foi o bastante para a presidenta
enrubescer de raiva, pois no seu dicionário econômico estava lá escrito bem
detalhadamente, para todo mundo ver:
•Recessão: “declínio da atividade econômica por dois
trimestres consecutivos”. O certo seria o ministro-mor ter usado a palavra
“contração”, que significa: “diminuição passageira da atividade econômica”. Para aumentar mais a
aflição de Dilma, Zé Dirceu, seu
bravo companheiro de longas jornadas, disse com todas as letras em seu blog
(terça feira - dia 20): “caminhamos
assim, conscientemente, para uma recessão com todas as suas implicações sociais
e políticas”. [Vide Link].
Até tu, Zé, estás no bando dos
“politicamente incorretos” ao falar em recessão ao invés de contração? — deve ter perguntado para si em pensamentos a presidenta
com seus botões. “Recessão uma ova!”
Para
piorar até o jornalista Mino Carta,
esforçado defensor da reeleição de Dilma, estampou na Capa de seu semanário
(Revista Capital) que saiu nas bancas neste domingo (dia 25), a indevida e
perigosa manchete: “À
Beira da Recessão”
(em desacordo com o dicionário politicamente correto do governo).
•Tarifaço: “grande aumento de taxas dos serviços
públicos (luz, gás, telefone, etc), impostos e eventualmente, de outros
itens(combustíveis, por exemplo)”.[Houaiss]. Para a presidenta, esse termo,
de muito mau gosto, usado inapropriadamente pela imprensa deveria, sim, ser
substituído pelo politicamente correto “pacote do bem”. Por que pacote do bem? Pelo fato de
ser composto de medidas que irão injetar ânimo na economia. Muito claro, não?
•Sincronismo, no dicionário Houaiss, quer dizer “coordenação no tempo da ocorrência de fatos ou fenômenos”. Pois é, Dilma, logo no comecinho de sua gestão
(dia 2 de janeiro), puxou as orelhas do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa (o segundo em importância dentre os 39 ministros de sua
corte) por ele ter incorrido no grave erro de “falta de sincronismo”. Ou seja, ele dessincronizou ou perdeu a sincronização ao
falar coisas inconvenientes, logo ao acender das luzes de um governo que se
propôs ser populista. A presidenta considerou que ele passou os pés pelas mãos
ao anunciar, publicamente, que não havia mais condições de manter as regras de
valorização do salário mínimo pela necessidade de uma política fiscal mais
austera. Pela manhã, depois de ler os jornais do dia, Dilma que estava de férias na praia de Aratu – Bahia, furiosamente
deixou o seu repouso praieiro para mandar imediatamente o ministro Barbosa divulgar uma nota desmentindo o óbvio que ele de maneira
nenhuma deveria deixar escapar. Passou-lhe, então, um pito pela “falta de sincronia”.
•Estagnação (no Houaiss): “situação em que o produto nacional
não cresce à altura do potencial econômico do país.” Esse termo “politicamente incorreto”, quando citado nos
meios de comunicação, causa arrepios na trupe petista. No dicionário politicamente
correto do governo, quem fizer uso dessa maldita palavra comete um erro crasso,
erro que, indiscutivelmente, deve ser evitado pelos falantes ministros diante
dos holofotes e das câmaras de Televisão. Não seria gramaticalmente mais
elegante dizer que o país teria um ajuste gradual durante 2015 em seus pilares
econômicos básicos, ao invés de usar o termo “estagnação”, que tanta perturbação e celeuma causa nas massas?
Para tirar o sossego da presidenta, de novo, lá vem o
ministro Levy, dizer nessa quinta feira (dia 22) que a economia brasileira
deverá ficar estagnada em 2015 (ou seja, com crescimento zero). E logo onde,
fez essa triste afirmação? No Fórum Econômico de Davos, na Suíça.
Quem sabe se, para
não ouvir o economês enviesado de Joaquim
Levy lá em Davos na Suíça, Dilma
tenha resolvido viajar à Bolívia para assistir a posse de Evo Morales. Não custa nada lembrar que a Bolívia, foi sempre um
pais estratégico e mui amigo do Brasil, desde o tempo do reinado de Inácio Lula
da Silva. Para avivar a memória: Foi lá que ocorreu a transformação milagrosa
do gás brasileiro em gás boliviano num abrir e fechar de olhos. A que custo,
ninguém até hoje sabe.
Por Levi B. Santos
Guarabira, 26 de janeiro de 2015
Por Levi B. Santos
Guarabira, 26 de janeiro de 2015