Domingo
próximo (01 de Março) o Rio de Janeiro
estará comemorando seus 450 anos de fundação. Foi na cidade maravilhosa que
passei todo o ano de 1972,
realizando Residência Médica (pós graduação em Ginecologia) no maior Hospital
da América Latina —, o Souza Aguiar,
privilegiadamente situado de frente para a bucólica Praça da República (Centro
do Rio). Tempos bons àqueles, que não se ouvia falar em violência, drogas,
tráfico, etc.
Diferentemente
de hoje, a paz era coisa muito habitual na cidade cartão postal do Brasil. Quase todo final de semana saía do Hospital caminhando à pé por mais ou menos uns três quilômetros, para assistir a última sessão dos filmes mais badalados — nas espetaculares
salas de cinemas da famosa e bela Cinelândia. Lembro que um dos filmes chegou a
fazer uma fila de mais ou menos cem metros: foi o “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola. Após conferir
as sessões de cinema, voltava tranquilamente caminhando pelas calçadas do Largo da Carioca, entrando na avenida Mem de Sá, passando pela Tiradentes, Quartel do Corpo de Bombeiros, e o restaurante Português " O Lisboeta". Lembro
que chegava ao quarto andar do Hospital (destinado a residência dos
médicos-estagiários) já no início da madrugada, sem medo de ser abordado por
transeuntes que cruzavam o meu caminho. Parece incrível, mas, durante toda
minha estada nessa cidade nunca presenciei um assalto, briga, ou qualquer outro
tipo de violência.
Recordo
que nunca perdia os clássicos do meu time (Fluminense) com os rivais, Flamengo,
Botafogo e Vasco. As partidas entre esses grandes clubes ocorriam sempre às
tardes de domingo. Vestido com a camisa tricolor, com um radinho de pilha ao
ouvido, lá estava eu no meio da galera do velho Maracanã, sob uma nuvem intensa de
pó de arroz, aplaudindo, eufórico, os craques do Clube das Laranjeiras (Félix, Jair
Pereira, Gerson canhotinha de ouro, Denilson e Lula, entre outros).
A FOTO que repliquei no topo do texto é do Hospital Estadual Souza Aguiar. Na rua, defronte a sua entrada, o Cordão do Bola Preta, em sua estréia no sábado de Carnaval, fazia percurso obrigatório, com uma parada de vinte minutos para a alegria de funcionários e doentes que se espremiam nos janelões dos seis andares do enorme nosocômio, a fim de assistir a Folia em sua homenagem, oferecida pelo tradicional bloco carnavalesco. Naquele tempo, os desfiles de escolas de samba eram realizados na Av. Presidente Vargas, há poucos metros do Hospital. As arquibancadas de madeira eram instaladas quatro ou cinco dias antes do sábado de carnaval.
A FOTO que repliquei no topo do texto é do Hospital Estadual Souza Aguiar. Na rua, defronte a sua entrada, o Cordão do Bola Preta, em sua estréia no sábado de Carnaval, fazia percurso obrigatório, com uma parada de vinte minutos para a alegria de funcionários e doentes que se espremiam nos janelões dos seis andares do enorme nosocômio, a fim de assistir a Folia em sua homenagem, oferecida pelo tradicional bloco carnavalesco. Naquele tempo, os desfiles de escolas de samba eram realizados na Av. Presidente Vargas, há poucos metros do Hospital. As arquibancadas de madeira eram instaladas quatro ou cinco dias antes do sábado de carnaval.
A
Escola de Samba campeã naquele ano (1972) foi a Império Serrano, com o belíssimo e esfuziante samba, “Alô Alô, Taí Carmen Miranda”.
Para conferir esse memorável samba, é só
clicar no vídeo abaixo:
3 comentários:
Caro Levi,
Quanta disposição vc tinha há 43 anos passados para andar do Souza Aguiar até à Cinelândia e depois retornar! Mas bons tempos eram aqueles. Hoje a região da Pça. da Cruz Vermelha é ponto de prostituição tendo vários trombadinhas por ali devido à proximidade com a Central do Brasil. Na certa vc deve ter pego aquele parque (o Campo de Santana) ainda sem as grades, não? A época era boa, exceto pelo fato do país ter vivido um dos piores momentos da repressão militar tendo muitos cariocas sofrido prisões e torturas no quartel da PE. Hoje os desafios do Rio são outros e a ditadura ainda permanece em determinados bairros da cidade através do tráfico de drogas ou das milícias de policiais corruptos.
Ótimo domingo aí pro amigo!
Boas lembranças, Levi.
Esse era um outro Rio, um Rio mais belo, mais poético. Mas até mesmo o Tom Brasileiro desencantou-se, e em versos cantou do "Rio de amor que se perdeu...." onde mesmo "A tristeza da gente era mais bela e ainda se via da janela um cantinho de céu e o Redentor...", é meu amigo, mais do que nunca é preciso "acabar com essa tristeza, é preciso inventar de novo o amor.."
O Rio continua lindo.
Naquele tempo, Rodrigo, não estava tão ligado no sistema político do país. A ditadura militar não nos incomodava muito; não entrava muito em nossas conversas e divertimentos dos finais de semana.
Mas como disse o Eduardo, o Rio continua lindo. Só não se pode é andar descuidadamente pela velha e saudosa Lapa, como fazia em 1972, sem o medo que hoje se tem de ser assaltado e de balas perdidas. (rsrs)
Shopping não havia ainda, mas se tinha a Casa Sears e a Mesbla na famosa rua do Passeio.
Sinto saudades do chope do bar Veloso (hoje Garota de Ipanema) onde a bossa nova rolava solta. (rsrs)
Postar um comentário