Há mais ou menos três meses, na agência do Banco do Brasil
de Guarabira (9ª cidade da Paraíba - em população e PIB), onde resido, uma
prática está se tornando comum: a de deixar sem dinheiro os seus terminais
eletrônicos destinados a saque nos finais de semana, principalmente quando os
feriados caem numa sexta ou numa segunda feira.
No último final de semana, cheguei à agência e dei de cara
com a frase, “Banco Sem Dinheiro”, estampada em sua grande porta de vidro tipo blindex.
Encontrei muitos revoltados reclamando da falta de consideração do Banco para
com o cliente. Mas, notei algo terrivelmente doloroso: usuários dessa
mega-instituição financeira, falavam que o emblemático AVISO refletia a mais
pura e cristalina verdade. Diziam eles: “A
verdade é que se a metade da clientela resolver retirar o que tem em aplicações,
o Banco do Brasil não vai ter como pagar”.
Esse fato, por si só, demonstra o quanto a tensão e o medo têm
chegado aos mais distantes rincões do nosso país. Creio que o apelativo aviso — “sem dinheiro” deste final de semana — colado em lugar bem
visível na agência não se deve a incompetência de sua direção local, mas, sim,
fruto de uma ordem de contenção vinda lá de cima, para fazer face à gastança
desenfreada realizada em nome da tão cantada e decantada governabilidade.
Eis a avassaladora manchete que está correndo nas redes
sociais e nos principais jornais do país:
“Brasileiros Retiram Dinheiro da
Poupança, e o Sistema Bancário Começa a Ruir”.
Para se ter a ideia do nível de descontrole na gestão da coisa
pública, a Caderneta de Poupança que vinha, há muitos anos, pelo menos, sendo
renumerada de acordo com a inflação mensal, chegou aos meses de Janeiro e
fevereiro desse ano a ser indiretamente confiscada nos seus rendimentos em
quase 60%. A inflação de janeiro foi de 1,24%, a de fevereiro bateu nos 1,33%.
Enquanto isso, a Poupança foi corrigida em apenas 0,5%/mensal. Se isso não for
confisco, o que é então confisco?
A situação é tão nefasta que a maior fuga de recursos
das instituições bancárias nos últimos 20 anos aconteceu exatamente nos dois
primeiros meses de 2015 [vide link]. Que fique claro: o dinheiro retirado
pela população está sendo usado para recuperar o seu poder de compra que vem
sendo paulatinamente corroído a olhos vistos.
O negócio vem se agravando cada vez mais, e o horizonte é
realmente sombrio. Quando a maior autoridade da república vem a público dizer que vai lançar um
programa que facilita o fechamento das empresas via on-line em questão de minutos
(Vide link), tem-se aí uma amostra indiscutível de que
o país está iniciando uma grave recessão. O bloqueio nas estradas do país
realizado por caminhoneiros que fazem o escoamento da produção de alimentos e
têxteis, que já dura mais de uma semana, vem causando prejuízos de mais de um
bilhão de dólares, com as lideranças políticas desarticuladas a bater cabeça sem que consigam
solucionar o grave descompasso [Vide link].
A Agência de classificação de risco, Mood’s, já deu o sinal vermelho
para os investidores externos debandarem do país. Como sem investimentos não há
dinheiro na praça, a frase “Banco Sem dinheiro” colada na porta do Banco do Brasil de minha cidade, talvez
esteja sinalizando para nós, contribuintes/correntistas, uma verdade inconveniente que o governo, em vão, tenta
obscurecer.
Por Levi B.
Santos
Guarabira, 02
de março de 2015
Imagem do topo: Foto do Interior da agência do B.B. de Guarabira - Pb
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