Lá
se vão 50 anos. Cursava o quarto ano de Medicina na UFPB, quando na
tarde do dia 20 de julho de 1969 as ruas do bairro de Jaguaribe - em
João Pessoa, de repente, ficaram desertas. Quase todos acorreram aos
seus lares para assistir pela TV (em preto e branco), o homem pousar
na Lua. Nesse tempo, residia na casa de uma tia, em um local
aprazível, bem no finalzinho da tradicional e festiva av. Vasco da
Gama.
Em
meio ao chuvisco na tela da TV, deu para ver a poeirinha subir,
segundos após Neil Armstrong tocar levemente a superfície da Lua. À
medida que o astronauta caminhava desajeitadamente, os sulcos da sola
de suas botas espaciais iam deixando fundas marcas na frouxa areia do solo
lunar. Meu tio e eu ficamos estáticos diante daquele grandioso
espetáculo. A Lua, nos corações dos namorados e poetas, a partir
daquele momento deixava de ser fisicamente inacessível, para ser
objeto de especulação dos astronautas da NASA.
Lembro
que em 1961 (oito anos antes dessa grande conquista espacial), a
cantora Ângela Maria (intitulada a Rainha do Rádio), já fazia
seu protesto contra a briga entre russos e americanos na louca
corrida para ver quem primeiro exploraria a morada de São Jorge e
seu dragão. Para os menestréis e seresteiros que, em altas horas da
noite derramavam suas vozes dolentes entre sublimes acordes tirados
das cordas de seus violões, a Lua era sua indevassável e
inspiradora deusa. Os da minha geração, com certeza, jamais
esquecerão das sinfonias noturnas que nas noites enluaradas enchiam o
ar, estimulando o(a)s jovens insones a sonhar doces sonhos em suas
alcovas.
Hoje,
a Lua, sem o mistério de antes, ainda dá o ar de sua graça nas
fotos tiradas pela “geração smartphone”.
Enfim,
venceu o progresso. De nada valeu o apelo ― “Lua... oh
Lua... - não deixa ninguém te pisar!” ─ refrão da
modinha carnavalesca “A Lua é dos Namorados”, cantada
ardorosamente nos velhos carnavais.
Por
Levi B. Santos
Guarabira,
20 de julho de 2019
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