06 agosto 2006

POEMA DE UMA AVÓ PARA UMA NETA


Fazer os laços que eu sempre desejei,

Calçar nos pés aqueles sapatinhos

Andar de mini-saia livre pelas calçadas

Lembro-me enfim mesmo por um tempinho

Daquilo que não tive em meio a criançada.



Agora sei bem o que é ser menina

Ao te ver tão frágil a repetir meus gestos.

É minha a tua face, tenho eu a impressão,

Quando os lábios se alongam e surge um sorriso

Uma saudade imensa invade meu coração.



Estas pequeninas pernas, será que foram as minhas

Por ter passadas ligeiras, me deram por apelido

Pernas finas corredeiras, como minha mãe chamava

Ao desembalar como tu, correndo pelas ladeiras,

Cai , cai acolá. E no chão liso escorregava.



Tempos vividos que tive, e estou revendo agora.

Imitando a tua fala, me faço de novo criança,

Então na rede em meus braços, feliz a te embalar.

Em sonhos eu me vejo lá na Santa Terezinha

Ouvindo então bem baixinho, mamãe a cantarolar:


BOI, BOI, BOI, BOI DA CARA PRETA, PEGA ESSA MENINA QUE TEM MEDO DE CARETA.



Guarabira, 06 de aAgosto de 2006



Um comentário:

Anônimo disse...

Tio, essa foi demais!!!!
O retrato de avó e neta foi perfeito.
Cristiane