06 agosto 2006

TARDES DE DOMINGO



No domingo eu escapulia

Para o campo da engenhoca

No quintal de tia Anás

Futebol eu assistia.



Bem atrás de uma trave

Sobre a faxina escondido,

Eu aplaudia as jogadas

Do meu time preferido.



Cada gol era uma festa

A orquestra respondia.

Puxando um frevo alegre

Numa bela sinfonia.



Depois do primeiro tempo

No campo podiam entrar.

Pela frente do estádio

Eu entrava sem pagar.



Juntava umas três moedas

Para comprar as doçuras

Que vendiam na torcida,

Uma verdadeira loucura.



Vendiam amendoim

Laranja pêra e sorvete

Pirulito e alfinim

E palitos de rolete.



Geladinhas de refresco

Afora as tapiocas.

Tinha doce americano

E pacotes de pipocas.



Iguarias iguais aquelas

Nunca pensei em provar.

Para falar a verdade

Nem em festas no meu lar.



Meu clube era o Tabajaras,

De grandes craques da bola

Cereba e Lula Teixeira

Não me saem da cachola.



Você veja que loucura

Eu em cima da faxina,

Assistindo um partidaço

Com o treze de Campina.



O Tabajaras em casa

Não perdia uma vezinha,

Mesmo ele jogando ruim

O juiz dava uma mãosinha.



Os jogadores d’outro time,

Gritavam: juiz ladrão

Para nós na passeata

Em cima do caminhão.



Passando por minha casa

Em caminho obrigatório,

Mamãe se desesperava

Gritando um palavrório.



Sai de cima desse carro

Uma surra tu vai ter.

E eu pulando pelas grades

Ía então me esconder.



Dizia então minha mãe

Numa tristeza medonha:

Tu és crente, vagabundo,

Tá me fazendo vergonha.

Um comentário:

Anônimo disse...

O retrato da infância descontaída.
Alegria de criança.
Realente: Vale a pena lembrar.
Adorei!!!
Cristiane