31 dezembro 2008

O TEMPO NÃO PASSA. PASSAMOS NÓS




A história do homem se repete porque ela é cíclica dentro do tempo infinito das eras. “O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. (Eclesiastes 1:6).”


As guerras de hoje, no fundo, são as mesmas de outrora. O ódio que as move vem do mesmo núcleo estrutural. Mudaram os personagens, mas a natureza humana continua a mesma. No lugar de armas toscas como lanças e espadas bíblicas usadas contra os inimigos de antigamente, temos hoje armas sofisticadas, como foguetes teleguiados que atingem o alvo com precisão milimétrica. As desculpas e razões para explicar a intolerância entre as gentes continuam sendo as mesmas dos primórdios. Enfim, nada mudou debaixo do sol como bem disse o autor de Eclesiastes. A incessante busca dos prazeres que consome a maior parte da vida do homem é a mesma dos tempos remotos. Ela tem a mesma seiva de milênios de anos atrás. Os canais por onde deságua a agressividade latente que está em cada um de nós, em nada difere da dos tempos passados. Mudaram as formas externas, porém por dentro, tudo continua igual.


Será que a hipocrisia que Cristo tanto combateu entre as lideranças de seu povo, não é a mesma de hoje?


O longo capítulo de Mateus 23 (Ai de vós hipócritas) proferido por um Cristo indignado contra os Fariseus e Escribas de sua época, por acaso, não ressoa hoje como no passado? Os atuais dirigentes e líderes dos povos sedentos de justiça não estão a reeditar os fatos do passado? Se a história é cíclica, ela se repete. Ficando claro e evidente que os fariseus e escribas de hoje continuam agindo e semeando a discórdia como faziam os seus antepassados. Todas as tiranias (as atuais e as de ontem) fazem parte da história de alguns indivíduos, ou grupos no poder, que se servem dos recursos da violência para inconscientemente exteriorizar os seus sentimentos mais animalescos.


Raciocinando bem, o tempo não passa; nós é que passamos por ele. O que vemos hoje como novidade, já foi no passado, como disse sabiamente o autor do livro de Eclesiastes (1:9): o que foi, isso é o que há de ser, e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há de novo debaixo do sol.”

Entra ano e sai ano, mas a caminhada implacável do tempo sempre é a mesma. O que notamos exteriormente em nós de mudança, são apenas as marcas visíveis e indeléveis que o tempo vai deixando em nossos corpos, à medida que passamos por ele. Em todo o tempo as virtudes, as vicissitudes e aflições são as nossas companheiras indissociáveis. Se nos despirmos dos trajes das representações no grande teatro da nossa vida de relacionamentos, e mergulharmos em nós mesmos, é que poderemos perceber os instintos mais rudes que estão escondidos lá no mais profundo do nosso ser, nesse tenebroso e escuro oceano chamado pelo pai da psicanálise de “inconsciente”. O apóstolo Paulo num dos seus profundos mergulhos em si mesmo, reconheceu que nele não habitava bem algum (Rom. 7:18). Para logo depois exclamar: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”(Rom. 7:24)


O homem criou fórmulas para encaixotar o tempo em calendários astronômicos e lunares. E numa tentativa de dar forma a mudança dos dias iguais, englobou o girar constante do tempo em semanas, meses, anos, décadas, séculos e milênios. Quis transubstanciar o vazio do nada, lhe dando “carne e ossos” para chamá-lo de “tempo”.


O nosso calendário não marca o tempo. Ele marca sim, os acontecimentos cíclicos, repetitivos de nossa vida de relacionamento, sob o rótulo de “história da humanidade”. Marca os fatos agradáveis e prazerosos. Marca também os fatos violentos, as guerras e conflitos que, na verdade, nada mais são do que as conseqüências nefastas das pulsões destrutivas que habitam as profundezas da natureza humana.


Muito embora saibamos que o tempo não passa, amanhã estaremos trocando de calendário. Não tendo o poder de interferir na rotação da terra, continuaremos embalados no carrossel do tempo, o qual nos fará circular pelos mesmos lugares, ouvindo os mesmos discursos e cantilenas, vendo as mesmas paisagens, o mesmo ceu e as mesmas cores.



Ensaio por Levi B. Santos
Guarabira, 31 de Dezembro de 2008

2 comentários:

Anônimo disse...

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Aceitei seu convite para uma leitura neste Post.

Sua leitura da situação está correta.O ódio continua sendo a causa de (velhas)guerras e novas matanças. Ele é destilado nas mentes e nos corações dos líderes das nações pelo seu autor que é o diabo. É mais fácil, matar que produzer e manter a vida, e por trás do ódio está o medo. Quem odeia tem medo de amar. O amor é maior que o ódio. É maior porque cria, perdoa, une, constrói.

Por outro lado quero lembrar um diálogo, não me lembro onde o li, que Jesus foi questionado sobre o futuro da Igreja recem criada, nas mãos de 12 homens indoutos, não teólogos e não levitas.

O Reino de Deus é um Reino Espiritual. Um reino espiritual governa o reino temporal. Na esfera espiritual, o Reino de Deus já venceu o reino das Trevas. Mais dias menos dias, a profecia de Isaias vai se cumprir, e o leão habitará em paz com o cordeiro e a criança brincará com o áspide, as armas serão convertidas em ferramentas agrícolas e Cristo, nos últimos dias, administrará a paz desde a Cidade de Jerusalém, e os dias na terra do insuflador do ódio entre os homens estarão contados.

Até lá, até a volta de Cristo, este ódio vai aumentar e a destruição e guerras vão continuar. E não haverá paz até o dia em que O Senhor Jesus Cristo vença o diabo na última batalha e o lance no grande lago de fogo.

No final, a paz vencerá, as guerras terminarão, e cada um receberá um lugar na eternidade de acordo com fé e obras.

Ótimo blog, excelente texto.

João Cruzué

Bereiano - Pr Ilton disse...

Caro Levi, grato por estar sempre visitando meu Blog, http://bereiano.blogspot.com.
Li esse material excelente, mas também observo que apesar ddos acontecimentos serem "cíclicos", no que diz respeito ao tempo, sem percebermos, está chegando ao fim de tudo isso, aquele que crê na Palavra de Deus se lembra que os tempos, a plenitude dos gentios está por terminar e "Deus enxugará de seus olhos toda lágrima".
O tempo passa, mas Deus age pela Hora Oficial Celestial,
Mateus 24:32 "Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão."
Bom site, Deus abençoe