17 março 2013

A COPA É DO PAPA E DE DILMA


Desembarque  de Dilma em Roma para a posse do Papa


Futebol era sua paixão maior. O gol ilegal de Maradona em 1986, na copa do México, rotulado como efeito das “Mãos de Deus”, ficara gravado indelevelmente em sua memória. Desde pequeno era um torcedor fanático do San Lorenzo de Almagro. Logo nos primeiros dias de seu papado, deixou a cúria boquiaberta ao segredar que estava decidido quanto a sua primeira viagem internacional: seria ao Brasil, sem, no entanto, revelar que se daria justamente em junho de 2014. A seis meses do início da Copa, a decisão irrevogável tomada pelo Papa caiu, como uma bomba, em pleno Vaticano.

“Os cardeais que procurassem entendê-lo” ― teria afirmado em uma reunião onde, pasmem, foi até ventilado um escrutínio inédito na Capela Sistina, aos moldes do conclave: A fumaçinha branca saindo do velho telhado da Capela seria o sinal de “Habemus Papam in Copa

A notícia da visita do Papa ao Brasil, às vésperas da Copa do Mundo, fez o mundo político de Brasília estremecer.

A presidente Dilma submetida a um stress nunca dantes imaginado, emagrece a olhos vistos. O horizonte é realmente de densas nuvens negras: processos embargando obras nos estádios de futebol devido superfaturamento, manchetes de desvios de dinheiro público pululando em todos os jornais do país.  Para complicar tudo, em meio à Copa o STF estaria enfrentando o caso mais polêmico da nossa história recente: depois de passar pela Justiça de Minas Gerais e pelo STJ a denúncia de Marcos Valério de que Lula participou de forma ativa no mensalão, tinha sido aceita pela maioria dos ministros da suprema corte.

A presidenta inconsolável, nas longas noites de insônia, derrama-se em suas abluções: “Ah meu Deus, por que me deixei ardentemente ser arrebatada pelo meu Benfeitor político? Por que fui fraca e limitada ante o cálice embriagador do poder que, em minhas veias como um fogo gostoso e avassalador, me anestesiou o tirocínio? Por quê?

A bancada do governo reza para Dilma se sair bem. Quando seu médico a aconselha evitar as situações de stress, ela desabafa: “Como ter paz num fuzuê desses, doutor? As pesquisas não me ajudam quanto às eleições presidenciais que estão em cima, copa do mundo com obras incompletas, Lula sendo julgado, e por cima o Papa inventa de vir assistir o jogo final da Copa no Maracanã. Pense bem na enrascada, doutor, se o embate final for entre a Argentina e o Brasil? Por mim seria de portões fechados!. O médico não conteve o riso e ela até que esboçou um pálido sorriso num rosto visivelmente emagrecido: uma cena trágica e cômica.

A fim de se sentir mais aconchegada a presidenta aumenta para quarenta e quatro o número de ministros ao seu redor. Numa das reuniões ministeriais que sempre terminam em bate-bocas infrutíferos, manda confeccionar uma mesa oval bem maior que a do seu antecessor, haja vista a avalanche de ministros ao seu redor, que ela mesma, sequer sabe de cor o nome da metade deles.

Enquanto isso, os ministros do Planejamento, do Turismo, da Cultura, dos Esportes, do Minha Vida Meu Estádio, da Transparência em Gastos com a Copa, se reúnem para planejar um Papamóvel e um Trono ambulante movido a energia solar que deslizaria sobre cabos, partindo do Cristo Redentor aos estádios, favelas e catedrais do Rio, tipo, o bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

Para engrossar o caldo a bancada de deputados evangélicos, responsável pelo recém criado “Ministério do Brasil para Cristo”, pede para que o seu Papa (o presidente da Convenção de Pastores) tenha as mesmas regalias do líder maior da igreja católica, sob a ameaça de retirar seu apoio à reeleição de Dilma.

Quando as pesquisas, enfim, dão Aécio Neves, Tiririca e Dilma, como praticamente empatados ― a presidenta num ataque de nervos, grita para sua trupe, em uma das reuniões no palácio da Alvorada: “Será que vocês estão cegos?! Não estão vendo que estamos no mato sem cachorro!!!”

É quando todos correm para por panos quentes. Sob a batuta do ex-seminarista e eterno ministro da casa civil (há dez anos no poder), todos respondem em coro, como se tivessem previamente ensaiado:

“Fique tranqüila Dilma, o Brasil do ‘Bolsa Família’ está ao seu lado. A Copa do Mundo é sua e do Papa, e ninguém toma”.

Seus burros, a partida final da Copa não pode terminar empatada, ainda mais tendo Francisco I como torcedor n°1 da Argentina ― dispara a presidente, inconformada.

Enquanto isso, ao sul do Rio Grande do Sul, a eufórica Cristina Kirchner saltita de alegria: Viva o San Lorenzo, viva Messi, viva Francisco I.


Por Levi  B. Santos
Guarabira, 16 de março de 2013

Site da Imagem: meionorte.com

Um comentário: