Estamos a um
ano e dez meses da eleição presidencial, mas a disputa para presidência da
República em 2014 já deu o ar de sua graça, aqui bem pertinho de minha cidade.
Dilma,
ao entregar um conjunto residencial do Programa “Minha Casa Minha Vida” no início desse mês em João Pessoa ―
Capital do Estado da Paraíba, usou uma expressão
ou reforço de linguagem ― “Fazer o
Diabo”, que Freud, vivo fosse, talvez a considerasse como um “ato falho”.
Como se sabe
através da psicanálise, os “atos falhos” acontecem sempre quando o analisando em
suas associações livres, perante o analista, deixa escapar algo escondido dos
porões secretos de sua mente. Esses atos falhos ou lapsos evidenciam a força de
desejos que estão reprimidos no inconsciente. Podem acontecer, por exemplo, na
hora de um discurso ou de uma conversa informal. Sob o impacto da emoção ou do
calor do momento, o guardião dos segredos da mente (a censura) relaxa, deixando
passar para consciência os recalques do indivíduo. O sistema de defesa psíquico
funciona como um vigia que impede que impulsos inaceitáveis da pessoa venham à
tona. O estadista que faz uso do improviso, geralmente cai nas armadilhas do
inconsciente ― são os ossos do ofício (rsrs).
Por trás das
metáforas ditas se escondem um desejo reprimido – dizia Freud. Não sei, mas talvez
a metáfora “Fazer o Diabo” no trecho
abaixo, pinçado da fala inflamada da presidenta tenha a ver com o tal “ato
falho” cansativamente estudado pelo pai da psicanálise. Se não vejamos:
“Nos podemos disputar eleição, nós podemos brigar na eleição, nós podemos fazer o Diabo quando é a
hora de eleição. Agora, quando a gente está no exercício do mandato, nós temos
que nos respeitar, porque fomos eleitos pelo voto direto do povo”.
(Dilma)
O irônico
Reinaldo de Azevedo em um artigo em seu blog, como era de se esperar, não
deixou passar em brancas nuvens a metáfora endiabrada de Dilma, dita em bom som na
Paraíba, e sapecou questionamentos sobre o que seria, em sua concepção, o “fazer o Diabo”, no contexto do discurso da presidenta, das quais republico
algumas:
• Seria preparar dossiês recheados de falsidades contra
adversários?
• Seria mobilizar arapongas para espionar a vida alheia?
• Seria mentir descaradamente sobre a biografia dos adversários
e sobre a sua própria?
Duas semanas e
meia, após esse episódio, eis que Dilma se encontra em Roma para, num
ambiente de solene espiritualidade ― assistir a posse do Papa Argentino, Francisco
I.
Após a cerimônia
de posse de sumo pontífice do Catolicismo, Dilma, ao ser provocada por um
jornalista argentino na saída do Vaticano, saiu-se com essa pérola de resposta:
“Eu acho que vocês têm muita sorte. É um grande Papa. A
Argentina está de parabéns. Agora a gente sempre diz: ‘o papa é argentino, mas
Deus é brasileiro.’” (Folha
de S. Paulo de 20/03)
Enquanto Dilma dizia em Roma que “Deus é brasileiro” aqui no Brasil do deus da mentira, contavam-se
mais de vinte mortos soterrados por deslizamentos nos morros devido à inércia
dos que fizeram o diabo
com as vultosas verbas federais e não moveram uma palha sequer em obras de
infra-estrutura após os soterramentos de ruas inteiras em 2011 na região
serrana do Rio de Janeiro. Surrupiaram o dinheiro ao invés de encetar as obras prometidas
na localidade e, quanto às moradias dignas previstas no papel, ficaram a ver
navios, os que sobreviveram à tragédia de 2011, nessa região.
De lá de Roma,
junto ao papa, que como São Francisco, optou pelos pobres, Dilma
“fez o diabo” com a metáfora “Deus é brasileiro”: passou uma
reprimenda nos habitantes dos morros culpando-os pela
tragédia dos desabamentos. De forma grotesca transferiu para o povo
pobre das encostas fluminenses a irresponsabilidade do governo federal que na
região serrana nada fez desde a hecatombe de dois anos atrás, que deixou nada
menos que 725 mortos.
Mas vamos à
fala de Dilma, direto de Roma, dando o recado do seu deus brasileiro (ou desculpa esfarrapada):
“Nós temos um sistema de prevenção, o problema é que muitas vezes as pessoas não querem sair. É uma situação muito difícil, porque choveu
quase o tanto que chove um ano em certas regiões do país.” (Jornal
Estado de São Paulo)
Infelizmente aqui, Freud,
vivo fosse, não diria que Dilma cometeu um ato falho ou lapso;
diria que ela exerceu um mecanismo de defesa, chamado de transferência ― que no ditado popular significa ― “tirar o corpo fora” (*).
(*) A Revista “Aventuras na História”, edição de março de 2011, traz o significado exato desse ditado: “dizemos que a pessoa está tirando o corpo fora quando esse alguém finge que não sabe de nada ou vacila em assumir a responsabilidade por algum ato”.
(*) A Revista “Aventuras na História”, edição de março de 2011, traz o significado exato desse ditado: “dizemos que a pessoa está tirando o corpo fora quando esse alguém finge que não sabe de nada ou vacila em assumir a responsabilidade por algum ato”.
Por
Levi B. Santos
Guarabira,
20 de março de 2013
Site da Imagem: esmaelmorais.com
5 comentários:
Levi,
O idiota se orgulha de ter um imbecil como líder. Viver como ovelhas esperando o colápso anunciado.
Miranda
O "Sermão do "Deus é brasileiro" começa assim:
Bem aventurados os que superfaturam e dão circo e pão as ovelhinhas, pois serão recompensados com galadrões (ops - galardões) nos paraísos
Que paraísos Miranda??? (rsrs)
É, Levi, de atos falhos em atos falhos, nossos governantes vão levando as tragédias anunciadas com a barriga. Mas me parece que "fazer o diabo" nem ato falho foi, na verdade, foi uma confissão do que já sabíamos.
Paradoxo em Roma:
Na posse do Papa que fez opção pelos pobres da igreja, informações do Itamaraty dão conta de que o governo brasileiro desembolsou 324 mil reais com hospedagem e salas de apoio para uma grande comitiva presidencial, A coluna de Ruy Castro da Folha de S. Paulo de ontem, sob o título “REGA-BOFES”, diz que a trupe de Dilma “ocupou 52 quartos de hotéis na cidade, dos quais 30 no Grande Hotel Excelsior cujas diárias vão de R$970 à R$7.700. Para se deslocar entre ‘A Doce Vita’ (filme que a igreja católica tentou incinerar), de 1960 ― a comitiva brasileira contratou 17 veículos, incluindo carros blindados”.
Não estão incluídos nessa conta os vinhos e as lautas refeições dos parceiros da rainha. (rsrs)
Deus é brasileiro mesmo, caríssima Dilma...
O PT também fez opção pelos pobres. E se deu muito bem com isso...
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