27 setembro 2015

Sobre Projetos Geo Políticos em Nome dos Deuses


Mapa do Retalhamento Étnico na Síria


Em seu “Tratado Teológico Político”, Espinosa (1632 1677), já fazia ver que “os direitos subjetivos dos deuses nada mais eram que a soma dos direitos subjetivos dos indivíduos. Espinosa entendia que as guerras não eram dos deuses, elas decorriam da fértil imaginação humana que as percebiam como ordens divinas. Esse filósofo via que a religião e a política eram mantidas por um elemento comum aos dois lados a paixão. Ambas se alimentam do mesmo veneno.

E aí, é onde tudo se complica, “até porque a paixão não pode ser contrariada ou suprimida, a não ser por uma paixão contrária e mais forte que a paixão a contrariar”. Em suma, todo projeto teológico é um projeto político. Quem não se lembra da emblemática frase dita pelo deus de George Bush, por ocasião dos atentados contras as Torres Gêmeas nos EUA, em setembro de 2001?: "É a luta do Bem contra o Mal" - disparou o presidente da nação americana. Por sua vez, os Aiatolás não ficaram atrás, e afirmaram de imediato que os EUA seriam o "Grande Satã".

E nesse teatro do Bem contra o Mal, dizia Eduardo Galeano, é sempre o povo quem conta os mortos.

Moisés, o grande líder político dos hebreus, regido pela ideia central de formar um poderoso Estado, percebeu o Divino a tomar-lhe os sentidos, vaticinando para si e para os seus uma terra que manava leite e mel. Os habitantes dessa terra fértil que eles sonhavam possuir levaram a pior por possuir um deus mais fraco. Só que os vencedores esqueceram de um detalhe importantíssimo: por trás de cada triunfo se esconde uma efêmera segurança, uma vez que o vencedor de hoje pode ser o derrotado de amanhã.

Vejam a que ponto chegou, atualmente, o projeto teológico-político engendrado em nome do “Deus ocidental”, visando uma impraticável
pacificação entre as várias correntes étnicas que na Síria, há quatro anos, não param de se digladiarem mutuamente. Cada grupo vê um imaginário deus a decretar a aniquilação dos adeptos de outros deuses. Os seguidores desses deuses sanguinários, antigamente, usavam espadas e lanças para destruir o outro. Hoje eles movimentam trilhões nas indústrias de fabricação de poderosíssimas armas. Até crianças de pouco mais de doze anos são bem-vindas a esse reino, tornando-se lançadores de granadas, de mísseis e exímios no uso de superpotentes metralhadoras.

Diante de toda a insanidade política em nome de Deus, não poderia deixar de, aqui, replicar um significativo trecho do Tratado Teológico Político de Espinosa, que apesar de ter sido escrito há quase 400 anos, continua mais atual do que nunca . Ele já antevia a Sagrada Escritura, como meio de desaguar as desenfreadas paixões humanas para projetos políticos em nome do sagrado, como bem atesta o trecho abaixo:

Ora, assim como a Escritura costuma descrever Deus à semelhança do homem e, dada a ignorância do vulgo, atribuir-lhe mente, vontade, paixões, até mesmo um corpo e um hálito, assim também utiliza muitas vezes espírito de Deus por mente, quer dizer por ânimo, paixão e força”. (Tratado Teológico Político – página 27 – Martins Fontes Editora)

Enquanto escrevo esse pequeno artigo, recebo a notícia de que as máximas autoridades políticas francesas (é claro, em nome do deus cristão) decidiram, neste domingo (dia 27) realizar uma série de ataques aéreos contra alvos do Estado Islâmico (E.I) na Síria. (Vide Link)

Para quem ainda não sabe, a organização E.I. foi fomentada pelos EUA, que treinaram e forneceram armamentos modernos a esses guerrilheiros fanáticos numa tentativa de derrubar o presidente, Bashar Al Assad da Síria.

Pelo visto, a barafunda em nome dos deuses de lá e de cá, complicada agora com a imensa leva de refugiados pedindo socorro aos “cristãos” do mundo ocidental, está longe de ser resolvida.


Por Levi B. Santos
Guarabira, 27 de setembro de 2015


13 setembro 2015

Política Equivocada Produz Êxodo Gigantesco


Centenas de refugiados são barrados em estação ferroviária na Hungria



Há cerca de cinco anos, a chanceler alemã, Ângela Merkel, fazia um duro discurso em seu país, quando se discutia sobre os imigrantes muçulmanos que não estavam se adaptando à sociedade germânica. A sua fala, como um tufão violento, varreu o mundo. Disse ela, naquela ocasião: A tentativa da Alemanha de criar uma sociedade multicultural fracassou!”. Talvez, a afirmação da primeira mandatária tenha sido para agradar ao partido democrata cristão (CDU) que, em momento crítico, exercia intensa pressão por uma posição mais dura contra os imigrantes.

Da União Europeia, especialmente os Alemães já vinham demonstrando insatisfação com a não assimilação dos imigrantes aos ditames da cultura alemã. Tanto é, que solicitaram das autoridades que “delineassem políticas severas de combate à tentativa de matar a cultura alemã. […] No país que foi palco de umas das maiores demonstrações de desrespeito às culturas diferentes (aqui falamos do Holocausto), as declarações da primeira ministra soaram como xenófobas” (vide link)

Naquela época (agosto de 2010), o renomado economista alemão, Thilo Sarrazim, ministro das finanças de Berlim, já redigia artigos detalhando as consequências da Islamização da Alemanha e do resto da Europa. (Vide Link)

O atual presidente da Hungria (porta de entrada dos imigrantes), Viktor Orbán, disse recentemente: “O que está em jogo é a Europa, o estilo de vida dos cidadãos europeus, valores europeus, a sobrevivência ou desaparecimento das nações européias e, mais precisamente, sua transformação a ponto de não a reconhecermos. Hoje, a questão não é meramente em que espécie de Europa nós gostaríamos de viver e sim tudo o que entendemos como Europa irá sequer existir”. (Vide Link)

Setores da imprensa mundial acham que a Europa está colhendo o que plantou. A RBA (Rede Brasil Atual) em um artigo publicado em seu site há oito dias, de modo sucinto, explica por que a Europa, de certa forma é responsável pela maior crise humanitária que se abate sobre o mundo:

Não tivessem ajudado a invadir, destruir, vilipendiar, países como o Iraque, a Líbia e a Síria; não tivessem equipado com armas e veículos, por meio de suas agências de espionagem, os terroristas que deram origem ao Estado Islâmico, para que estes combatessem Kadafi e Bashar Al Assad, não tivessem ajudado a criar o gigantesco engodo da Primavera Árabe, prometendo paz, liberdade e prosperidade, a quem depois só se deu fome, destruição e guerra, estupros, doenças e morte nas areias do deserto, entre as pedras das montanhas, no profundo e escuro túmulo das águas do Mediterrâneo, a Europa não estaria, agora, às voltas com a maior crise humanitária deste século, só comparável, na história recente, aos grandes deslocamentos humanos que ocorreram na Segunda Guerra Mundial.
Depois que os imigrantes forem distribuídos, e se incrustarem em guetos , ou forem – ao menos parte deles – integrados em longo e doloroso processo, que deverá durar décadas, aos países que os acolheram, a Europa nunca mais será a mesma.” (Vide Link)

Quem diria que Ângela Merkel, depois de ter há cinco anos vaticinado o fim do multiculturalismo, hoje, nadando contra a maré de medo que abala grande parte da Europa(que já está sendo chamada de Eurábia) estaria com toda a garra defendendo a integração dos refugiados do mundo islâmico em seus domínios? Em que pese o protesto da direita alemã, ela não titubeou ao afirmar que a grande massa de imigrantes mudará o país.
Os Sírios, já apelidaram a mandatária alemã de “mamãe Merkel”. Por ora, os refugiados, em solo alemão, inundam as redes sociais com mensagens de amor à chanceler. Só não sei o que acontecerá depois da euforia inicial. (Vide Link)



Por Levi B. Santos
Guarabira, 13 de setembro de 2015


Site da Imagem: cartacapital.com.br



07 setembro 2015

Como Portugal e Brasil Desfazem Certos Laços





Chovesse ou fizesse sol, por essas horas em que escrevo este “patriótico” texto, as ruas no meu tempo de estudante do primeiro grau, estavam tomadas por multidões de alunos garbosamente vestidos, desfilando com ardor, enaltecendo o corte supostamente “definitivo” dos laços do Brasil com Portugal.

São dez horas da manhã de 7 de setembro de 2015. As ruas de minha cidade estão completamente desertas. As multidões que no dia dedicado à festividade maior da Pátria superlotavam as calçadas do centro da cidade, sabiamente, trocaram as patriotadas sem sentido, pelo prazeroso descanso nas areias das praias e nas fazendas.

Por ironia do destino, cá estou com a revista semanal de maior circulação na pátria mãe gentil, a ler uma reportagem sobre a atual situação política e moral de Portugal. Por incrível que pareça, a pátria do escritor José Saramago (prêmio Nobel de literatura) que nos colonizou, hoje, está bem a nossa frente, no que tange à velocidade de investigação da Justiça sobre a corrupção nas altas esferas do Poder. Pelo que foi noticiado na imprensa, “o primeiro ministro e ex-chefe do governo Português, José Sócrates, encontra-se encarcerado desde Novembro do ano passado”.

Material farto colhido dos escaninhos de nossa história descrevem o grito da independência do Brasil dado por D. Pedro I como uma farsa mal ensaiada nos idos de setembro de 1822. Longe da farsa de quase duzentos atrás, o que se sabe é que Portugal e não o Brasil, hoje, é quem corre mais célere no corte dos laços que uniam a corrupção de lá à nossa.

O professor Paulo Morais, membro da Transparência Internacional, afirma que os laços de Portugal com o Brasil e Angola nunca estiveram tão fortemente ligados: as maiores empresas da ex-colônia investigadas pela operação Lava Jato são as mesmas que estavam envolvidas nos escândalos em Portugal e na África.

O certo é que as autoridades portuguesas, através da “Operação Marquês”, vêm dando uma aula à ex-colonia portuguesa da América do Sul de como se amputa o mal sem crise institucional. Lá, não se ficou a patinar para frente e para trás, sem chegar ao Topo da Organização. Pelas terras que já foram do português Dom João VI, por enquanto, tudo caminha a passo de tartaruga, em nome da tal governabilidade, que para alguns tem outro nome.



Por Levi B. Santos
Guarabira, 07 de setembro de 2015


02 setembro 2015

O Teólogo e o Analista ― Ou “No Início era O Desejo”







Ao abordar o tema dos Desejos Humanos, o Teólogo e o Analista constroem, enfim, uma ponte sobre o vazio instalado entre a Psicologia e a Teologia. Agora, sempre que tiram férias na mesma época do ano, reservam alguns dias para atualizar suas conversações. Como filhos de pais religiosos fundamentalistas, beberam da mesma fonte, da mesma tradição. Jamais seus pais e avós poderiam admitir uma aproximação entre a Teologia e a Psicanálise. Seus preceptores consideravam que o diálogo entre essas duas instâncias era coisa do Diabo. Acreditavam que o psiquiatra ou analista da alma ao sondar as profundezas do devoto, estava lhe roubando o que denominavam Pai que está nos céus”.

Nesse encontro, o Analista e o Teólogo debruçam-se sobre o tema “Desejos”. Tomados por um reencantamento, se religam e fazem uma releitura para além da fixidez pétrea e literal dos signos bíblicos que o fundamentalismo religioso tanto prega e defende.

Teólogo:

Você, em suas argumentações, sempre reforça que a função do Analista se concentra na ausculta da pessoa, não no sentido de atender todos seus desejos, mas para esclarecê-los, deslocá-los do contexto da narrativa ouvida. Gostaria de saber mais sobre sua Ciência e sua relação com os desejos humanos.

Analista:

Primeiramente quero salientar que o campo de batalha em que trabalhamos é o mesmo da Teologia: a alma humana com suas idiossincrasias. Ou seja, por caminhos diferentes mas não excludentes, tratamos da incompletude do Desejo humano. Temos em comum o fato de ter por objeto a palavra trocada entre dois indivíduos.

Teólogo:

Entendo, entendo: trabalhamos com o mesmo material a palavra, o verbo. Em meus sermões adoro abordar o prólogo do evangelho de João. Vejo que ele diz muito da experiência advinda da mão dupla da palavra. Não sei se este prólogo tem alguma coisa a ver com a relação entre o analista e o analisando.

Analista:

Sobre o fenomenal prólogo grego a que você frisou, eu diria que, primeiro, veio o desejo para depois surgir a palavra. O “Verbo” do prólogo joanino alude ao desejo que, na análise psíquica moderna, Lacan conceituou “Desejo do Grande-Outro”. Desejo que nos fundou lá no início do nosso desenvolvimento e continua a agir nos encontros nossos de cada dia.

Teólogo:

Deixa eu refletir com os meus botões. Quer dizer que na sua concepção o prólogo ficaria assim: “No princípio era o Desejo, e o Desejo estava com Deus, e o Desejo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. […] E o Desejo se fez carne e habitou entre nós”. É, o desejo como centro de tudo, faz sentido. Como você explicaria a dinâmica do Desejo na figura de Cristo retratada nos evangelhos, uma vez que Ele como Filho, abdica de seu próprio desejo para se submeter ao desejo do Pai?

Analista:

De certa forma, o filho é objeto do desejo dos Pais. Ou seja, o filho é moldado e programado pelos seus pais, antes de tomar qualquer iniciativa como ser vivente. Antes de ter desejos, o filho, ainda em vida intrauterina, já é objeto de preocupação dos pais. Enfim, são eles que dão nome aos filhos para chamá-los de “seu”. A submissão ao desejo de um pai-poderoso que nomeia seus rebentos constitui a tônica nos processos iniciais do desenvolvimento humano. Esse Arquétipo Patriarcal (Deus da religião, o “Grande Outro” de Lacan, o Pai da Horda de Freud, o Numinoso e Transcendente de Jung), em nível inconsciente, nunca deixará de emitir suas ressonâncias na idade adulta do indivíduo. As entrelinhas da narrativa dos Evangelhos mostram um Messias, em seus últimos momentos, irremediavelmente separado do Pai. Pai que interdita o desejo da completude impossível presente no Filho. Mesmo no tormento de sua carne a caminho do Gólgota, esse Filho aspirava reencontrar em glória o corpo do Pai-Simbólico.

Teólogo:

Pelo que acabo de ouvir de sua parte, o signo “Pai-Poderoso” de que trata a religião, sob uma nova roupagem, aparece também em seu trabalho de ausculta do outro. Não é isso?

Analista:

É evidente que Ele aparece sob a forma de um arquétipo na realidade psíquica de meus pacientes!. Na minha opinião, o cristianismo é a religião que mais acentua o impacto da função paterna sobre o ser humano. A primeira identificação do filho é com o pai. Como o pai tem sua face amorosa e sua face aterrorizante, o filho vai herdar a ambivalência paterna (amor e ódio). Na verdade quando o filho se revolta, não é contra o pai, é sim contra sua face autoritária, que o infunde medo. Em suma, o que o filho quer, é não ser contrariado em seus anseios.

Teólogo:

Refletindo bem, não há como negar que o desejo do Filho (Cristo) na agonia da morte, não se coadunava com o desejo do Pai, a que você denomina de Arquétipo Patriarcal. Quer dizer, então, que Cristo abdicou de seu desejo, por um Desejo imperativo que jorrava de uma instância que vocês denominam, Psique, que tem para nós o significado de sede da alma?

Analista:

Desejos e contra-desejos são polos que fundamentam a ambivalência humana. Quanto a esse fenômeno, Cristo não foi diferente de nós. A Religião e suas có-irmãs, Filosofia e a Psicologia falam dos atributos da alma, cada instância com o seu modo peculiar de percepção. A alma vem de ânimus, que no latim e em todas as línguas que dela derivam tem o mesmo significado: “Aquilo que anima”. E o que anima o homem, por acaso, não é o desejo?

Teólogo:

Essa sua fala foi a senha para trazer à minha mente uma frase de Publius Ovídius Naso (43 a C.): “Teu destino é mortal mas não é mortal o que desejas”. Achei esta metáfora bem de acordo com a sua versão do prólogo atribuído ao apóstolo João: àquilo que nunca morre no sujeito é o “desejo que se faz carne para habitar entre nós”

Analista:

Em um de seus seminários, Jacques Lacan, que fez a releitura das obras de Freud, toma emprestado da religião a expressão O Nome do Pai para, diferentemente de Freud, sondar os conceitos teológicos da religião cristã aproximando-os do campo psicanalítico. Na figura paterna, que tem o poder de nomear, reside a força da Lei. É esta força que impede o sujeito de morrer de uma overdose de desejos. É permitido a ele apenas sonhar com o “desejo de ser completo”. Só o Desejo, que no início fundou a criatura humana, pode dizer: “Eu sou o que sou!”.

Teólogo:

Um desejo que fundou a criatura humana...”, aparentemente parece não fazer sentido. Gostaria de ouvir mais sobre esse desejo que não vem de nós.

Analista:

Toda a criatura é atravessada por um desejo materializado no corpo humano, e intermediado pela palavra. A Psicanálise corrobora com a essência do prólogo grego de João, na medida em que admite a existência de um desejo se sobrepondo à nossa vontade. Um desejo que se fez gerado em nossa carne mesmo antes de termos consciência.

Teólogo:

Se há um desejo paterno que nos condiciona, não podemos dizer que somos livres. Seria o caso de concluir que o ser humano está sempre vivenciando uma forma de escravidão?

Analista:

Liberdade no sentido absoluto do termo é uma ilusão. Quando meus analisandos, no calor das descobertas sobre si mesmo, dizem “eu tomei a livre decisão sobre determinado problema”, eu os levo a reflexão, fazendo a seguinte objeção: “Quando acreditamos que tomamos decisões livres, algo nos aconteceu que as orientou antes de agirmos”.

Teólogo:

A sua fala, dessa vez, fez evocar em mim uma expressão que sempre ouvia nos acalorados debates sobre a liberdade do homem, quando fazia Teologia. Acho que era “Servo-arbítrio”, uma obra de Lutero datada de 1525, onde refutava violentamente o livro “Sobre o Livre-Arbítrio”, de Erasmo de Roterdam. Discutia-se muito se somos “senhores do desejo” ou “servos do desejo”.

Analista:

E aí, a Dialética entre “o Senhor e o Escravo” de Hegel, levado para o campo das metáforas, interessa tanto a psicanálise quanto à Teologia, e cairia bem como tema de nosso próximo encontro.

Teólogo:

Ótimo! Sem dúvida, será um bom tema para nossas próximas férias.



Por Levi B. Santos
Guarabira, 02 de setembro de 2015

Site da Imagem: apsicologiaonline.com.br