No
Brasil tornou-se uma prática comum: quando a coisa aperta para o
lado do Governo, recorre-se sempre ao Centrão. O presidente
Bolsonaro antes de tomar a decisão de render-se aos da política do
Toma Lá Dá Cá, afirmou: “Vou encarar com
naturalidade qualquer negociação de cargos na administração
pública federal”. Uma prova disso é que, ultimamente, tem
mantido contatos com o personagem da velha política, Roberto Jefferson (condenado no Mensalão), além de outros do bloco denominado, “Baixo Clero”,
no Congresso.
O
Centrão, como se sabe, desde o tempo de Sarney tem socorrido todos
os presidentes da república, e não poderia ser diferente com o
governo atual, apesar de o presidente, em um showmício recente,
afirmar em alto e bom som o surrado e velho refrão: “Acabou a Patifaria!”.
O
Posto Ypiranga (Guedes) não gostou nem um pouquinho da guinada do
presidente, pela simples razão de ver nessa mudança brusca um
convite à farra com o dinheiro público.
Nos últimos momentos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem recebendo afagos e, conversa vai conversa vem, quem sabe, pode se render ao óbvio contido nessa antológica frase - "Tudo Como Dantes no Quartel D'Abrantes" - lema que, desde tempos imemoriais, já vinha se tornando símbolo representativo da nascente república das bananas, principalmente, no que tange ao desejo promíscuo de fundir a esfera pública com a esfera privada.
Numa época de tanto descaramento e de tantas transações tenebrosas, não poderia deixar de trazer, aqui, trechos do diálogo entre Júpiter (o Grande Pai e Rei dos deuses menores de Roma), seu filho Marte (Deus da Guerra) e Apolo (Deus do Sol e da Profecia), escrito pelo grande romancista e cronista político do Rio de Janeiro, Machado de Assis. Em "Os Deuses de Casaca" ele retrata muito bem as cenas burlescas e nada republicanas de seu tempo na cidade maravilhosa. Na verdade, as cenas do passado, sem tirar nem por, são as mesmas dos sombrios dias atuais, exibidas de forma grotesca no Olimpo de Brasília.
A seguir, alguns trechos da memorável obra Machadiana, "Os Deuses de Casaca":
Nos últimos momentos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem recebendo afagos e, conversa vai conversa vem, quem sabe, pode se render ao óbvio contido nessa antológica frase - "Tudo Como Dantes no Quartel D'Abrantes" - lema que, desde tempos imemoriais, já vinha se tornando símbolo representativo da nascente república das bananas, principalmente, no que tange ao desejo promíscuo de fundir a esfera pública com a esfera privada.
Numa época de tanto descaramento e de tantas transações tenebrosas, não poderia deixar de trazer, aqui, trechos do diálogo entre Júpiter (o Grande Pai e Rei dos deuses menores de Roma), seu filho Marte (Deus da Guerra) e Apolo (Deus do Sol e da Profecia), escrito pelo grande romancista e cronista político do Rio de Janeiro, Machado de Assis. Em "Os Deuses de Casaca" ele retrata muito bem as cenas burlescas e nada republicanas de seu tempo na cidade maravilhosa. Na verdade, as cenas do passado, sem tirar nem por, são as mesmas dos sombrios dias atuais, exibidas de forma grotesca no Olimpo de Brasília.
A seguir, alguns trechos da memorável obra Machadiana, "Os Deuses de Casaca":
― Oh!
Por mim, ando na pista de um Congresso geral. Quero, como fogo e
arte, mostrar que sou aquele antigo Marte – que
as guerras inspirou de Aquiles e de Heitor. Mas por agora nada! É
desanimador o estado desse mundo. A guerra, o meu ofício, é o
último caso, antes vem o artifício. Diplomacia é o nome; a
coisa é o mútuo engano. Matam-se, mas depois de um labutar insano.
Discutem, gastam o tempo, cuidado e talento, O talento e o
cuidado é ter astúcia e tento. […] A tolice no caso é falar
claro e franco.
― Que
acontece daqui? É que nesta Babel reina em todos e em tudo uma
coisa – o papel. É esta a base o meio e o fim. O grande
rei é o papel. Não há outra força, outra lei. A fortuna o que é?
Papel ao portador.
A
honra é de papel; é de papel o amor. O valor já não é aquele
ardor aceso, tem duas divisões – é de almaço ou de peso.
Enfim,
por completar esta horrível Babel, a moral de papel faz guerra de
papel.
Por
Levi B. Santos
Guarabira,
29 de abril de 2020
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