02 maio 2020

O QUE HÁ POR TRÁS DO ─ “QUEM MANDA SOU EU!”




Essa frase ameaçadora faz parte do arsenal de jargões usados recentemente pelo presidente da república. Na verdade, esse grito ameaçador só pode partir de quem gostaria de MANDAR, mas não tem a mínima estatura moral para tal feito.

Aliás, se o presidente tivesse um pouco de tirocínio, iria entender que ele é um servidor público e, como qualquer funcionário público tem o dever, não de MANDAR, mas de SERVIR ao povo brasileiro. Portanto, ele é SERVO e não SENHOR, e estamos conversados.

A dupla da MPB, Baden Powel e Vinícius de Morais, cantando um de seus memoráveis sambas, já frisava ─ “o homem que diz sou, não é” ─, até porque aquele que é poderoso não precisa alardear aos quatros cantos que é ele quem manda, o que, definitivamente, não é o caso do neófito que está desonrando a cadeira presidencial com suas asneiras expostas diariamente nos meios de comunicação. A cada declaração estapafúrdia que o insensato faz, é um tiro que dá no próprio pé, e tome crise atrás de crise no auge de uma Pandemia que ele nega e boicota, incitando a população a não reconhecer como verdadeiros os protocolos médicos do Ministério da Saúde e da OMS. Por sua vez, os ativistas que se submeteram a uma lavagem cerebral sem precedentes, de forma histérica e idólatra o aplaudem e o adoram como se ele fosse o valioso Bezerro de Ouro erigido no deserto do Sinai pelo desobediente e frustrado povo Hebreu.

O que leva o presidente a usar com frequência o brado “Quem Manda Sou Eu!”, senão o desejo insano de fazer do palácio da Alvorada um puxadinho de sua casa. Indubitavelmente, a mistura maléfica do público com o que é privado se constitui uma das práticas criminosas que está levando o governo à decadência moral. A cadeira presidencial não pode ser trocada por um sofá presidencial para acomodar seus inconvenientes filhos, ainda mais na condição de investigados por promotores e Congresso.

Recentemente, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi pressionado pelo presidente para trocar o superintendente da Polícia Federal, Maurício Valeixo, por outro policial federal mui amigo de balada de seus intragáveis filhos (alvo de inquéritos em andamento na corporação). Moro, ao argumentar que o que o presidente estava propondo ali era uma interferência política, recebeu na cara, de forma ríspida e descarada um: é isso mesmo!”, expressão, que não deixa de ser um derivativo do surrado bordão “Quem Manda Sou Eu!”.

Segundo o professor e psicanalista, Mário Corso, as reações exacerbadas do presidente são consequência de uma fragilidade. O sujeito se sente inferiorizado e ataca. Sai em ataque de tudo, mas justamente pela fraqueza intelectual dele. Quando não tem argumento, troca de assunto chutando canelas do adversário. Ele não tem discussão nenhuma. Só ataca o adversário porque ele é consciente da sua fragilidade intelectual”.

Quando o presidente lança na cara do interlocutor o tradicional “Quem Manda Sou Eu!, está agindo em defesa de seu próprio EGO, ou seja, ao lançar mão de um escudo de proteção, ele, inconscientemente, está a reprimir ou recalcar fatos inconfessáveis e crimes não ditos em um abismo secreto de sua psique. Para os que sofrem de infantilismo e insegurança neurótica, o ATAQUE, representado pelo brado ameaçador em pauta, é, ao mesmo tempo, arma de DEFESA.


Por Levi B. Santos
Guarabira, 02 de maio de 2020



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