03 abril 2020

MORRER DE MIM


Se eu morresse, e não morresse de mim
Morreria do que eu não sou.
Posso eu, morrer só de mim?
Quando em mim morre o que não sou?


Se eu morrer como eu quero morrer
Minha morte será a tua dor.
Se eu morrer, como é teu querer,
Não morri, para te vivo estou.


Se então na verdade eu morrer,
Noutra vida serei sempre assim,
Pois eu morro de todo o meu ser
E já não posso mentir para mim.


Como eu quero na verdade morrer,
Esta morte é mentira p’ra ti.
Pois não morro como queres ver,
Minha morte não podes sentir.


Se na vida eu representei,
Desta morte eu não posso calar.
Pois em mim morre tudo que sei,
Já não posso mais representar.


Morto. Fica o que pensam de mim.
Minha essência tornou-se finita.
Exauriu-se chegando ao fim,
Só deixando aqui esta escrita


Na verdade aqui tem dois mortos:
Um que fica e outro que vai.
É um falso ficando para os outros
E um real, que comigo se esvai.


Por Levi B. Santos



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